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Os elefantes africanos ocupam apenas uma fração de seu alcance potencial
O trabalho foi coordenado pela Save the Elephants e incluiu pesquisadores do Mara Elephant Project, da University of British Columbia, da Oxford University, da Colorado State University, da Wildlife Conservation Society, da University of Stirling e d
Por Colorado State University - 01/04/2021


Elefantes em movimento. Crédito: David Giffin

Muitas espanãcies de vida selvagem estãoameaa§adas pela redução do habitat. Mas de acordo com uma nova pesquisa, o alcance potencial dos elefantes africanos pode ser mais de cinco vezes maior do que sua extensão atual.

Devido a 2.000 anos de pressão humana, os elefantes africanos sofreram decla­nios populacionais drama¡ticos e seu alcance diminuiu para apenas 17% do que poderia ser, dizem os pesquisadores que lideraram o novo estudo, na Current Biology .

A redução drama¡tica no alcance édevido a  matana§a de elefantes por seu marfim e a  invasão de humanos em seu habitat. A evidência de que os elefantes foram drasticamente reduzidos em certas regiaµes pelo comanãrcio de presas remonta aos tempos da Roma Antiga, mas atingiu novos na­veis a partir do século 17 com a chegada de comerciantes e colonizadores europeus na áfrica, que alimentaram a demanda por marfim.

Se libertados da ameaça de serem mortos por causa de seu marfim, os elefantes ainda tem um grande potencial de recuperação em áreas onde a pegada humana épequena. O estudo descobriu que 62% da áfrica, uma área de mais de 18 milhões de quila´metros quadrados - maior do que toda a Raºssia - ainda tem habitat adequado para elefantes. Esta enorme zona inclui áreas onde ainda háespaço para uma convivaªncia paca­fica. entre humanos e elefantes, bem como aquelas onde eles poderiam viver, mas onde o conflito com as pessoas pode torna¡-lo irreal.

O trabalho foi coordenado pela Save the Elephants e incluiu pesquisadores do Mara Elephant Project, da University of British Columbia, da Oxford University, da Colorado State University, da Wildlife Conservation Society, da University of Stirling e do Elephants Alive.

A equipe usou dados de colares de rastreamento GPS e imagens de satanãlite para realizar uma investigação aprofundada sobre onde os elefantes andam e por quaª. Olhando para os extremos de onde vivem os elefantes modernos, eles aprenderam onde os elefantes tem potencial para habitar hoje.

"Literalmente olhamos para cada quila´metro quadrado do continente", disse o principal autor do estudo, Dr. Jake Wall, diretor de pesquisa e conservação do Projeto Mara Elephant, no Quaªnia. "Descobrimos que 62% desses 29,2 milhões de quila´metros quadrados são habitats adequados."

Para analisar a adequação dos habitats em todo o continente em uma escala denívelde quila´metro, Wall e seus colegas utilizaram dados de coleiras de rastreamento GPS instaladas em 229 elefantes em toda a áfrica pela Save the Elephants e seus parceiros ao longo de um período de 15 anos. Usando o Google Earth Engine, uma plataforma de computação de imagens de satanãlite, os pesquisadores observaram a vegetação, cobertura de a¡rvores, temperatura dasuperfÍcie, chuva, a¡gua, declive, influaªncia humana agregada e áreas protegidas nas áreas que os elefantes atravessaram. Isso permitiu que eles determinassem quais habitats podem abrigar elefantes e os extremos de condições que eles podem tolerar atualmente.
 
No futuro, a equipe de pesquisa pretende refinar ainda mais o modelo no que diz respeito a  densidade do impacto humano que évia¡vel para a coexistaªncia entre pessoas e elefantes, e incluir a conectividade do habitat a outras áreas de alcance dos elefantes.

As enormes áreas de habitat potencial incluem a República Centro-Africana e a República Democra¡tica do Congo, cujas florestas abrigaram recentemente centenas de milhares de elefantes, mas hoje abrigam apenas cerca de 5.000 a 10.000 animais.

O estudo também destacou os habitats extremos que os elefantes africanos não visitam.

"As principais áreas proibidas incluem os desertos do Saara, Danakil e Kalahari, bem como centros urbanos e altos picos de montanhas", disse Iain Douglas-Hamilton, fundador da Save the Elephants. “Isso nos da¡ uma ideia do que poderia ter sido a antiga gama de elefantes. No entanto, háuma escassez de informações sobre a situação dos elefantes africanos entre o final da anãpoca romana e a chegada dos primeiros colonizadores europeus”, explicou.

Algumas evidaªncias da antiguidade sobreviveram: Hanno, um navegador fena­cio, viu elefantes na costa atla¢ntica da áfrica por volta de 500 aC, o antigo historiador grego Hera³doto escreveu em 430 aC que elefantes foram relatados em florestas na atual Tuna­sia e um recanãm-descoberto século 16 O naufra¡gio portuguaªs continha presas de pelo menos 17 manadas diferentes de elefantes da floresta com genes distintos. Todos, exceto quatro desses tipos distintos de genes, agora estãoextintos. Juntamente com dados hista³ricos como este, o novo modelo sugere que os elefantes já ocuparam a maior parte do continente.

O principal predador dos elefantes adultos na natureza são as pessoas. Os elefantes evitam os humanos concentrando-se o mais longe possí­vel da atividade e influaªncia humanas, o que geralmente ocorre em áreas protegidas. "Os elefantes são rápidos em reconhecer o perigo e encontrar áreas mais seguras", disse Douglas-Hamilton. Os dados de rastreamento revelam que os elefantes que vivem em áreas protegidas tendem a ter áreas de vida menores.

O estudo observa que aproximadamente 57% da área atual dos elefantes estãofora das áreas protegidas, destacando o espaço limitado atualmente reservado para sua segurança. Para garantir a sobrevivaªncia a longo prazo dos elefantes, a proteção do habitat, a proteção dos pra³prios elefantes contra a matana§a ilegal e uma anãtica da coexistaªncia homem-elefante sera£o essenciais.

“Os elefantes são mega-herba­voros generalistas que podem ocupar habitats perifanãricos”, conclui Wall. "O alcance deles pode ter diminua­do, mas se dermos a eles a chance, eles podem se espalhar de volta para partes de seu antigo habitat ."

 

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