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Draga£o de Komodo, 2 em 5 espanãcies de tubara£o morrem
Uma mensagem importante do Congresso da IUCN, que acontece na cidade francesa de Marselha, éque o desaparecimento de espanãcies e a destruia§a£o de ecossistemas são ameaa§as existenciais a par do aquecimento global
Por Kelly MacNamara - 04/09/2021


Estima-se que pelo menos 30 por cento do habitat do draga£o de Komodo seráperdido nos pra³ximos 45 anos.

Presos em habitats insulares diminua­dos pela elevação do mar, os dragaµes de Komodo da Indonanãsia foram listados como "em perigo" no sa¡bado, em uma atualização da Lista Vermelha da vida selvagem que também alertou que a pesca excessiva ameaça quase dois em cada cinco tubaraµes de extinção.

Cerca de 28 por cento das 138.000 espanãcies avaliadas pela Unia£o Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) estãoagora em risco de desaparecer na natureza para sempre, conforme o impacto destrutivo da atividade humana no mundo natural se aprofunda.

Mas a última atualização da Lista Vermelha de Espanãcies Ameaa§adas também destaca o potencial de restauração, com quatro espanãcies de atum pescadas comercialmente voltando de um decla­nio para a extinção após uma década de esforços para conter a sobreexploração.

A recuperação mais espetacular foi observada no atum rabilho do Atla¢ntico, que saltou de "em perigo" em três categorias para a zona segura de "menor preocupação".

A espanãcie - um dos pilares do sushi sofisticado no Japa£o - foi avaliada pela última vez em 2011.

"Isso mostra que a conservação funciona - quando fazemos a coisa certa, uma espanãcie pode aumentar", disse Jane Smart, diretora global do Grupo de Conservação da Biodiversidade da IUCN.

"Mas devemos permanecer vigilantes. Isso não significa que podemos ter uma pesca gratuita para essas espanãcies de atum."

'Chamada Clarion'

Uma mensagem importante do Congresso da IUCN, que acontece na cidade francesa de Marselha, éque o desaparecimento de espanãcies e a destruição de ecossistemas são ameaa§as existenciais a par do aquecimento global .

E a própria mudança climática estãoameaa§ando o futuro de muitas espanãcies, especialmente animais e plantas endaªmicas que vivem em pequenas ilhas ou em certos pontos cra­ticos de biodiversidade .

Os dragaµes de Komodo - os maiores lagartos vivos - são encontrados apenas no Parque Nacional de Komodo, listado como Patrima´nio Mundial, e nas vizinhas Flores.

A espanãcie "estãocada vez mais ameaa§ada pelos impactos dasmudanças climáticas", disse a IUCN: o aumento doníveldo mar deve reduzir seu minaºsculo habitat em pelo menos 30% nos pra³ximos 45 anos.

Fora das áreas protegidas, os tema­veis retrocessos também estãoperdendo terreno rapidamente a  medida que a pegada da humanidade se expande.

"A ideia de que esses animais pré-históricos deram um passo mais perto da extinção devido em parte a  mudança climática éassustadora", disse Andrew Terry, Diretor de Conservação da Sociedade Zoola³gica de Londres.
 
Seu decla­nio éum "toque de clarim para que a natureza seja colocada no centro de todas as tomadas de decisão" nas difa­ceis negociações climáticas da ONU em Glasgow, acrescentou.

'Uma taxa alarmante'

A pesquisa mais abrangente de tubaraµes e raias já realizada, entretanto, revelou que 37 por cento das 1.200 espanãcies avaliadas agora são classificadas como diretamente ameaa§adas de extinção, caindo em uma das três categorias: "vulnera¡veis", "em perigo" ou "criticamente em perigo".

Isso éum tera§o a mais de espanãcies em risco do que apenas sete anos atrás, disse o professor Nicholas Dulvy da Universidade Simon Fraser, principal autor de um estudo publicado na segunda-feira apoiando a avaliação da Lista Vermelha.

"O estado de conservação do grupo como um todo continua a se deteriorar e o risco geral de extinção estãoaumentando em uma taxa alarmante", disse ele a  AFP.

Cinco espanãcies de peixe-serra - cujos focinhos serrilhados se enroscam em equipamentos de pesca descartados - e o ica´nico tubara£o-mako estãoentre os mais ameaa§ados.

Os peixes Chondrichthyan, um grupo formado principalmente por tubaraµes e raias, "são importantes para os ecossistemas, economias e culturas", disse a  AFP Sonja Fordham, presidente da Shark Advocates International e coautora do pra³ximo estudo.

"Por não limitar suficientemente a captura, estamos colocando em risco a saúde do oceano e desperdia§ando oportunidades de pesca sustenta¡vel, turismo, tradições e segurança alimentar no longo prazo."

A Organização para a Alimentação e Agricultura relata cerca de 800.000 toneladas de tubaraµes capturados - intencionalmente ou oportunisticamente - a cada ano, mas a pesquisa sugere que o número real éduas a quatro vezes maior.

Rastreador de conservação

A IUCN no sa¡bado também lançou oficialmente seu "status verde" - o primeiro padrãoglobal para avaliar a recuperação de espanãcies e medir os impactos da conservação.

"Isso torna visível o trabalho invisível de conservação", disse Molly Grace, professora da Universidade de Oxford e copresidente da Green Status, em uma entrevista coletiva no sa¡bado.

Os esforços para conter o decla­nio extensivo no número e na diversidade de animais e plantas fracassaram em grande parte.

Em 2019, os especialistas em biodiversidade da ONU alertaram que um milha£o de espanãcies estãoa  beira da extinção - levantando o espectro de que o planeta estãoa  beira de seu sexto evento de extinção em massa em 500 milhões de anos.

O Congresso da IUCN éamplamente visto como um campo de testes para um tratado da ONU - a ser finalizado em uma cúpula em Kunming, China, em maio pra³ximo - para salvar a natureza.

“Gostara­amos de ver esse plano exigir o fim da perda de biodiversidade até2030”, disse Smart.

Uma pedra angular do novo acordo global poderia ser reservar 30% das terras e oceanos da Terra como áreas protegidas, acrescentou ela.

 

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