Para pesquisadora, número de espanãcies conhecidas em a¡guas interiores estãosubestimado

Nova espanãcie foi encontrada no rio Ribeira de Iguape, no municapio de Iguape (SP), durante as atividades de pesquisa da Unesp, ca¢mpus de Registro
Uma parceria entre professores e alunos de três universidades brasileiras resultou na descoberta de um novo microcrusta¡ceo no rio Ribeira de Iguape, no municapio de Iguape (SP), durante as atividades de pesquisa coordenada pela professora Giovana Bertini, da Unesp (ca¢mpus de Registro). O projeto tem como foco o levantamento das espanãcies de camaraµes caradeos e suas formas larvais presente no pla¢ncton do rio Ribeira de Iguape, no litoral sul do estado de Sa£o Paulo.
A espanãcie pertence a classe Branchiopoda (animais que literalmente respiram pelas patas) e ésubordinada a superordem Cladocera. Estes animais são conhecidos popularmente como pulgas d’ águae são muito comuns em corpos de águadoce.Â
O novo microcrusta¡ceo foi coletado durante a realização do projeto de pesquisa vinculado a Fapesp e coordenado por Giovana Bertini O material referente ao zoopla¢ncton, entretanto, foi analisado pela aluna do curso de Engenharia Agrona´mica Daniele Bastos de Freitas, durante seu projeto de iniciação cientafica, também vinculado a Fapesp. Na biologia marinha, zoopla¢nctons representam o conjunto dos organismos aqua¡ticos que não tem capacidade fotossintanãtica e que vivem dispersos na coluna de a¡gua, locomovendo-se de acordo com o movimento das a¡guas.
A identificação e descrição morfola³gica da nova espanãcie foi efetuada em parceria com os professores Francisco Diogo R. Sousa, da Universidade Federal de Jataa (UFJ) e Gilmar Perbiche Neves, da Universidade Federal de Sa£o Carlos (UFSCar). Segundo os pesquisadores, o nome cientafico foi escolhido para homenagear a professora Lourdes Maria Abdu Elmoor-Loureiro, por sua importante contribuição a ecologia, biogeografia e taxonomia de clada³ceros no Brasil e na Amanãrica do Sul, sendo assim denominada de Macrothrix lourdesae.
local-coleta.jpgLocal da coleta do microcrusta¡ceo, no rio Ribeira de Iguape
(Crédito: Giovana Bertini)
Sobre o projeto
A proposta da pesquisa que encontrou a nova espanãcie édeterminar a composição, a abunda¢ncia e a distribuição Espaço-temporal da comunidade mesozooplancta´nica e, em especial dos clada³ceros presentes no Canal Valo Grande.Â
O canal Valo Grande foi construado no inicio do século XIX e liga o rio Ribeira de Iguape diretamente ao Mar Pequeno. Na anãpoca da construção, o canal tinha quatro metros de largura e dois de profundidade, mas hoje, em virtude do aprofundamento do seu leito e a erosão das suas margens, o Valo Grande tem pontos com quase 300 metros de largura e sete de profundidade.
“Essa alteração tem causado grandes consequaªncias diretas para a fauna e flora de todo o ecossistema, explica a professora do ca¢mpus de Registro, chamando a atenção para a inserção de um grande volume de águano sistema estuarino, provindo do rio Ribeira de Iguape. “Estudos sobre o zoopla¢ncton neste ambiente podem levar a importantes respostas sobre os organismos que la¡ se desenvolvem ou que estãosendo conduzidos para esta regia£o, visto que os estudos anteriores existentes sobre a comunidade zooplancta´nica desta regia£o datam das décadas de 70 e 80â€, destaca.
Os clada³ceros são importantes organismos plancta´nicos e litora¢neos (habitat preferencial de M. lourdesae), os quais se alimentam principalmente de algas e servem como alimentos para larvas de peixes e outros invertebrados. Além disso, muitas espanãcies são consideradas como indicadoras de qualidade de a¡gua. Com o levantamento das espanãcies presentes no mesozoopla¢ncton da regia£o de Iguape foram obtidas vinte espanãcies de Cladocera distribuadas em sete famalias. O novo clada³cero épertencente a familia Macrothricidae que foi uma das famalias mais diversas, sendo representada por quatro espanãcies.
Bertini explica que para grande parte dos pesquisadores que estudam a biodiversidade em a¡guas interiores no Brasil, éconsenso que o número de espanãcies conhecidas ainda representa, de fato, uma subestimativa da realidade. “A presença de M. lourdesae em um dos estados brasileiros mais bem estudados em relação a fauna aqua¡tica nos mostra que ainda existe uma elevada diversidade de espanãcies a ser descobertaâ€, destaca a professora.
O artigo cientafico com a descrição da espanãcie nova foi publicado na revista Zootaxa, uma das mais importantes sobre a taxnomia de animais. A antegra do artigo pode ser encontrado no link:
https://www.biotaxa.org/Zootaxa/article/view/zootaxa.4926.1.6