Publicado nesta quinta-feira, 3, na revista Current Biology , o estudo também descobriu que a genanãtica pode ajudar a explicar por que alguns ca£es tem melhor desempenho do que outros em tarefas sociais, como seguir gestos de apontar.

Emily Bray, autora principal do estudo. Crédito: Universidade do Arizona
Os ca£es podem ter ganhado o título de "o melhor amigo do homem" por causa de como eles são bons em interagir com as pessoas. Essas habilidades sociais podem estar presentes logo após o nascimento, em vez de serem aprendidas, sugere um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Arizona.
Publicado nesta quinta-feira, 3, na revista Current Biology , o estudo também descobriu que a genanãtica pode ajudar a explicar por que alguns ca£es tem melhor desempenho do que outros em tarefas sociais, como seguir gestos de apontar.
"Havia evidaªncias de que esses tipos de habilidades sociais estavam presentes na idade adulta, mas aqui encontramos evidaªncias de que os filhotes - mais ou menos como os humanos - são biologicamente preparados para interagir nessas formas sociais", disse a autora principal do estudo, Emily Bray, uma pesquisadora associada de pa³s-doutorado na Escola de Antropologia do UArizona na Faculdade de Ciências Sociais e Comportamentais.
Bray passou a última década conduzindo pesquisas com ca£es em colaboração com a Canine Companions, com sede na Califa³rnia, uma organização de ca£es de serviço que atende clientes com deficiências físicas. Ela e seus colegas esperam entender melhor como os ca£es pensam e resolvem problemas, o que pode ter implicações na identificação de ca£es que fariam bons animais de servia§o.
Para entender melhor o papel da biologia nas habilidades dos ca£es de se comunicarem com humanos, Bray e seus colaboradores observaram como 375 dos ca£es de serviço de 8 semanas de idade da organização, que tinham pouca interação um-a-um com humanos, atuavam em um sanãrie de tarefas destinadas a medir suas habilidades de comunicação social.
Como os pesquisadores conheciam o pedigree de cada filhote - e, portanto, como eles eram relacionados entre si - eles também foram capazes de verificar se os genes herdados explicam as diferenças nas habilidades dos ca£es. A genanãtica explicou mais de 40% da variação nas habilidades dos filhotes de seguir os gestos humanos de apontar, bem como a variação em quanto tempo eles mantiveram contato visual com humanos durante uma tarefa projetada para medir seu interesse nas pessoas.
"Ha¡ muito tempo as pessoas se interessam pelas habilidades dos ca£es para fazer esse tipo de coisa, mas sempre houve um debate sobre atéque ponto isso realmente estãona biologia dos ca£es, em comparação com algo que eles aprendem convivendo com os humanos", disse coautor do estudo Evan MacLean, professor assistente de antropologia e diretor do Arizona Canine Cognition Center da University of Arizona. "Descobrimos que hádefinitivamente um forte componente genanãtico, e eles estãodefinitivamente fazendo isso desde o inacio."
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No momento do estudo, os filhotes ainda moravam com seus irmãos de ninhada e ainda não haviam sido enviados para morar com um criador volunta¡rio. Portanto, suas interações com humanos foram limitadas, tornando improva¡vel que os comportamentos fossem aprendidos, disse Bray.
O estudo envolveu 375 ca£es-guia da organização Canine Companions.
Crédito: Emily Bray / University of Arizona
Os pesquisadores envolveram os filhotes em quatro tarefas diferentes. Em uma das tarefas, um experimentador escondeu uma guloseima embaixo de uma das duas xacaras viradas para baixo e apontou para ela para ver se o filhote conseguia seguir o gesto. Para garantir que os filhotes não estivessem apenas seguindo seus narizes, uma guloseima também foi colada no interior de ambos os copos. Em outra versão da tarefa, os filhotes observaram enquanto os pesquisadores colocavam um bloco amarelo ao lado do copo correto, em vez de apontar, para indicar onde o filhote deveria procurar a comida.
As outras duas tarefas foram projetadas para observar a propensão dos filhotes de olhar para rostos humanos. Em uma tarefa, os pesquisadores falaram com os filhotes em uma "fala dirigida por ca£es", recitando um script no tipo de voz estridente que as pessoas a s vezes usam quando falam com um bebaª. Eles então mediram por quanto tempo o filhote olhou para o humano. Na tarefa final - uma chamada "tarefa insolaºvel" - os pesquisadores selaram uma guloseima dentro de um recipiente fechado e o apresentaram ao filhote, então mediram quantas vezes o filhote pediu ajuda ao humano para abrir o recipiente.
Embora muitos dos filhotes respondessem a s dicas físicas e verbais dos humanos, poucos procuravam os humanos em busca de ajuda para a tarefa insolaºvel . Isso sugere que, embora os filhotes possam nascer sabendo como responder a comunicação iniciada por humanos, a capacidade de iniciar a comunicação por conta própria pode vir mais tarde.
"Em estudos com ca£es adultos, encontramos uma tendaªncia para eles procurarem ajuda de humanos, especialmente quando vocêolha para ca£es adultos versus lobos. Os lobos va£o persistir e tentar resolver o problema de forma independente, enquanto os ca£es são mais propensos a olhar para o parceiro social por ajuda ", disse Bray. "Em filhotes, esse comportamento de busca de ajuda ainda não parecia realmente fazer parte de seu reperta³rio."
De muitas maneiras, isso reflete o que vemos no desenvolvimento das criana§as humanas , disse Bray.
“Se vocêpensar sobre a aprendizagem de languas, as criana§as podem entender o que estamos dizendo a elas antes que possam produzir fisicamente as palavrasâ€, disse ela. "a‰ potencialmente uma história semelhante com filhotes ; eles estãoentendendo o que estãosendo socialmente transmitido a eles, mas a produção disso provavelmente vai demorar um pouco mais, no desenvolvimento."
Um cachorrinho retribuindo o olhar social humano. Crédito: Emily Bray
MacLean disse que o pra³ximo passo seráver se os pesquisadores conseguem identificar os genes específicos que podem contribuir para a capacidade dos ca£es de se comunicarem com os humanos.
"Fizemos alguns estudos anteriores que mostram que os ca£es que tendem a ser bem-sucedidos como ca£es de serviço respondem a s pessoas de maneiras diferentes do que os ca£es que não tem sucesso", disse MacLean. "Se vocêpudesse identificar uma base genanãtica potencial para essas características, poderia prever, mesmo antes do nascimento do filhote, se eles fazem parte de uma ninhada que seriam bons candidatos a ca£es de servia§o, porque eles tem a base genanãtica certa. a‰ um longo caminho a percorrer, mas hápotencial para comea§ar a aplicar isso. "