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Pesquisadores criam um mapa de vida desconhecida
Para Walter Jetz, professor de ecologia e biologia evolutiva em Yale que liderou o projeto Map of Life, o novo esfora§o éum imperativo moral que pode ajudar a apoiar a descoberta e preservaa§a£o da biodiversidade em todo o mundo.
Por Yale University - 22/03/2021


Doma­nio paºblico

Menos de uma década depois de revelar o "Mapa da Vida", um banco de dados global que marca a distribuição de espanãcies conhecidas em todo o planeta, os pesquisadores de Yale lançaram um projeto ainda mais ambicioso e talvez importante - criar um mapa de onde a vida ainda não existiu descoberto.

Para Walter Jetz, professor de ecologia e biologia evolutiva em Yale que liderou o projeto Map of Life, o novo esfora§o éum imperativo moral que pode ajudar a apoiar a descoberta e preservação da biodiversidade em todo o mundo.

"No ritmo atual da mudança ambiental global, não hádaºvida de que muitas espanãcies sera£o extintas antes de sabermos sobre sua existaªncia e ter a chance de considerar seu destino", disse Jetz. "Acho que essa ignora¢ncia éimperdoa¡vel e devemos a s gerações futuras fechar rapidamente essas lacunas de conhecimento."

O novo mapa de espanãcies desconhecidas foi publicado em 22 de mara§o na revista Nature Ecology & Evolution . Uma versão navega¡vel estãodispona­vel em mol.org/patterns/discovery.

O autor principal, Mario Moura, ex-associado de pa³s-doutorado em Yale no laboratório de Jetz e agora professor da Universidade Federal da Paraa­ba, disse que o novo estudo muda o foco de questões como "Quantas espanãcies desconhecidas existem?" a outras mais aplicadas, como "Onde e o quaª?"

“Espanãcies conhecidas são as 'unidades de trabalho' em muitas abordagens de conservação, portanto, espanãcies desconhecidas são geralmente deixadas de fora do planejamento de conservação, manejo e tomada de decisão”, disse Moura. "Encontrar as pea§as que faltam no quebra-cabea§a da biodiversidade da Terra anã, portanto, crucial para melhorar a conservação da biodiversidade em todo o mundo."

De acordo com estimativas cienta­ficas conservadoras, apenas cerca de 10 a 20 por cento das espanãcies na Terra foram formalmente descritas. Em um esfora§o para ajudar a encontrar algumas dessas espanãcies perdidas, Moura e Jetz compilaram dados exaustivos que inclua­ram a localização, distribuição geogra¡fica, datas de descobertas hista³ricas e outras caracteri­sticas ambientais e biológicas de cerca de 32.000 vertebrados terrestres conhecidos. A análise permitiu que extrapolassem onde e quais tipos de espanãcies desconhecidas dos quatro principais grupos de vertebrados provavelmente ainda seriam identificados.

Eles analisaram 11 fatores-chave que permitiram a  equipe prever melhor os locais onde espanãcies desconhecidas podem estar localizadas. Por exemplo, animais de grande porte com ampla distribuição geogra¡fica em áreas povoadas tem maior probabilidade de já terem sido descobertos. a‰ prova¡vel que novas descobertas dessas espanãcies sejam raras no futuro. No entanto, animais menores com alcances limitados que vivem em regiaµes mais inacessa­veis tem maior probabilidade de ter evitado a detecção atéagora.
 
“As chances de serem descobertos e descritos precocemente não são iguais entre as espanãcies”, disse Moura. Por exemplo, o emu, um grande pa¡ssaro da Austra¡lia, foi descoberto em 1790 logo após o ini­cio das descrições taxona´micas das espanãcies. No entanto, a pequena e esquiva espanãcie de sapo Brachycephalus guarani não foi descoberta no Brasil até2012, sugerindo que mais anfa­bios desse tipo ainda precisam ser encontrados.

Moura e Jetz mostram que as chances de descoberta de novas espanãcies variam amplamente em todo o globo. Sua análise sugere que Brasil, Indonanãsia, Madagascar e Cola´mbia detem as maiores oportunidades para identificar novas espanãcies em geral, com um quarto de todas as descobertas potenciais. As espanãcies não identificadas de anfa­bios e ranãpteis tem maior probabilidade de aparecer em regiaµes neotropicais e florestas indo-malaias.

Moura e Jetz também se concentraram em outra varia¡vel-chave na descoberta de espanãcies ausentes - o número de taxonomistas que as procuram.

“Temos a tendaªncia de descobrir o 'a³bvio' primeiro e o 'obscuro' depois”, disse Moura. "Precisamos de mais financiamento para que os taxonomistas encontrem as espanãcies ainda não descobertas."

Mas a distribuição global de taxonomistas émuito desigual e um mapa da vida não descoberta pode ajudar a concentrar novos esforços, observou Jetz. Esse trabalho se tornara¡ cada vez mais importante a  medida que as nações em todo o mundo se reaºnem para negociar uma nova Estrutura Global de Biodiversidade sob a Convenção de Diversidade Biola³gica no final deste ano e assumir compromissos para conter a perda de biodiversidade.

"Uma distribuição mais uniforme dos recursos taxona´micos pode acelerar as descobertas de espanãcies e limitar o número de extinções 'para sempre desconhecidas'", disse Jetz.

Com parceiros em todo o mundo, Jetz e colegas plano para expandir seu mapa de vida desconhecida para plantar, marinhos e invertebrados espanãcies nos pra³ximos anos. Essas informações ajudara£o os governos e instituições cienta­ficas a decidir onde concentrar os esforços para documentar e preservar a biodiversidade, disse Jetz.

 

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