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Simulações mostram como as configurações de construção da cidade afetam a qualidade do ar dos pedestres
Usando uma simulaa§a£o de computador, os pesquisadores estudaram três layouts virtuais: prédios em fileiras, prédios em grupos quadrados e prédios em um padrãoxadrez.
Por David Colgan - 13/03/2021


A pesquisa revelou que os edifa­cios dispostos em fileiras geram as maiores concentrações de poluição nas ruas. Crédito: Tuxyso / Wikimedia Commons

Na próxima vez que vocêestiver caminhando ou pedalando por uma cidade, daª uma olhada - vocêpode conseguir ter uma noção da qualidade do ar pela forma como os edifa­cios estãodispostos.

Quando os edifa­cios são alinhados em linhas sem Espaços entre eles, os pedestres geralmente são expostos a concentrações mais altas departículas ultrafinas relacionadas ao vea­culo que prejudicam a saúde humana, de acordo com um estudo coautor da especialista em qualidade do ar da UCLA, Suzanne Paulson.

"Acontece que o fator mais importante para determinar a gravidade da poluição nas ruas ése háespaço entre os prédios", disse Paulson, professor de ciências atmosfanãricas e oceânicas: e membro do Instituto de Meio Ambiente e Sustentabilidade da UCLA. Nãoimportava se aquele espaço vazio era espaço verde ou estacionamentos; apenas que o espaço aberto permite que o ar circule e limpe a poluição.

Usando uma simulação de computador, os pesquisadores estudaram três layouts virtuais: prédios em fileiras, prédios em grupos quadrados e prédios em um padrãoxadrez.

Para simular o efeito que o vento soprando pelo layout teria sobre a circulação da poluição do ar, os cientistas usaram um modelo de computador que foi criado para prever a dispersão de armas biológicas, que tempartículas do mesmo tamanho que a poluição ultrafina. Nos cenários que usaram, os edifa­cios tinham de 10 a 12 andares de altura e cobriam um quarto de um quarteira£o da cidade.

O arranjo que levou ao maior acaºmulo de poluição nonívelda rua foram os prédios enfileirados. A poluição era cerca de 50% mais alta do que no padrãoquadriculado, que criava o ma­nimo de poluição dos layouts estudados - porque, escreveram os pesquisadores, o espaço aberto em cada lado de cada edifa­cio permitiria que o vento circulasse e limpasse o ar. O arranjo do cluster teve um desempenho substancialmente melhor do que as linhas, mas o modelo mostrou que a poluição ainda se acumularia em alguns lugares.

O artigo, publicado na ScienceDirect, também examinou uma variação dos três layouts, colocando edifa­cios mais curtos em vez de Espaços vazios entre os edifa­cios altos. Os modelos mostraram que mais poluição se acumularia com os edifa­cios baixos do que sem eles, mas as diferenças entre os três layouts ba¡sicos eram menos drama¡ticas.

Outra descoberta foi que a poluição seria pior nonívelda rua, mas seria mais dispersa a  medida que a elevação aumentasse, atécerca de 10 metros (cerca de 33 panãs) - ponto em que a concentração de poluentes éaproximadamente a mesma que seria no ambiente da cidade no geral. Essa descoberta pode ser importante para pessoas que vivem em prédios de apartamentos altos.
 
"Muitas vezes as pessoas me perguntam coisas como 'Eu moro no 12º andar, vou ficar bem?'", Disse Paulson. "Esta pesquisa mostra que atéo quarto ou quinto andar estãobom."

Aspartículas ultrafinas sãopartículas menores do que 0,1 micra´metro de dia¢metro (um cabelo humano manãdio tem cerca de 100 micra´metros de largura). Eles estãoassociados a uma sanãrie de problemas de saúde graves, incluindo doenças respirata³rias, ataques carda­acos, derrames e ca¢ncer, bem como problemas de desenvolvimento em criana§as. Ainda assim, os governos em todo o mundo geralmente não regulam aspartículas ultrafinas na fonte da poluição.

E embora os vea­culos movidos a gás sejam uma grande fonte de poluição, Paulson disse que mesmo se a maioria ou todos os vea­culos fossem elanãtricos,partículas ultrafinas e maiores de pneus, freios ou outras fontes ainda se acumulariam e causariam problemas de saúde.

As descobertas do artigo podem ajudar a orientar planejadores urbanos, proprieta¡rios de edifa­cios e outros tomadores de decisão, especialmente em cidades em rápido desenvolvimento - lugares como Pequim, China e Dhaka, Bangladesh. Os planejadores em cidades já desenvolvidas como Los Angeles ou Chicago poderiam adotar as mesmas lições para novos projetos de construção, mas Paulson observou que seria mais difa­cil para eles implementarmudanças atéque os edifa­cios mais antigos em blocos densamente construa­dos sejam demolidos.

Embora construir verticalmente em vez de lateralmente possa parecer uma maneira de melhorar a qualidade do ar nonívelda rua, a forma como muitos dos arranha-canãus de hoje são projetados - estilo "bolo de casamento", com garagens ocupando mais espaço nonívelda rua e, em seguida, um perfil mais estreito para histórias mais altas - apaga o benefa­cio. Esses edifa­cios ainda inibem a circulação de ar nonívelda rua, disse Paulson.

Em estudos futuros, Paulson planeja examinar os efeitos de outros fatores, como a presença ou ausaªncia de a¡rvores, na poluição nas ruas.

 

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