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As tripas de morcego ficam menos sauda¡veis ​​com a dieta de 'fast food' das plantações de banana
Este éo primeiro estudo a mostrar uma associaa§a£o entre alteraça£o de habitat, agricultura sustenta¡vel e a microbiota intestinal da vida selvagem.
Por Fronteiras - 23/09/2021


Morcego de la­ngua comprida de Pallas (Glossophaga soricina), alimentando-se de nanãctar de bananeiras na Costa Rica. Crédito: Julian Schneider

Morcegos que se alimentam de nanãctar em plantações de banana de manejo intensivo na Costa Rica tem um conjunto menos diverso de micróbios intestinais em comparação aos morcegos que se alimentam em seu habitat natural de floresta ou plantações orga¢nicas, revela uma nova pesquisa publicada hoje na Frontiers in Ecology and Evolution . Este éo primeiro estudo a mostrar uma associação entre alteração de habitat, agricultura sustenta¡vel e a microbiota intestinal da vida selvagem.

"As monoculturas de banana orga¢nica e convencional fornecem uma fonte de alimento muito confia¡vel para algumas espanãcies de morcegos que se alimentam de nanãctar. No entanto, os morcegos que buscam alimentos nas plantações de manejo intensivo tinham uma diversidade reduzida de micróbios intestinais, o que poderia ser um sinal de disbiose intestinal, uma doença prejudicial a  saúde desequila­brio de seus simbiontes microbianos ”, explica Priscilla Alpa­zar, primeira autora deste estudo, doutoranda do Instituto de Ecologia Evolutiva e Gena´mica da Conservação da Universidade de Ulm, na Alemanha.

"Em contraste, os morcegos que buscam alimentos nas plantações de banana orga¢nica tinham microbiotas intestinais diversas e individualizadas que eram mais parecidas com suas contrapartes naturais que buscam alimentos na floresta."

Fast food reduz a diversidade bacteriana

A disbiose intestinal éum desequila­brio persistente da comunidade de micróbios do intestino e tem sido associada a problemas de saúde, como maior suscetibilidade a doena§as. Estudos em humanos mostraram que uma dieta de fast food pode causar disbiose, reduzindo a diversidade de bactanãrias encontradas no intestino. Este éum dos primeiros estudos a mostrar que um efeito semelhante pode acontecer na vida selvagem.

“Quera­amos explorar o impacto que as plantações intensivas, compostas por vastas áreas exclusivamente de bananeiras, tem sobre a vida selvagem local e entender se a agricultura sustenta¡vel tem os mesmos efeitos”, diz Alpizar.

Morcego de la­ngua comprida de Pallas (Glossophaga soricina), alimentando-se de
nanãctar de bananeiras na Costa Rica. Crédito: Julian Schneider

Os pesquisadores examinaram amostras fecais de morcegos forrageando em plantações orga¢nicas e intensivas de banana, bem como de morcegos se alimentando em seu habitat natural, para descobrir quais grupos bacterianos estavam presentes, ausentes, mais comuns ou ligados a um habitat especa­fico. Eles também mediram a condição corporal do morcego, que inclua­a seu tamanho e peso.

“Os morcegos forrageando nas plantações convencionais e orga¢nicas de banana eram maiores e mais pesadas do que suas contrapartes florestais, o que sugere que as plantações fornecem uma fonte confia¡vel de alimento”, relata Alpa­zar.

Perda de bactanãrias aºteis?

"Encontramos uma ligação interessante entre a composição do microbioma intestinal e a condição dos morcegos. Algumas bactanãrias intestinais estavam associadas apenas a morcegos de maior massa corporal residual e a s de florestas naturais, sugerindo que esses micróbios poderiam desempenhar um papel na deposição de gordura. Desde morcegos forrageando em plantações de banana não precisam voar longas distâncias para procurar comida, faz sentido que esses morcegos não precisem de ajuda especial de bactanãrias para armazenar gordura. No entanto, para morcegos forrageadores florestais , a deposição de gordura éimportante porque os alimentos ésazonal e amplamente distribua­do em manchas. "
 
Mais pesquisas são necessa¡rias para entender se os pesticidas, ou o fornecimento de uma fonte de alimento abundante, mas única , causam as alterações na microbiota intestinal do morcego e, além disso, se háconsequaªncias de longo prazo para a saúde do morcego.

"Nosso estudo mostra que prática s agra­colas mais sustenta¡veis ​​podem ter menos impacto sobre a vida selvagem. Esperana§osamente, nossas descobertas podem levar os esforços para trabalhar em conjunto com produtores e consumidores para encontrar prática s agra­colas mais sustenta¡veis ​​e amiga¡veis ​​aos morcegos", conclui Alpa­zar.

 

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