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2020 empata com 2016 como os anos mais quentes já registrados
Os seis anos desde 2015 são os seis mais quentes já registrados, assim como 20 dos últimos 21, evidência de uma tendaªncia persistente e de aprofundamento, informou o Copernicus Climate Change Service (C3S).
Por Marlowe Hood - 08/01/2021


Os seis anos desde 2015 são os seis mais quentes já registrados, assim como 20 dos últimos 21, evidência de uma tendaªncia persistente e aprofundada

2020 empatou 2016 como o ano mais quente já registrado, disse o serviço de monitoramento do clima da Unia£o Europeia na sexta-feira, mantendo a Terra em um caminho acelerado de aquecimento global que pode devastar grandes áreas da humanidade.

Os seis anos desde 2015 são os seis mais quentes já registrados, assim como 20 dos últimos 21, evidência de uma tendaªncia persistente e de aprofundamento, informou o Copernicus Climate Change Service (C3S).

O recorde do ano passado - 1,25 grau Celsius acima dos na­veis pré-industriais - foi ainda mais alarmante porque veio sem a ajuda de um evento meteorola³gico natural peria³dico conhecido como El Nia±o, que somou dois danãcimos de grau a a média de 2016, de acordo com a NASA e o Met Office da Gra£-Bretanha.

"a‰ bastante claro que, na ausaªncia dos impactos de El Nia±o e La Nia±a nas temperaturas ano a ano, 2020 seria o ano mais quente já registrado", Zeke Hausfather, diretor de clima e energia do Breakthrough Institute em Oakland, Califórnia , disse a  AFP.

Durante um El Nia±o, que ocorre a cada dois a sete anos, as a¡guas quentes dasuperfÍcie do Oceano Paca­fico tropical podem aumentar as temperaturas globais. La Nia±as - como a que estãoem andamento - tem o efeito de resfriamento oposto.

"2020 se destaca por seu calor excepcional", disse o diretor da C3S, Carlo Buontempo.

Com pouco mais de 1 ° C de aquecimento atéagora, o mundo já viu um crescendo de
secas mortais, ondas de calor, chuvas que induzem inundações e supertempestades que
se tornam mais destrutivas com a elevação dos mares

"Este émais um lembrete da urgência de reduções ambiciosas de emissaµes para evitar impactos clima¡ticos adversos no futuro."

Em 2015, as nações do mundo prometeram limitar o aquecimento global "bem abaixo" de 2C e 1,5C, se possí­vel.

Um relatório subsequente do painel consultivo de ciências climáticas da ONU, o IPCC, não deixou daºvidas de que 1,5ºC era o limite mais seguro.

Com pouco mais de 1 ° C de aquecimento atéagora, o mundo tem visto um crescendo de secas mortais, ondas de calor, chuvas que induzem inundações e supertempestades tornadas mais destrutivas pelo aumento do mar.

2020 testemunhou um número recorde, por exemplo, de furacaµes no Atla¢ntico - tantos que a Organização Meteorola³gica Mundial (OMM) ficou sem letras no alfabeto para nomea¡-los.

'Feche a torneira'

Algumas regiaµes experimentaram, no ano passado, um aquecimento bem acima da média global, de acordo com o relatório Copernicus, baseado principalmente em dados de satanãlite.

Emissaµes globais de carbono em 2018, mudança de 10 anos e emissaµes desde 1960
para os 10 principais emissores

A temperatura média dasuperfÍcie da Europa em 2020 foi de 2,2 ° C em relação ao benchmark pré-industrial - e quase meio grau acima de 2019, o ano recorde anterior.
 
O aquecimento na regia£o a¡rtica foi ainda mais espetacular, com o norte da Sibanãria e partes do pra³prio artico quase 7 ° C acima dos na­veis de meados do século XIX.

Incaªndios florestais em toda a Sibanãria duraram atéo outono e liberaram um recorde de 250 milhões de toneladas de dia³xido de carbono na atmosfera, o equivalente a s emissaµes anuais da Espanha, Egito ou Vietna£, e um tera§o a mais do que em 2019, o ano recorde anterior.

Os na­veis de CO2 na atmosfera terrestre atingiram um pico de 413 partes por milha£o, quase 50% a mais do que no ini­cio do século 18, antes que a queima de combusta­vel fa³ssil comea§asse a carregar os canãus com gases de efeito estufa que retem o calor, relatou o C3S.

Esses na­veis sem precedentes foram alcana§ados apesar de uma queda de 7% nas emissaµes devido aos bloqueios de pandemia.

"Como o CO2 se acumula na atmosfera como a águaem uma banheira, se fecharmos a torneira em 7%, onívelde CO2 aumenta um pouco mais devagar", Stefan Rahmstorf, chefe de análise do sistema da Terra no Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto Clima¡tico , disse a  AFP.

"Precisamos fechar a torneira para conseguir um clima esta¡vel novamente."

As emissaµes globais estavam em uma tendaªncia de aumento constante até2019, e ainda não estãoclaro se a humanidade retornara¡ ao "business as usual" ou comea§ara¡ a reduzir a poluição por carbono com rapidez suficiente para evitar impactos clima¡ticos catastra³ficos.

Mesmo se todas as nações cumprirem as promessas apresentadas em anexo ao Acordo de Paris de 2015, o planeta ainda esquentara¡ mais de 3ºC no final do século.

"O mundo estãoaquecendo a uma taxa constante de cerca de 0,2 ° C por década desde 1970 devido a s emissaµes humanas de CO2 e outros gases de efeito estufa", observou Hausfather.

"Se continuarmos em nossa taxa atual, passaremos de 1,5 ° C em meados da década de 2030."

 

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