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Baleens leu como o livro de história de uma baleia
Baleens são feitos de material semelhante a chifres e, como cabelos ou unhas, crescem a uma taxa fixa, neste caso de 10 a 16 cm por ano. Quanto mais longe da manda­bula superior da baleia, mais para trás no tempo a barbatana foi formada.
Por Royal Netherlands Institute for Sea Research - 08/12/2021


Uma barbatana de baleia na bancada do laboratório antes do processamento para análise de isãotopos esta¡veis. Crédito: Philip Riekenberg

Ao analisar quimicamente amostras sequenciais de barbatanas de baleias mortas, épossí­vel ler não apenas a história da dieta, mas também a rota de migração dos animais. Na última edição da revista Royal Society Open Science , o pesquisador do NIOZ Philip Riekenberg e colegas da Utrecht University e Wageningen Marine Research apresentam seus resultados de uma nova maneira de analisar isãotopos de nitrogaªnio em tecido animal. "Neste estudo, mostramos pela primeira vez que épossí­vel fazer medições de aminoa¡cidos individuais em todo o comprimento de uma barbatana, para reconstruir em grande detalhe a história do animal", geoqua­mico marinho Marcel van der Meer da NIOZ, e diz um dos coordenadores do estudo.

Cresce como um cabelo

Para sua pesquisa, Riekenberg perfurou amostras em pa³ de baleens individuais de baleias encalhadas ou animais encontrados mortos na proa de um navio que chegava ao porto. Esses baleens são estruturas semelhantes a placas que se assentam como uma cortina na manda­bula superior das baleias da subordem Mysticeti ou baleias de barbatanas. Depois de engolir um bocado de águado mar, as baleias de barbatanas espremem a águade volta, deixando comida , como o krill, "nas cortinas".

Baleens são feitos de material semelhante a chifres e, como cabelos ou unhas, crescem a uma taxa fixa, neste caso de 10 a 16 cm por ano. Quanto mais longe da manda­bula superior da baleia, mais para trás no tempo a barbatana foi formada. E porque 'uma baleia éo que ela come', Riekenberg e seus colegas queriam investigar como exatamente reconstruir informações sobre sua dieta ou localização de forrageamento na Terra.

Isãotopos

Para o estudo, eles examinaram, entre outras coisas, os vários isãotopos de nitrogaªnio. Além do 'nitrogaªnio-14' mais abundante, hátambém uma versão mais pesada, o 'nitrogaªnio-15', que possui um naªutron extra. Quando um animal digere o pla¢ncton, parte da protea­na do pla¢ncton éusada para criar as próprias protea­nas do animal. Nesse processo, a concentração do nitrogaªnio pesado aumenta um pouco a cada etapa da cadeia alimentar. Como resultado, os animais no topo da cadeia alimentar contem cada vez mais nitrogaªnio-15. O pla¢ncton contanãm menos nitrogaªnio pesado-15 do que o krill, que por sua vez contanãm menos nitrogaªnio pesado do que os peixes que comem krill e assim por diante.

Mas mesmo em lugares diferentes da Terra, as concentrações de nitrogaªnio-15 não são iguais: quanto mais alto ao norte do oceano Atla¢ntico se vai, mais pesado o nitrogaªnio se torna na águae, portanto, no pla¢ncton.

Aminoa¡cidos individuais

Para ser capaz de distinguir os efeitos potenciais da posição na cadeia alimentar e da latitude da área de forrageamento, Riekenberg aplicou um novo truque: ele analisou as diferentes formas de nitrogaªnio em aminoa¡cidos individuais.
 
Certos aminoa¡cidos (os blocos de construção das protea­nas) não podem ser produzidos pelo corpo. Como resultado, esses aminoa¡cidos essenciais ou de origem permanecem quase todos intactos ao longo da cadeia alimentar. Ele não se torna progressivamente mais pesado a cada passo de alimentação ou sendo comido. Outros, os chamados aminoa¡cidos tra³ficos, são retrabalhados e mudam em cada etapa da cadeia alimentar. Assim, a diferença na composição do nitrogaªnio entre os aminoa¡cidos tra³ficos e de origem éuma medida de quanto alto ela estãona cadeia alimentar (independentemente da alteração da composição do isãotopo de nitrogaªnio esta¡vel regional).

O tra³fico vs fonte amino a¡cido diferença pareceu ser constante ao longo da barbatana, o que significa que estes indivíduos comeram no mesmonívelna cadeia alimentar todo o período de sua barbatana foi formado. Assim, as diferenças nos isãotopos de nitrogaªnio nas barbatanas tinham que ser um 'efeito geogra¡fico', registrando a presença das baleias em a¡guas com diferentes composições de nitrogaªnio.

Analisando as camadas dos baleens, Riekenberg de fato observou padraµes de migração anual entre os oceanos artico e Atla¢ntico Norte. A concentração de nitrogaªnio -15 nas camadas dos baleens variou de relativamente alta a baixa e vice-versa durante esse período.

Prova de princa­pio

Van der Meer estãoanimado com os resultados deste estudo. "Mostramos que épossí­vel analisar aminoa¡cidos individuais e extrair deles informações muito detalhadas. No primeiro caso, isso era principalmente uma prova de princa­pio. Mas, no futuro, poderemos descobrir não apenas o que uma baleia encalhada comeu, mas também onde nadou nos últimos meses, o que pode ajudar a identificar as vias de migração de populações ameaa§adas. Essa informação ainda pode ser extraa­da de baleias em coleções de museus. Isso pode ser útil para identificarmudanças a longo prazo na dieta e nas migrações devido aos impactos humanos. "

 

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