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O salma£o criado em cativeiro na natureza pode fazer mais mal do que bem
Ha¡ muito se supaµe que peixes selvagens e nascidos em cativeiro são
Por Marlowe Hood - 21/10/2020


Em média, o salma£o criado em incubadoras na bacia hidrogra¡fica de Burrishoole, na Irlanda, produziu apenas um tera§o da prole no Atla¢ntico Norte em comparação com peixes selvagens

A liberação de salmaµes do Atla¢ntico criados em cativeiro no oceano, uma prática de longa data para aumentar os estoques para a pesca comercial, reduz a taxa de reprodução das populações selvagens e pode, em última insta¢ncia, fazer mais mal do que bem, alertaram pesquisadores na quarta-feira.

Em média, salma£o nascido em incubadoras em Burrishoole captação da Irlanda produziu apenas um tera§o como muitos descendentes no Atla¢ntico Norte em comparação com peixes selvagens , de acordo com um estudo realizado em biológicas investigação revista da Sociedade Real Proceedings da Royal Society B .

"Na³s também mostramos que - nos anos em que vocêtem uma maior contribuição do salma£o do Atla¢ntico criado em cativeiro - a capacidade da população como um todo de produzir mais peixes selvagens éreduzida nos anos subsequentes", autor principal Ronan James O ' Sullivan, um bia³logo evoluciona¡rio da University College Cork, disse a  AFP.

Ha¡ muito se supaµe que peixes selvagens e nascidos em cativeiro são "ecologicamente equivalentes", mas a nova pesquisa mostra o contra¡rio.

Os peixes criados por qualquer período de sua vida em um ambiente de aquicultura, ao que parece, mudam de alguma forma em comparação com suas contrapartes selvagens.

Queda de produtividade

"Vocaª não estãosubstituindo semelhante por semelhante", disse O'Sullivan por telefone.

"O que érealmente preocupante éque, com o aumento da proporção de reprodutores nascidos em cativeiro, a produtividade de uma população" - a taxa em que ela se reproduz - "diminui linearmente."

"Isso significa que quando vocêtem uma população sauda¡vel e autossustenta¡vel de salma£o, não háumnívelseguro para armazenar peixes", acrescentou.

A estocagem de salma£o na natureza já ocorre háquase 150 anos no norte do Paca­fico e do Atla¢ntico, onde várias espanãcies de peixes altamente apreciados são endaªmicas.

Por décadas, os cientistas marcaram e coletaram amostras genanãticas de praticamente todos os salmaµes que passam pela bacia hidrogra¡fica de Burrishoole, um labirinto de lagos e cursos d' águano oeste da Irlanda.

Ao contra¡rio dos salmaµes cultivados, que passam a vida inteira em instalações de aquicultura, os peixes criados em cativeiro são soltos na natureza como juvenis, ou smolts.

Geneticamente programados para nadar rio abaixo atéo oceano, eles passam algum tempo se alimentando e - se sobreviveram - retornam a  mesma bacia para desovar.
 
Eles são canalizados para uma armadilha e identificados.

O salma£o selvagem pode continuar sua odissanãia impulsionada pelo instinto rio acima para botar ovos e - no caminho de volta para o oceano - entrar em uma armadilha separada, onde também são geneticamente catalogados.

Hoje em dia, os peixes criados em cativeiro são impedidos de mover-se rio acima para segrega¡-los dos peixes selvagens, mas as políticas anteriores resultaram nos dois grupos tendo a oportunidade de acasalar juntos na natureza.

Salma£o em uma fazenda de salma£o norueguesa

"Como podemos rastrear o pedigree genanãtico dos peixes ao longo de gerações, podemos contar o número de descendentes que um determinado peixe teve", explicou O'Sullivan.

Os cientistas também podem diferencia¡-los visualmente porque os peixes nascidos em cativeiro tem uma barbatana aparada e uma etiqueta de metal no nariz.

Com a mudança climática, uma 'tempestade perfeita'

Existem várias explicações possa­veis para o motivo pelo qual o salma£o criado em incubadoras muda tão rapidamente - em aparente detrimento das populações selvagens .

O primeiro égenanãtico.

"Os peixes criados em cativeiro não estãomais escolhendo com quem acasalar - são os gerentes do incubata³rio que decidem", disse O'Sullivan.

Além disso, esses casamenteiros profissionais estãoselecionando a partir de um pequeno subconjunto da população selvagem com um pool de genes muito limitado.

Isso significa a perda da diversidade genanãtica com cada evento de reprodução, especialmente porque os pra³prios peixes selecionados nasceram em incubadoras.

Isso poderia levar, especulou O'Sullivan, ao silenciamento ou mutação de genes aºteis para a sobrevivaªncia na natureza, como aquele que sinaliza quando o salma£o deve emergir de seu torpor de inverno.

Tambanãm pode haver um efeito ecola³gico.

Embora o salma£o criado em cativeiro tenha provado ser menos apto na natureza, a ausaªncia de predadores a  medida que crescem em incubata³rios antes de serem soltos os torna maiores e as faªmeas produzem mais ovos.

"Os filhos nascidos na natureza podem simplesmente ser superados em número e substitua­dos pelos nascidos em cativeiro", disse O'Sullivan.

Finalmente, a explicação para a diferença entre o salma£o selvagem e o criado em incubadoras pode estar no reino da epigenanãtica, que são efeitos não genanãticos que podem, no entanto, ser herdados. Essa possibilidade, no entanto, permanece puramente especulativa por enquanto.

Olhando para o futuro, O'Sullivan também se preocupa com o impacto dasmudanças climáticas.

Pesquisas anteriores já estabeleceram uma ligação entre o aquecimento das a¡guas dos rios no norte da Espanha e no sul da Frana§a e a extinção local do salma£o do Atla¢ntico nessas regiaµes.

"Se o aumento das temperaturas tornar os rios da Irlanda menos via¡veis ​​para os peixes viverem, juntamente com o fato de que os rios estãoproduzindo menos peixes por causa das políticas de estocagem, então seria uma tempestade perfeita", disse O'Sullivan.

 

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