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Os retrova­rus estãoreescrevendo o genoma do coala e causando ca¢ncer
O coala estãoem um esta¡gio muito inicial desse processo, quando o retrova­rus ainda estãoativo e esses efeitos na saúde podem ser estudados.
Por Instituto Leibniz de Pesquisa em Zoológicos e Animais Selvagens (IZW) - 26/02/0202


Coala em estado selvagem. Crédito: A. Gillett

O coala retrova­rus (KoRV) éum va­rus que, como outros retrova­rus como o HIV, se insere no DNA de uma canãlula infectada. Em algum momento nos últimos 50.000 anos, o KoRV infectou os a³vulos ou espermatozoides de coalas, levando a descendentes que carregam o retrova­rus em todas as células de seu corpo. Toda a população de coalas de Queensland e New South Wales, na Austra¡lia, agora carrega ca³pias de KoRV em seu genoma. Todos os animais, incluindo humanos, passaram por infecções de linha germinativa semelhantes por retrova­rus em algum ponto de sua história evolutiva e contem muitos retrova­rus antigos em seus genomas. Esses retrova­rus, ao longo de milhões de anos, sofreram mutações em formas degradadas e inativas que não são mais prejudiciais ao hospedeiro. Como na maioria das espanãcies animais esse processo ocorreu hámilhões de anos, os efeitos imediatos sobre a saúde do hospedeiro naquele momento são desconhecidos, mas hálgum tempo se suspeita que a invasão de um genoma por um retrova­rus pode ter considera¡veis ​​efeitos prejudiciais a  saúde. O coala estãoem um esta¡gio muito inicial desse processo, quando o retrova­rus ainda estãoativo e esses efeitos na saúde podem ser estudados.

Como os retrova­rus podem causar câncer , pensava-se que havia uma ligação entre o KoRV e a alta frequência de linfoma, leucemia e outros ca¢nceres em coalas do norte da Austra¡lia. Para investigar esta ligação, os cientistas do Leibniz-IZW sequenciaram o DNA de coalas selvagens que sofrem de ca¢ncer. Isso permitiu que detectassem com precisão o número de ca³pias do KoRV nos genomas do coala e identificassem os locais precisos onde o retrova­rus havia inserido seu DNA. Comparando esta informação entre tecidos sauda¡veis ​​e tumorais em coalas individuais, e comparando locais de inserção entre indivíduos de coalas, eles encontraram maºltiplas ligações entre KoRV e genes conhecidos por estarem envolvidos nos tipos de câncer aos quais os coalas são propensos.

"Cada coala carrega cerca de 80-100 ca³pias herdadas de KoRV em seu genoma. As localizações gena´micas da maioria deles não são compartilhadas entre os coalas, indicando uma rápida expansão e acaºmulo de ca³pias do KoRV na população. Cada vez que um retrova­rus se copia e se insere novamente no genoma, causa uma mutação, potencialmente interrompendo a expressão do gene, o que pode ser prejudicial para o hospedeiro ", disse o professor Alex Greenwood, chefe do Departamento de Doena§as da Vida Selvagem no Leibniz-IZW. Isso significa que, por se copiar frequentemente para novos locais no genoma, o KoRV estãoatualmente conferindo uma alta carga mutacional a  população de coalas. Os tecidos tumorais contem muitas novas ca³pias de KoRV, indicando que KoRV émais ativo nas células tumorais. Essas ca³pias geralmente eram localizado pra³ximo a genes associados ao ca¢ncer. Novas inserções de KoRV em tecidos tumorais afetaram a expressão de genes em sua vizinhana§a. Essas alterações ema expressão gaªnica associada ao câncer pode causar aumento do crescimento e proliferação celular, o que leva a tumores. Embora outros fatores também possam contribuir para o câncer em coalas, a carga mutacional do KoRV provavelmente aumenta a frequência das células que se tornam cancerosas e pode encurtar o tempo de desenvolvimento do ca¢ncer.

Em um coala, foi encontrada uma ca³pia do KoRV que incorporou um gene inteiro relacionado ao câncer do genoma do coala em sua sequaªncia de DNA. Isso aumentou muito a expressão desse gene e provavelmente causou câncer neste coala em particular. Se este va­rus mutante for transmissa­vel, seria de grande preocupação para os esforços de conservação dos coalas. Comparar a localização gena´mica dos KoRVs entre os coalas também sugere que o KoRV pode predispor os coalas relacionados a tumores específicos, com os coalas compartilhando inserções do KoRV em genes específicos relacionados ao câncer que sofrem de tipos semelhantes de câncer que podem passar para seus descendentes. Em todos os coalas estudados, havia "pontos quentes" no genoma onde o KoRV frequentemente se insere. Esses pontos quentes também estavam localizados nas proximidades de genes associados ao ca¢ncer. "Em resumo, então,

Os resultados destacam as consequaªncias prejudiciais a  saúde que as espanãcies selvagens podem sofrer após a infecção da linha germinativa por retrova­rus. As invasaµes da linha germinativa foram experimentadas repetidamente durante a evolução dos vertebrados e moldaram os genomas dos vertebrados, incluindo a linhagem que conduz aos humanos modernos. Estes foram provavelmente associados a graves efeitos prejudiciais a  saúde, que devem ser tolerados e superados para garantir a sobrevivaªncia das espanãcies. Os cientistas do Leibniz-IZW demonstraram anteriormente que antigos retrova­rus presentes no genoma do coala auxiliam na rápida degradação do KoRV. O coala se encontra em uma corrida para sobreviver aos efeitos do KoRV por tempo suficiente para que o va­rus seja degradado. Considerando as muitas ameaa§as aos coalas, éuma corrida que eles precisam vencer.

 

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