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Micropla¡sticos oceânicos: a primeira visão global mostramudanças sazonais e fontes
Os detritos podem prejudicar a vida marinha e os ecossistemas marinhos e são extremamente difa­ceis de rastrear e limpar.
Por Gabe Cherry, - 10/06/2021


Doma­nio paºblico

Estima-se que 8 milhões de toneladas de lixo pla¡stico entram no oceano a cada ano, e a maior parte étransformada pelo sol e pelas ondas em micropla¡sticos - minaºsculas manchas que podem navegar por centenas ou milhares de quila´metros de seu ponto de entrada.

Os detritos podem prejudicar a vida marinha e os ecossistemas marinhos e são extremamente difa­ceis de rastrear e limpar.

Agora, os pesquisadores da Universidade de Michigan desenvolveram uma nova maneira de localizar micropla¡sticos oceânicos em todo o mundo e rastrea¡-los ao longo do tempo, fornecendo uma linha do tempo dia¡ria de onde eles entram na a¡gua, como se movem e onde tendem a se acumular.

A abordagem se baseia no Cyclone Global Navigation Satellite System, ou CYGNSS, e pode fornecer uma visão global ou aumentar o zoom em pequenas áreas para uma imagem de alta resolução de micropla¡sticos liberados em um aºnico local.

A técnica éuma grande melhoria em relação aos manãtodos de rastreamento atuais, que se baseiam principalmente em relatórios pontuais de arrastaµes de pla¢ncton que retem micropla¡sticos junto com sua captura.

"Ainda estamos no ini­cio do processo de pesquisa , mas espero que isso possa ser parte de uma mudança fundamental na forma como rastreamos e gerenciamos a poluição micropla¡stica ", disse Chris Ruf, professor universita¡rio de Clima e Ciência Espacial da Universidade de Frederick Bartman na UM, diretor investigador do CYGNSS e autor saªnior em um artigo recanãm-publicado sobre o trabalho.

Suas observações iniciais são reveladoras.

Mudanças sazonais na Grande Mancha de Lixo do Paca­fico

A equipe descobriu que as concentrações globais de micropla¡sticos tendem a variar conforme a estação, com pico no Atla¢ntico Norte e no Paca­fico durante os meses de vera£o do hemisfanãrio norte. Junho e julho, por exemplo, são os meses de pico para a Grande Mancha de Lixo do Paca­fico, uma zona de convergaªncia no Paca­fico Norte onde o micropla¡stico se acumula em grandes quantidades.

As concentrações no hemisfanãrio sul atingem o pico durante os meses de vera£o, janeiro e fevereiro. As concentrações tendem a ser mais baixas durante o inverno, provavelmente devido a uma combinação de correntes mais fortes que rompem as plumas micropla¡sticas e aumenta a mistura vertical que os leva ainda mais abaixo dasuperfÍcie da a¡gua, dizem os pesquisadores.
 
Os dados também mostraram vários picos breves na concentração de micropla¡sticos na foz do rio Yangtze - hámuito tempo suspeito de ser a principal fonte.

"Uma coisa ésuspeitar de uma fonte de poluição de micropla¡sticos, outra éver isso acontecendo", disse Ruf. "Os dados de micropla¡sticos que estavam disponí­veis no passado eram tão esparsos, apenas breves instanta¢neos que não podem ser repetidos."

Os pesquisadores produziram visualizações que mostram concentrações de micropla¡sticos ao redor do globo. Frequentemente, as áreas de acumulação são devidas a s correntes de águalocais predominantes e zonas de convergaªncia, com a mancha do Paca­fico sendo o exemplo mais extremo.

“O que torna as plumas da foz de grandes rios nota¡veis ​​éque elas são uma fonte para o oceano, ao contra¡rio de lugares onde os micropla¡sticos tendem a se acumular”, disse Ruf.

Ruf diz que a informação pode ajudar as organizações que limpam micropla¡sticos a implantar navios e outros recursos de forma mais eficiente. Os pesquisadores já estãoem negociações com uma organização holandesa de limpeza, The Ocean Cleanup, sobre o trabalho conjunto para validar as descobertas iniciais da equipe. Dados de liberação de ponto aºnico também podem ser aºteis para a agaªncia das Nações Unidas, UNESCO, que patrocinou uma força-tarefa para encontrar novas maneiras de rastrear a liberação de micropla¡sticos nas a¡guas do mundo.

Satanãlites de rastreamento de furacaµes focam na poluição do pla¡stico

Desenvolvido pela Ruf e pela estudante de graduação Madeline Evans, o manãtodo de rastreamento usa dados existentes do CYGNSS, um sistema de oito microssatanãlites lana§ado em 2016 para monitorar o clima pra³ximo ao coração de grandes sistemas de tempestades e reforçar as previsaµes sobre sua gravidade. Ruf lidera a missão CYGNSS.

A chave para o processo éa rugosidade dasuperfÍcie do oceano, que o CYGNSS já mede por meio de radar. As medições tem sido usadas principalmente para calcular a velocidade do vento perto dos olhos de furacaµes, mas Ruf questionou se elas também poderiam ter outros usos.

"Esta¡vamos fazendo essas medições de radar da rugosidade dasuperfÍcie e usando-as para medir a velocidade do vento, e saba­amos que a presença de coisas na águaaltera sua capacidade de resposta ao meio ambiente", disse Ruf. "Então, tive a ideia de fazer tudo ao contra¡rio, usandomudanças na capacidade de resposta para prever a presença de coisas na a¡gua."

Usando medições independentes de velocidade do vento da NOAA, a equipe procurou por lugares onde o oceano parecia menos agitado do que deveria ser dada a velocidade do vento . Eles então compararam essas áreas com observações reais de arrastaµes de pla¢ncton e modelos de correntes oceânicas: que prevaªem a migração de micropla¡sticos. Eles encontraram uma alta correlação entre as áreas mais lisas e aquelas com mais micropla¡stico.

A equipe de Ruf acredita que asmudanças na rugosidade do oceano podem não ser causadas diretamente pelos micropla¡sticos, mas sim pelos surfactantes - uma familia de compostos oleosos ou com saba£o que reduzem a tensão superficial de um la­quido. Os surfactantes tendem a acompanhar os micropla¡sticos no oceano , porque geralmente são liberados junto com os micropla¡sticos e porque viajam e se acumulam de maneiras semelhantes quando estãona a¡gua.

 

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