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Planos de reflorestamento na áfrica podem dar errado
Envolvendo cerca de 30 pesquisadores, vários da própria áfrica, o estudo foi publicado esta semana nos Proceedings of the National Academy of Science.
Por Universidade de Montreal - 28/10/2020


Doma­nio paºblico

O estado dos ecossistemas maduros deve ser levado em consideração antes do lana§amento de grandes planos de reflorestamento na áfrica Subsaariana, de acordo com a geoecologista Julie Aleman, pesquisadora visitante do departamento de geografia da Universitéde Montranãal.

"Os biomas da regia£o que estudamos, que inclui todos ospaíses ao sul do Saara, são divididos em dois tipos bastante distintos: savana em cerca de 70 por cento e floresta tropical no restante", disse Aleman, co-autor de um importante artigo estudo sobre biomas africanos.

Envolvendo cerca de 30 pesquisadores, vários da própria áfrica, o estudo foi publicado esta semana nos Proceedings of the National Academy of Science.

"Quando analisamos a assembleia de espanãcies de a¡rvores em cada bioma, descobrimos que cada uma éextremamente diferente", disse Aleman. “Além disso, se olharmos de perto a história desses biomas, percebemos que eles tem estado bastante esta¡veis ​​por 2.000 anos. O reflorestamento com espanãcies de florestas tropicais em áreas mais associadas a savanas seria, portanto, um erro.”

Sem querer apontar o dedo aospaíses que podem cometer esse erro, Aleman destacou que os planos de reflorestamento incluem o plantio de bilhaµes de a¡rvores. Mesmo que a intenção seja boa, ospaíses devem tentar evitar a criação artificial de florestas tropicais onde as savanas tem dominado por vários milaªnios, disse ela.

Além disso, a escolha das espanãcies selecionadas édecisiva. As aca¡cias estãomais associadas a ambientes abertos, por exemplo, enquanto as a¡rvores de celtis são especa­ficas das florestas. Em alguns casos, as plantações de eucalipto provaram ser "desastres ecola³gicos", segundo Aleman.

Rastreando o passado

Ela trabalha no laboratório de paleoecologia da UdeM, cuja missão sob o diretor Olivier Barquez éreconstituir o passado dos biomas. A principal colaboradora de Aleman, Adeline Fayolle, professora da Universidade de Liege, na Banãlgica, reuniu os dados flora­sticos (listas de espanãcies de a¡rvores) para o novo estudo.

“Para isso, realizamos uma espanãcie de mineração de dados a  moda antiga, no sentido de que analisamos uma grande quantidade de dados existentes, publicados e a s vezes arquivados em documentos esquecidos, enterrados em poeira, bem como dados recentemente adquiridos em campo , para tentar entender a história da regia£o ", disse Aleman.

O estudo leva em consideração dados flora­sticos, ambientais e paleoecola³gicos para melhor compreender o funcionamento ecola³gico das florestas e savanas, auxiliado pela análise de 753 sa­tios em ambos os ambientes. Os fatores ambientais de maior impacto nesses ambientes são as chuvas e sua sazonalidade, bem como a temperatura, descobriram os pesquisadores.

Um dos fena´menos mais marcantes no cerrado éa frequência das perturbações que os afetam. Os galhos podem queimar atétrês vezes por ano em alguns lugares, por exemplo. Para proteger a saúde pública, os governos locais a s vezes querem limitar esses incaªndios. Essas decisaµes são lega­timas, mas podem ter consequaªncias ecola³gicas significativas, afirmam os coautores.

Isso porque, na maioria das vezes, as a¡rvores grandes não são afetadas pelas chamas e as cinzas regeneram o solo.

Quase sem vida selvagem

O impacto da atividade humana pode ser visto onde quer que os pesquisadores realizem suas pesquisas, mas principalmente na Tanza¢nia, no Congo e na República Centro-Africana. Em alguns casos, algumas áreas estãoquase sem vida selvagem.

Já em 2017, quando publicou um artigo na edição africana da plataforma online The Conversation, Aleman tem tentado constantemente alertar a opinia£o pública para as ameaa§as aos ecossistemas africanos. A conversa.

Ela acredita que a situação não édesesperadora, mas que os governos devem ter cuidado na forma de intervir para não piorar as coisas. Aleman espera que o novo estudo leve a uma melhor compreensão da realidade biológica do continente africano.

"Esta éuma contribuição bastante tea³rica", disse ela, "mas acredito que podemos usa¡-la para informar as políticas de reflorestamento."

 

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