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Finalmente: COP considera cidades e a crise climática
Hoje, quinta-feira , 11 de novembro de 2021, a COP em Glasgow considerara¡ tardiamente a importa¢ncia das cidades para a crise climática iminente
Por Michael Keith - 13/11/2021


O crescimento global das cidades, especialmente no sul global, entrincheirara¡ e incorporara¡ as pessoas em concentrações urbanas de informalidade. Crédito: Shutterstock.

A maior ameaça a  capacidade de sobrevivaªncia da humanidade no planeta éa crise climática. A mudança mais significativa na forma como a humanidade habita éa mudança para a cidade. Sem compreender o último, nunca abordaremos com sucesso o primeiro.

Já sabemos que o crescimento global das cidades, particularmente no sul global, entrincheirara¡ e enraizara¡ as pessoas em concentrações urbanas de informalidade. Se a população do globo crescera¡ para os 2,5 bilhaµes de pessoas previstos até2050, uma proporção significativa vivera¡ em situações de precariedade residencial urbana ou ocupara¡ Espaços urbanos onde os mercados de trabalho são informais (e invisa­veis para o estado) e locais onde as pessoas são vulnera¡veis ​​aos riscos ambientais, poluição e insegurança jura­dica.

"A mudança mais significativa na forma como a humanidade habita éa mudança para a cidade. Sem entender o último, nunca abordaremos com sucesso o primeiro"


A mudança climática não determina esses resultados urbanos. Esta éuma via de ma£o dupla, uma interação entre as cidades do futuro e a forma como a crise climática se desenrola. Onde os 2,5 bilhaµes vivem e trabalham determinara¡ o metabolismo das cidades, a pegada de carbono de um globo urbano.

As negociações no COP são mediadas entre os estados-nação. E embora as cidades estejam presentes em Glasgow, elas tem na­veis variados de responsabilidade e poderes delegados, propensão varia¡vel para fazer a diferença em sua própria pegada de carbono. Nunca foi tão importante aumentar nossa compreensão de como as pessoas ira£o morar nas cidades do futuro, a fim de moldar respostas políticas para a crise climática, particularmente em cidades estruturadas por informalidades de manãdio e longo prazo.

O significado da escala do movimento hoje define uma tensão anãtica e possa­veis trade-offs entre as necessidades das comunidades que já sofrem de pobreza e uma obrigação para aqueles que ainda não nasceram e outros que ainda não chegaram a  cidade. Um termo comumente usado para 'refugiados do clima' foi cunhado na década de 1990, associado ao ambientalista Norman Myers. Em 2008, a ONU chegou a prever que haveria entre 50 milhões e 200 milhões de 'migrantes ambientais' em 2010. O fena´meno foi muitas vezes visto por olhos eurocaªntricos, cautelosos com o movimento de pessoas de uma parte do mundo internacionalmente, implicitamente do global do sul ao norte global. Mas o 'não comparecimento' das ondas de migração climática desvalorizou o termo, apesar da 'crise migrata³ria' de 2015/16 e dos eventos contempora¢neos na fronteira polonesa com a Bielo-Raºssia.

No entanto, a escala de migração para a cidade reinicia essa narrativa. Nas últimas décadas, a escala geogra¡fica do movimento global, no sul global a partir do sul global éna realidade continental. A distinção entre migração interna e internacional comea§a a desaparecer empaíses como China e andia, quando se considera o movimento de pessoas de Bihar para Mumbai ou Sichuan para a costa leste, o Delta do Rio das Panãrolas e a regia£o da cidade de Xangai do Rio Yangste no crescimento do novo bilha£o urbano da China.

"a‰ importante avaliar como a escala da informalidade oferece desafios e oportunidades semelhantes. Precisamos entender como essas cidades vibrantes tera£o um impacto particular nos resultados clima¡ticos"


A maneira como entendemos essa interface entre asmudanças climáticas e as mobilidades das pessoas exige uma compreensão mais sutil da crise climática - onde levamos em consideração como o crescimento urbano no sul impacta tanto o norte quanto o sul. O que isso significa éque precisamos entender essas cidades e as relações com o setor informal e o governo. Em particular, éimportante avaliar como a escala da informalidade oferece desafios e oportunidades semelhantes. Precisamos entender como essas cidades que respiram com vida tera£o um impacto especa­fico nos resultados clima¡ticos.

Nãopodemos ver o globo urbano atravanãs de uma lente que privilegia cidades que se parecem com Dublin, mais do que Dar Es Salaam. Isso requer um tipo diferente de pensamento sobre a dina¢mica das cidades. a‰ um tipo de pensamento que não assume que as tecnologias e a ciência do norte global funcionam no sul global e gera resultados sociais e econa´micos idaªnticos.

Temos que entender que a escala de migrantes que se deslocam para as cidades exige que vejamos com os olhos daqueles que ainda não chegaram e ainda não nasceram.


Michael Keith
Professor do Centro de Pola­tica de Migração e Sociedade e Diretor da Rede do Futuro das Cidades e do programa de pesquisa global PEAK Urban internacional sobre o futuro urbano da Universidade de Oxford.

As opiniaµes expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es), não refletindo necessariamente a posição institucional do maisconhecer.com

 

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