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Veias minerais profundas são cemitanãrios microbianos
Uma equipe internacional de pesquisadores coletou veios minerais de mais de 30 minas profundas no pora£o pré-cambriano da Suanãcia para procurar vida antiga, e os sinais são realmente abundantes e intrigantes.
Por Dr. Henrik Drake - 03/06/2021


Calcita relacionada a microorganismos de uma mina profunda em Bergslagen, Suanãcia. Das coleções do Museu Sueco de Hista³ria Natural. Crédito: Henrik Drake

A pesquisa nos últimos anos revelou que os microrganismos habitam rochas fraturadas da crosta continental e ocea¢nica a profundidades de vários quila´metros, e que tem feito isso hámilhões de anos. Em um novo estudo publicado na Communications Earth & Environment , uma equipe internacional de pesquisadores coletou veios minerais de mais de 30 minas profundas no pora£o pré-cambriano da Suanãcia para procurar vida antiga, e os sinais são realmente abundantes e intrigantes.


As rochas a­gneas constituem a maioria dos continentes da Terra. Seus sistemas de fratura profundos, escuros e ana³xicos são o lar de microorganismos que ganham energia com o consumo de gases, nutrientes em fluidos e carbono orga¢nico escassamente dispona­vel. Pesquisas recentes neste doma­nio começam a lana§ar luz sobre como a vida lida em profundidade, mas os estudos que investigam as antigas assinaturas de vida tem sido relativamente escassos atéagora. O conhecimento da extensão da vida profunda no tempo e no espaço anã, portanto, limitado, particularmente de uma perspectiva evolutiva.

Esta biosfera profunda éprovavelmente o maior ecossistema microbiano da Terra, mas os sinais de vida antiga neste reino atéagora foram limitados a alguns locais.

Em um novo estudo abrangente, os pesquisadores analisaram amostras de veias minerais de um grande número de minas profundas na Suanãcia e na Noruega, para caçar assinaturas de vida antiga nos sistemas de fratura e para obter conhecimento de quando a crosta a­gnea foi colonizada e por quem .

Henrik Drake, professor associado da Linna¦us University e principal autor do estudo, diz: "Examinamos amostras de minerais de mais de 30 minas e encontramos provas sãolidas da atividade microbiana na maioria delas. Procuramos e detectamos três tipos de bioassinaturas: isota³picas, moleculares e morfola³gicas, dos três doma­nios da vida, ou seja, arquanãias, bactanãrias e eukarya. "

A pesquisa foi fruta­fera e mostra que os sinais fa³sseis de vida antiga são onipresentes nos sistemas de fratura a­gnea. "Os fa³sseis são geralmente considerados como caracteri­sticas exclusivas das rochas sedimentares, mas aqui mostramos que as rochas a­gneas podem ter um rico arquivo fa³ssil, pelo menos para microorganismos de origem procaria³tica e mesmo eucaria³tica", diz Magnus Ivarsson, do Museu Sueco de Hista³ria Natural e coautor do estudo.

Uma mina de particular interesse foi a Kallmora Silvermine na área de mineração de Berglsagen, na Suanãcia. Esta mina foi abandonada e cheia de águapor mais de 100 anos, e os pesquisadores tiveram que consultar coleções minerais de museus para obter amostras das profundezas. Essa mina continha algumas das evidaªncias mais convincentes de vida antiga já registradas e revelou que microorganismos produtores de metano e redutores de sulfato ocuparam o sistema de fratura no passado.
 
“Auxiliados por microanálises de isãotopos esta¡veis ​​de carbono e enxofre nos minerais, pudemos atestar que os produtores de metano foram sucedidos pelos redutores de sulfato”, diz Henrik Drake.

"Juntamente com a geocronologia microanala­tica de ura¢nio-chumbo de minerais de carbonato de enchimento de veias, podera­amos revelar que os produtores de metano estavam ativos cerca de 50-30 milhões de anos atrás, e os redutores de sulfato 19-13 milhões de anos atrás", diz Nick Roberts, do British Geological Survey, e coautor do artigo.

"Outra descoberta excepcional da mina Kallmora foi que os redutores de sulfato também podiam ser distinguidos por restos de a¡cidos graxos bacterianos específicos preservados nas veias minerais", acrescenta Manuel Reinhardt, da Universidade Linna¦us, e coautor do estudo.

Além disso, os redutores de sulfato que viviam nesta mina deixaram para trás assinaturas de isãotopos de enxofre em um mineral chamado pirita, e essas são as bioassinaturas mais extremas já encontradas no registro mineral de nosso planeta. Um recorde mundial de isãotopos de enxofre, se preferir.

Os pesquisadores exploraram minas profundas e instalações subterra¢neas em busca
de vesta­gios de uma biosfera antiga e profunda. Crédito: Henrik Drake

Henrik Drake diz: "Nosso estudo mostra que assinaturas de vida antiga são onipresentes na crosta a­gnea do escudo Fennoscandiano. a‰ razoa¡vel acreditar que as mesmas assinaturas ocorrem em profundidade em outros continentes. Nossa abordagem multidisciplinar éa ferramenta perfeita para descobri-lo, e por que não também em outros planetas? Veias minerais são apenas cemitanãrios perfeitos para microorganismos e representam um arquivo inexplorado de sinais de vida antiga . "

 

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