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Nova espanãcie de microcrusta¡ceo édescoberta em Iguape (SP)
Para pesquisadora, número de espanãcies conhecidas em a¡guas interiores estãosubestimado
Por Marcos Jorge - 23/02/2021


Nova espanãcie foi encontrada no rio Ribeira de Iguape, no munica­pio de Iguape (SP), durante as atividades de pesquisa da Unesp, ca¢mpus de Registro

Uma parceria entre professores e alunos de três universidades brasileiras resultou na descoberta de um novo microcrusta¡ceo no rio Ribeira de Iguape, no munica­pio de Iguape (SP), durante as atividades de pesquisa coordenada pela professora Giovana Bertini, da Unesp (ca¢mpus de Registro). O projeto tem como foco o levantamento das espanãcies de camaraµes cara­deos e suas formas larvais presente no pla¢ncton do rio Ribeira de Iguape, no litoral sul do estado de Sa£o Paulo.

A espanãcie pertence a  classe Branchiopoda (animais que literalmente respiram pelas patas) e ésubordinada a  superordem Cladocera. Estes animais são conhecidos popularmente como pulgas d’ águae são muito comuns em corpos de águadoce. 

O novo microcrusta¡ceo foi coletado durante a realização do projeto de pesquisa vinculado a  Fapesp e coordenado por Giovana Bertini O material referente ao zoopla¢ncton, entretanto, foi analisado pela aluna do curso de Engenharia Agrona´mica Daniele Bastos de Freitas, durante seu projeto de iniciação cienta­fica, também vinculado a  Fapesp. Na biologia marinha, zoopla¢nctons representam o conjunto dos organismos aqua¡ticos que não tem capacidade fotossintanãtica e que vivem dispersos na coluna de a¡gua, locomovendo-se de acordo com o movimento das a¡guas.

A identificação e descrição morfola³gica da nova espanãcie foi efetuada em parceria com os professores Francisco Diogo R. Sousa, da Universidade Federal de Jataa­ (UFJ) e Gilmar Perbiche Neves, da Universidade Federal de Sa£o Carlos (UFSCar). Segundo os pesquisadores, o nome cienta­fico foi escolhido para homenagear a professora Lourdes Maria Abdu Elmoor-Loureiro, por sua importante contribuição a  ecologia, biogeografia e taxonomia de clada³ceros no Brasil e na Amanãrica do Sul, sendo assim denominada de Macrothrix lourdesae.

local-coleta.jpgLocal da coleta do microcrusta¡ceo, no rio Ribeira de Iguape
(Crédito: Giovana Bertini)

Sobre o projeto

A proposta da pesquisa que encontrou a nova espanãcie édeterminar a composição, a abunda¢ncia e a distribuição Espaço-temporal da comunidade mesozooplancta´nica e, em especial dos clada³ceros presentes no Canal Valo Grande. 

O canal Valo Grande foi construa­do no ini­cio do século XIX e liga o rio Ribeira de Iguape diretamente ao Mar Pequeno. Na anãpoca da construção, o canal tinha quatro metros de largura e dois de profundidade, mas hoje, em virtude do aprofundamento do seu leito e a erosão das suas margens, o Valo Grande tem pontos com quase 300 metros de largura e sete de profundidade.

“Essa alteração tem causado grandes consequaªncias diretas para a fauna e flora de todo o ecossistema, explica a professora do ca¢mpus de Registro, chamando a atenção para a inserção de um grande volume de águano sistema estuarino, provindo do rio Ribeira de Iguape. “Estudos sobre o zoopla¢ncton neste ambiente podem levar a importantes respostas sobre os organismos que la¡ se desenvolvem ou que estãosendo conduzidos para esta regia£o, visto que os estudos anteriores existentes sobre a comunidade zooplancta´nica desta regia£o datam das décadas de 70 e 80”, destaca.

Os clada³ceros são importantes organismos plancta´nicos e litora¢neos (habitat preferencial de M. lourdesae), os quais se alimentam principalmente de algas e servem como alimentos para larvas de peixes e outros invertebrados. Além disso, muitas espanãcies são consideradas como indicadoras de qualidade de a¡gua. Com o levantamento das espanãcies presentes no mesozoopla¢ncton da regia£o de Iguape foram obtidas vinte espanãcies de Cladocera distribua­das em sete fama­lias. O novo clada³cero épertencente a  familia Macrothricidae que foi uma das fama­lias mais diversas, sendo representada por quatro espanãcies.

Bertini explica que para grande parte dos pesquisadores que estudam a biodiversidade em a¡guas interiores no Brasil, éconsenso que o número de espanãcies conhecidas ainda representa, de fato, uma subestimativa da realidade. “A presença de M. lourdesae em um dos estados brasileiros mais bem estudados em relação a fauna aqua¡tica nos mostra que ainda existe uma elevada diversidade de espanãcies a ser descoberta”, destaca a professora.

O artigo cienta­fico com a descrição da espanãcie nova foi publicado na revista Zootaxa, uma das mais importantes sobre a taxnomia de animais. A a­ntegra do artigo pode ser encontrado no link:
https://www.biotaxa.org/Zootaxa/article/view/zootaxa.4926.1.6

 

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