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Mudanças climáticas: Amaza´nia pode estar mudando de amiga para inimiga
De 2010 a 2019, a bacia amaza´nica do Brasil emitiu 16,6 bilhaµes de toneladas de CO 2 , enquanto retira apenas 13,9 bilhaµes de toneladas, relataram pesquisadores nesta quinta-feira, 29, na revista Nature Climate Change .
Por Marlowe Hood - 02/05/2021


O desmatamento na Amaza´nia, inclusive por meio de queimadas, aumentou quase quatro vezes em 2019

A Amaza´nia brasileira liberou quase 20 por cento mais dia³xido de carbono na atmosfera na última década do que absorveu, de acordo com um relatório impressionante que mostra que a humanidade não pode mais depender da maior floresta tropical do mundo para ajudar a absorver a poluição de carbono produzida pelo homem.

De 2010 a 2019, a bacia amaza´nica do Brasil emitiu 16,6 bilhaµes de toneladas de CO 2 , enquanto retira apenas 13,9 bilhaµes de toneladas, relataram pesquisadores nesta quinta-feira, 29, na revista Nature Climate Change .

O estudo analisou o volume de CO 2 absorvido e armazenado conforme a floresta cresce, versus as quantidades liberadas de volta para a atmosfera quando équeimado ou destrua­do.

"Na³s meio que espera¡vamos, mas éa primeira vez que temos números mostrando que a Amaza´nia brasileira mudou e agora éemissora la­quida", disse o coautor Jean-Pierre Wigneron, cientista do Instituto Nacional de Agronomia da Frana§a Pesquisa (INRA).

"Nãosabemos em que ponto a mudança pode se tornar irreversa­vel", disse ele a  AFP em uma entrevista.

O estudo também mostrou que o desmatamento - por meio de queimadas e corte raso - aumentou quase quatro vezes em 2019 em comparação com qualquer um dos dois anos anteriores, de cerca de um milha£o de hectares (2,5 milhões de acres) para 3,9 milhões de hectares, uma área do tamanho de Os Paa­ses Baixos.

"O Brasil viu um decla­nio acentuado na aplicação de políticas de proteção ambiental após a mudança de governo em 2019", disse o INRA em um comunicado.

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro foi empossado em 1º de janeiro de 2019.

Ecossistemas terrestres em todo o mundo tem sido um aliado crucial enquanto o mundo luta para conter as emissaµes de CO 2 , que chegaram a 40 bilhaµes de toneladas em 2019.

Ao longo do último meio século, as plantas e o solo absorveram de forma consistente cerca de 30% dessas emissaµes, mesmo quando essas emissaµes aumentaram 50% no período.

Os oceanos também ajudaram, absorvendo mais de 20%.

A bacia amaza´nica contanãm cerca de metade das florestas tropicais do mundo

Pontos de tombamento

A bacia amaza´nica contanãm cerca de metade das florestas tropicais do mundo , que são mais eficazes em absorver e armazenar carbono do que outros tipos de vegetação.

Se a regia£o se tornasse uma fonte la­quida em vez de um "sumidouro" de CO 2 , enfrentar a crise climática serámuito mais difa­cil.

Usando novos manãtodos de análise de dados de satanãlite desenvolvidos na Universidade de Oklahoma, a equipe internacional de pesquisadores também mostrou pela primeira vez que florestas degradadas eram uma fonte mais significativa de emissaµes de CO 2 para o aquecimento do planeta que o desmatamento total.

No mesmo período de 10 anos, a degradação - causada pela fragmentação, corte seletivo ou incaªndios que danificam, mas não destroem as a¡rvores - causou três vezes mais emissaµes do que a destruição total das florestas.

Os dados examinados no estudo cobrem apenas o Brasil, que detanãm cerca de 60 por cento da floresta amaza´nica.

Levando em consideração o restante da regia£o, “a bacia amaza´nica como um todo éprovavelmente neutra em carbono”, disse Wigneron.

“Mas nos outrospaíses com floresta amaza´nica, o desmatamento também estãoaumentando e a seca se tornou mais intensa”.

A mudança climática surge como uma grande ameaça e pode - acima de um certo limiar de aquecimento global - levar a floresta tropical do continente a um estado de savana muito mais seco, mostraram estudos recentes.

Isso teria consequaªncias devastadoras não apenas para a regia£o, que atualmente abriga uma porcentagem significativa da biodiversidade mundial, mas também globalmente.

A floresta amaza´nica éum de uma dezena de chamados "pontos de inflexa£o" no sistema clima¡tico.

Lena§a³is de gelo no topo da Groenla¢ndia e da Anta¡rtica Ocidental, permafrost siberiano carregado com CO 2 e metano, chuvas de monções no sul da asia, ecossistemas de recifes de coral, a corrente de jato - todos são vulnera¡veis ​​a transições de ponto sem retorno que alterariam radicalmente o mundo como nossabemos.

 

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