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Animais morreram em 'sopa ta³xica' durante a pior extinção em massa da Terra: um aviso para hoje
Os três ingredientes principais da sopa ta³xica são as emissaµes aceleradas de gases do efeito estufa, as altas temperaturas e os nutrientes abundantes.
Por Universidade de Connecticut - 17/09/2021


A proliferação de micróbios ta³xicos leva a eventos de morte de peixes e estãose tornando cada vez mais comum em lagos de águadoce. Crédito: Christian Fischer / Wikimedia Commons

O evento de extinção em massa do final do Permiano de cerca de 252 milhões de anos atrás - o pior evento desse tipo na história da Terra - foi associado a vastas emissaµes vulcânica s de gases de efeito estufa, um grande aumento de temperatura e a perda de quase todas as espanãcies nos oceanos e assim por diante terra.

Agora, parece que mesmo os lagos e rios não eram refaºgios seguros. Um estudo recente publicado por uma equipe internacional de pesquisadores, incluindo o professor e chefe do Departamento de Geociências Tracy Frank e o professor Chris Fielding, ambos recanãm-chegados a  UConn, identificou uma nova causa de extinção durante eventos de aquecimento extremo: proliferação microbiana ta³xica.

Em um ecossistema sauda¡vel, algas microsca³picas e cianobactanãrias fornecem oxigaªnio aos animais aqua¡ticos como um produto residual de sua fotossa­ntese. Mas quando seu número fica fora de controle, esses micróbios esgotam o oxigaªnio livre e atémesmo liberam toxinas na a¡gua. Ao estudar fa³sseis, sedimentos e registros químicos de rochas perto de Sydney, Austra¡lia, os pesquisadores descobriram que vários pulsos de eventos de floração ocorreram logo após os primeiros estrondos vulca¢nicos da extinção em massa do final do Permiano. Depois que os animais que se alimentam do fundo, ou "detrita­voros", eram mortos, não havia mais ninguanãm para controlar os micróbios. Os sistemas de águadoce fervilhavam de algas e bactanãrias, atrasando a recuperação dos animais por talvez milhões de anos.

Frank e Fielding estudam sedimentos, e Frank explica sua contribuição para o trabalho, que foi realizado enquanto ambos estavam na Universidade de Nebraska osLincoln, estava coletando detalhes sobre as condições do ambiente e a sopa ta³xica resultante das camadas de sedimento.

"Estamos tentando entender em que condições essas plantas viviam, por exemplo, se eram depa³sitos de lagos e depa³sitos de rios", diz Frank. "Então o que podemos determinar detalhes sobre a salinidade e as temperaturas das a¡guas, esses detalhes vão da geoquímica."

Os três ingredientes principais da sopa ta³xica são as emissaµes aceleradas de gases do efeito estufa, as altas temperaturas e os nutrientes abundantes. As erupções vulcânica s forneceram os dois primeiros, enquanto o desmatamento repentino causou o terceiro. Quando as a¡rvores foram exterminadas, o solo escoou para os rios e lagos, fornecendo todos os nutrientes de que os micróbios precisariam. Quando os pesquisadores compararam os registros fa³sseis de diferentes extinções em massa relacionadas ao aquecimento, a equipe encontrou registros fa³sseis extremamente semelhantes. Isso implica em florações microbianas mortais como agressores recorrentes de extinções de águadoce durante eventos de aquecimento extremo.
 
Hoje, os humanos tem seguido essa receita e a proliferação de micróbios de águadoce estãoaumentando, ilustrando a importa¢ncia das geociências na compreensão do passado de maneiras que oferecem um contexto crucial para a compreensão dasmudanças contempora¢neas no clima.

"Estamos vendo mais e mais proliferações de algas ta³xicas em lagos e em ambientes marinhos rasos, relacionadas a aumentos de temperatura emudanças nas comunidades de plantas que estãolevando a aumentos nas contribuições de nutrientes para ambientes de águadoce", disse Frank. "Então, hámuitos paralelos com os dias de hoje. O vulcanismo era uma fonte de CO 2 no passado, mas sabemos que a taxa de entrada de CO 2 observada naquela anãpoca era semelhante a  taxa de aumento de CO 2 que vemos hoje por causa dos efeitos antropogaªnicos.

"Podemos ter uma noção de quanto o clima mudou no passado, quais são os extremos, quanto rápido pode mudar, quais são as causas dasmudanças climáticas e isso nos da¡ um bom pano de fundo para entender o que estãoacontecendo hoje."

De acordo com o relatório deste ano do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Clima¡ticas (IPCC), a influaªncia dos humanos nasmudanças climáticas é"inequa­voca", criando condições que favorecem a disseminação desses micróbios amantes do calor. Em combinação com um influxo de nutrientes da poluição da a¡gua, principalmente da agricultura e do desmatamento, isso levou a um aumento acentuado de florações ta³xicas. Os resultados: mortandade em massa de peixes, graves efeitos para a saúde humana e do gado e um custo anual mensura¡vel em bilhaµes de da³lares.

"O final do Permian éum dos melhores lugares para procurar paralelos com o que estãoacontecendo agora", diz Fielding.

“O outro grande paralelo éque o aumento da temperatura no final do Permiano coincidiu com aumentos massivos nos incaªndios florestais. Uma das coisas que destruiu ecossistemas inteiros foi o fogo, e estamos vendo isso agora em lugares como a Califa³rnia. a‰ de se perguntar quais sera£o as consequaªncias de eventos como esse a longo prazo, a  medida que estãose tornando cada vez mais difundidos. "

Esses são sintomas claros de um ecossistema desequilibrado, e o presente estudo indica que os impactos dos eventos de floração podem ecoar por um tempo extremamente longo. No entanto, ao contra¡rio das espanãcies que sofreram extinções em massa no passado, temos a oportunidade de evitar essas proliferações ta³xicas, mantendo nossos cursos de águalimpos e reduzindo nossas emissaµes de gases de efeito estufa.

“O mais assustador éque estamos acostumados a pensar em termos de escalas de tempo de anos, talvez dezenas de anos, se realmente nos aventuramos. A extinção em massa do fim do Permiano levou quatro milhões de anos para se recuperar. Isso épreocupante”, diz Fielding.

 

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