Mundo

Os benefa­cios econa´micos de proteger a natureza agora superam os de explora¡-la, revelam dados globais
Um grande benefa­cio econa´mico dos habitats naturais vem de sua regulaa§a£o dos gases de efeito estufa que impulsionam asmudanças climáticas, incluindo o sequestro de carbono.
Por Fred Lewsey - 08/03/2021



Doma­nio paºblico

Os benefa­cios econa´micos de conservar ou restaurar sa­tios naturais "superam" o potencial de lucro de convertaª-los para uso humano intensivo, de acordo com o maior estudo já feito comparando o valor de proteger a natureza em locais específicos com o de explora¡-la.

Uma equipe de pesquisa liderada pela Universidade de Cambridge e pela Royal Society for the Protection of Birds (RSPB) analisou dezenas de locais - do Quaªnia a Fiji e da China ao Reino Unido - em seis continentes. Um estudo inovador anterior, em 2002, tinha informações de apenas cinco sites.

As descobertas, publicadas na revista Nature Sustainability , surgem poucas semanas depois de um relatório marcante do professor Partha Dasgupta, de Cambridge, pedir que o valor da biodiversidade seja colocado no centro da economia global.

Para o estudo mais recente, os cientistas calcularam o valor moneta¡rio dos "servia§os ecossistemicos" de cada local, como armazenamento de carbono e proteção contra enchentes, bem como os prova¡veis ​​dividendos de convertaª-lo para a produção de bens como plantações e madeira.

A equipe inicialmente se concentrou em 24 locais e comparou seus estados "focados na natureza" e "alternativos", calculando o valor la­quido anual de uma gama de bens e servia§os para cada local em cada estado, depois projetou os dados para os pra³ximos 50 anos .

Um grande benefa­cio econa´mico dos habitats naturais vem de sua regulação dos gases de efeito estufa que impulsionam asmudanças climáticas, incluindo o sequestro de carbono.

Presumindo que cada tonelada de carbono acarrete um custo de US $ 31 para a sociedade global - uma soma que muitos cientistas agora consideram conservadora - então mais de 70% dos locais tem maior valor moneta¡rio como habitats naturais, incluindo 100% dos locais florestais.

Se ao carbono for atribua­do o custo irrisãorio de US $ 5 a tonelada, 60% dos locais ainda proporcionam maior benefa­cio econa´mico quando não convertidos ou restaurados em habitats naturais. Mesmo se o carbono for removido completamente dos ca¡lculos, os pesquisadores descobriram que quase metade (42%) dos 24 locais ainda valem mais para nosem sua forma natural.

"Reduzir a perda de biodiversidade éum objetivo vital em si, mas a natureza também sustenta fundamentalmente o bem-estar humano", disse o autor principal, Dr. Richard Bradbury, da RSPB, e bolsista honora¡rio da Universidade de Cambridge.

"Precisamos de divulgação financeira relacionada a  natureza e incentivos para o gerenciamento de terras com foco na natureza, seja por meio de impostos e regulamentação ou subsa­dios para servia§os de ecossistema."
 
Andrew Balmford, professor de Ciência da Conservação da Universidade de Cambridge e autor saªnior da pesquisa, disse: "As taxas atuais de conversão de habitat estãoconduzindo a uma crise de extinção de espanãcies diferente de tudo na história humana."

"Mesmo se vocêestiver interessado apenas em da³lares e centavos, podemos ver que conservar e restaurar a natureza éagora muitas vezes a melhor aposta para a prosperidade humana. As descobertas ecoam em uma escala operacional as conclusaµes gerais tiradas pela Dasgupta Review", disse ele .

Uma década atrás, os cientistas desenvolveram o TESSA (kit de ferramentas para avaliação baseada em sites de servia§os de ecossistema), permitindo aos usuários medir e, sempre que possí­vel, atribuir um valor moneta¡rio aos servia§os prestados por um local natural - águalimpa, recreação baseada na natureza, polinização de culturas, e assim por diante - e quando éconvertido para agricultura ou outros usos humanos.

O novo estudo sintetiza os resultados de 62 aplicações da TESSA em todo o mundo: 24 sites com dados econa´micos relativamente detalhados e mais 38 com dados suficientes para avaliar se os servia§os aumentariam ou diminuiriam após a conversão do site.

A maioria dos locais era floresta ou pa¢ntano. Para habitats naturais, os pesquisadores analisaram locais pra³ximos semelhantes onde a conversão ocorreu e compararam os resultados econa´micos - incluindo aqueles que impulsionaram a conversão - em ambas as áreas. Em locais já "modificados" por humanos, os resultados existentes foram comparados ao valor se o local fosse restaurado a  natureza.

Por exemplo, cientistas usando TESSA descobriram que se o Parque Nacional Shivapuri-Nagarjun do Nepal perdesse sua proteção e fosse convertido de floresta em terra agra­cola, ele cortaria o armazenamento de carbono em 60% e reduziria a qualidade da águaem 88%, junto com outros custos, deixando um custo de US $ 11 danãficit de um ano.

A TESSA também revelou que Hesketh Out Marsh - um pa¢ntano salgado perto de Preston, Reino Unido - vale mais de US $ 2.000 por hectare anualmente apenas na mitigação de emissaµes, superando qualquer renda perdida com plantações ou pastagens.

Na verdade, ha¡bitats conservados ou restaurados foram fortemente associados a um maior "valor presente la­quido" geral em 75% dos 24 locais principais quando comparados com seu estado alternativo dominado por humanos.

Os pesquisadores também dividiram os bens e servia§os entre aqueles que são um recurso comum e os bens "privados e pagos" que beneficiam apenas algumas pessoas. O valor dos bens comuns foi maior para os habitats naturais em 92% dos 24 locais.

Os habitats forneceram atémaiores benefa­cios econa´micos em termos de alguns bens privados - por exemplo, plantas silvestres colhidas - em 42% dos locais principais. "As pessoas exploram principalmente a natureza para obter benefa­cios financeiros. No entanto, em quase metade dos casos que estudamos, a exploração induzida pelo homem foi subtraa­da em vez de aumentar o valor econa´mico", disse o coautor do estudo, Dr. Kelvin Peh, da Universidade de Southampton.

Onde os ganhos econa´micos de bens privados eram maiores no estado alternativo modificado pelo homem, era devido a "safras de commodities" de alto prea§o, como cereais e açúcar. No entanto, em muitos locais atualmente sofrendo degradação causada pelo cultivo de borracha, cha¡ e cacau, o valor financeiro geral seria mais alto se eles tivessem permanecido como habitats naturais.

Para os 38 sites restantes com dados limitados, o fornecimento geral de todos os bens e servia§os foi maior quando os sites estavam no estado natural para 66% deles, e pelo menos igual ao estado alternativo no restante.

Os resultados dos locais mais bem estudados provavelmente sera£o conservadores, dizem os cientistas. Muitos servia§os ecossistemicos não eram avaliados economicamente com facilidade, mas os dados de todos os 62 locais mostram que eles eram normalmente fornecidos em umnívelmuito mais alto por habitats naturais . Levar seu valor em consideração "tornaria o caso econa´mico de conservação esmagador".

A coautora do estudo Anne-Sophie Pellier, da BirdLife International, acrescentou: "Nossos resultados aumentam a evidência de que conservar e restaurar áreas-chave de biodiversidade faz sentido não apenas para salvaguardar nosso patrima´nio natural, mas também proporcionando benefa­cios econa´micos mais amplos para a sociedade."

 

.
.

Leia mais a seguir