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O cataclismo que matou os dinossauros
Nova teoria explica a possí­vel origem do impactor Chicxulub em queda que atingiu o Manãxico
Por Juan Siliezar - 17/02/2021


Cortesia

Tinha dezenas de quila´metros de largura e mudou para sempre a história quando caiu na Terra hácerca de 66 milhões de anos.

O impactador Chicxulub, como éconhecido, foi um astera³ide ou cometa em queda livre que deixou para trás uma cratera na costa do Manãxico que se estende por 93 milhas e chega a 12 milhas de profundidade. Seu impacto devastador trouxe o reinado dos dinossauros a um fim abrupto e calamitoso, dizem os cientistas, ao desencadear sua extinção em massa repentina, junto com o fim de quase três quartos das espanãcies de plantas e animais que então viviam na Terra.

O quebra-cabea§a duradouro sempre foi onde o astera³ide ou cometa se originou e como ele atingiu a Terra. E agora dois pesquisadores de Harvard acreditam ter a resposta.

Em um estudo publicado na Scientific Reports, Avi Loeb , Frank B. Baird Jr. Professor de Ciências em Harvard e Amir Siraj '21, um concentrador de astrofa­sica, propuseram uma nova teoria que poderia explicar a origem e jornada deste objeto catastra³fico e outros gostam.

Usando análises estata­sticas e simulações gravitacionais, Loeb e Siraj afirmam que uma fração significativa de um tipo de cometa origina¡rio da nuvem de Oort, uma esfera de detritos na borda do sistema solar, foi desviado do curso pelo campo gravitacional de Jaºpiter durante sua a³rbita e enviado perto do sol, cuja força da maréquebrou pedaço s da rocha. Isso aumenta a taxa de cometas como Chicxulub (pronuncia-se Chicks-uh-lub) porque esses fragmentos cruzam a a³rbita da Terra e atingem o planeta uma vez a cada 250 a 730 milhões de anos ou mais.

“Basicamente, Jaºpiter atua como uma espanãcie de ma¡quina de pinball”, disse Siraj, que também éco-presidente da Harvard Students for the Exploration and Development of Space e estãocursando mestrado no New England Conservatory of Music. “Jaºpiter chuta esses cometas de longo período que chegam em a³rbitas que os trazem muito perto do sol.”

a‰ por isso que os cometas de longo período, que levam mais de 200 anos para orbitar ao redor do sol, são chamados de pastores solares, disse ele.

“Quando vocêtem esses herba­voros solares, não étanto o derretimento que ocorre, que éuma fração bem pequena em relação a  massa total, mas o cometa estãotão perto do sol que a parte que estãomais perto do sol parece mais forte atração gravitacional do que a parte que estãomais longe do sol, causando uma força de maré”, disse ele. “Vocaª tem o que échamado de evento de interrupção das maranãs e, portanto, esses grandes cometas que chegam muito perto do Sol se dividem em cometas menores. E, basicamente, ao sair, háuma chance estata­stica de que esses cometas menores atinjam a Terra. ”

Os ca¡lculos da teoria de Loeb e Siraj aumentam as chances de cometas de longo período impactarem a Terra por um fator de cerca de 10, e mostram que cerca de 20 por cento dos cometas de longo período tornam-se pastores solares. Essa descoberta estãode acordo com pesquisas de outros astra´nomos.

A dupla afirma que sua nova taxa de impacto éconsistente com a idade de Chicxulub, fornecendo uma explicação satisfata³ria para sua origem e outros impactadores semelhantes.

Avi Loeb. Compreender o impactador Chicxulub não éapenas crucial para resolver um
mistério da história da Terra, mas pode ser crucial se tal evento vier a ameaa§ar o planeta
novamente, afirma Avi Loeb, Frank B. Baird Jr. Professor de Ciências em Harvard.
Foto de arquivo de Kris Snibbe / Harvard

“Nosso artigo fornece uma base para explicar a ocorraªncia desse evento”, disse Loeb. “Estamos sugerindo que, de fato, se vocêquebrar um objeto conforme ele se aproxima do sol, isso pode gerar a taxa de eventos apropriada e também o tipo de impacto que matou os dinossauros.”

A hipa³tese de Loeb e Siraj também pode explicar a composição de muitos desses impactadores.

“Nossa hipa³tese prevaª que outras crateras do tamanho de Chicxulub na Terra são mais propensas a corresponder a um impactador com uma composição primitiva (condrito carbona¡ceo) do que o esperado dos astera³ides convencionais do cintura£o principal”, escreveram os pesquisadores no artigo.

Isso éimportante porque uma teoria popular sobre a origem de Chicxulub afirma que o impactador éum fragmento de um astera³ide muito maior que veio do cintura£o principal, que éuma população de astera³ides entre a a³rbita de Jaºpiter e Marte. Apenas cerca de um danãcimo de todos os astera³ides do cintura£o principal tem uma composição de condrito carbona¡ceo, embora se presuma que a maioria dos cometas de período longo a possua. Evidaªncias encontradas na cratera Chicxulub e outras crateras semelhantes que sugerem que eles tinham condrito carbona¡ceo.

Isso inclui um objeto que atingiu cerca de 2 bilhaµes de anos atrás e deixou a cratera Vredefort na áfrica do Sul, que éa maior cratera confirmada na história da Terra, e o impactador que deixou a cratera Zhamanshin no Cazaquistão, que éa maior cratera confirmada no último milhões de anos.

Os pesquisadores dizem que as evidaªncias de composição apoiam seu modelo e que os anos em que os objetos atingiram apa³iam seus ca¡lculos sobre as taxas de impacto de cometas do tamanho de Chicxulub interrompidos pelas maranãs e para os menores, como o impactador que fez a cratera Zhamanshin. Se produzidos da mesma maneira, eles dizem que atingiriam a Terra uma vez a cada 250.000 a 730.000 anos.

Loeb e Siraj dizem que sua hipa³tese pode ser testada estudando ainda mais essas crateras, outras como elas, e atéaquelas nasuperfÍcie da lua para determinar a composição dos impactadores. As missaµes espaciais de amostragem de cometas também podem ajudar.

Além da composição dos cometas, o novo Observatório Vera Rubin no Chile pode ser capaz de ver a interrupção das maranãs de cometas de longo período depois que se tornar operacional no pra³ximo ano.

“Devemos ver fragmentos menores chegando a  Terra com mais frequência da nuvem de Oort”, disse Loeb. “Espero que possamos testar a teoria tendo mais dados sobre cometas de longo período, obter estata­sticas melhores e talvez ver evidaªncias de alguns fragmentos.”

Loeb disse que entender isso não éapenas crucial para resolver um mistério da história da Terra, mas pode ser crucial se tal evento vier a ameaa§ar o planeta novamente.

“Deve ter sido uma visão incra­vel, mas não queremos ver esse lado”, disse ele.

Este trabalho foi parcialmente financiado pela Harvard Origins of Life Initiative e pela Breakthrough Prize Foundation.

 

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