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Remodelar o artico com mama­feros provavelmente ineficaz na redução do impacto da mudança climática
As descobertas, publicadas na revista PNAS , tem implicaçaµes importantes para propostas para evitar que os solos do artico hoje descongelem pela reintrodua§a£o de animais como bisaµes e cavalos.
Por Universidade de Southampton - 20/12/2021


Imagem de bisonte. Crédito: Duane Froese

Um novo estudo lançou uma nova luz sobre por que grandes mama­feros morreram no final da idade do gelo, sugerindo que sua extinção foi causada pelo aquecimento do clima e pela expansão da vegetação que criou habitat inadequado para os animais. As descobertas, publicadas na revista PNAS , tem implicações importantes para propostas para evitar que os solos do artico hoje descongelem pela reintrodução de animais como bisaµes e cavalos.

Cerca de 14.000 anos atrás, no final da última idade do gelo, paisagens abertas e relvadas que se estendiam para o leste da Frana§a, atravanãs do agora submerso Mar de Bering atéo Yukon, no Canada¡, foram transformadas pela rápida expansão dos arbustos. Ao mesmo tempo, várias espanãcies ica´nicas de mama­feros que habitavam o que hoje éo Alasca e o Yukon, como o mamute lanoso , foram extintas, e a arqueologia registra a presença humana na regia£o.

Essas antigas coincidaªncias levaram a  sugestãode que a caça humana causou a morte dos mama­feros, e sua perda levou a  expansão dos arbustos , já que eles não estavam la¡ para pisar na vegetação e colocar nutrientes de volta no solo.

Hoje, com o forte aquecimento a¡rtico, os arbustos estãose espalhando ainda mais ao norte, nas regiaµes de tundra. Agora épopular defender que uma forma de reflorestamento - onde os animais são devolvidos aos seus ecossistemas originais para restaurar as condições mais "naturais" - pode reverter a tendaªncia de aumento da cobertura de arbustos, com possí­vel benefa­cio de manter o carbono armazenado no solo. Isso ocorre porque a vegetação rasteira expaµe o solo a condições mais frias do que a cobertura de arbustos e, portanto, o solo e o carbono que ele contanãm permanecem bem congelados.

Outros defendem que asmudanças climáticas impulsionaram asmudanças na vegetação e na paisagem, e isso levou a  perda dos animais a  medida que seu habitat desaparecia.

Para testar essas hipa³teses alternativas, uma equipe de pesquisa internacional examinou registros de pa³len fa³ssil preservado em sedimentos de lagos no Alasca e Yukon por milhares de anos. Concentrando-se em registros que atendiam a critanãrios de datação ra­gidos, a equipe poderia identificar com precisão o momento da expansão dos arbustos nesta regia£o. Eles então compararam isso com a forma como o número de ossos datados por radiocarbono de cavalos, bisaµes, mamutes e alces mudou ao longo do tempo - o que lhes forneceu uma estimativa dasmudanças no tamanho de suas populações.
 
Seus resultados mostraram que arbustos de salgueiro e banãtula começam a se expandir pelo Alasca e Yukon hácerca de 14.000 anos, quando registros de ossos datados indicam que grandes mama­feros pastando ainda eram abundantes na paisagem.

"Nosso estudo usa um teste preditivo claro para avaliar duas hipa³teses opostas sobre grandes animais em ecossistemas de tundra antigos e modernos: que os animais desapareceram antes que os arbustos aumentassem, ou que os arbustos aumentaram antes de os animais desaparecerem", disse a professora Mary Edwards, da Universidade de Southampton, que fazia parte da equipe de estudo.

Dr. Ali Monteath, o principal autor das Universidades de Alberta e Southampton, acrescenta "Os resultados apoiam a ideia de que, no final da última era do gelo, uma grande mudança para condições mais quentes e aºmidas transformou a paisagem de uma forma altamente desfavora¡vel aos animais, inclusive mamutes ".

As descobertas sugerem que a mudança climática foi o principal controlador dos ecossistemas do norte e que os grandes herba­voros não foram capazes de manter seu ambiente a  medida que os arbustos se espalharam. "Embora os humanos possam ter agravado o decla­nio populacional, nossos resultados sugerem que a mudança na vegetação causada pelo clima foi a principal razãodo desaparecimento dos mama­feros", acrescentou o professor Edwards.

Retornando ao conceito de rewilding o Norte com grandes mama­feros que estãoatualmente ausentes da regia£o, a equipe de pesquisa conclui que isso provavelmente não transformaria a vegetação em grandes áreas e, portanto, faria pouco para reduzir a liberação de carbono do permafrost a¡rtico.

O coautor do estudo, Professor Duane Froese, da Universidade de Alberta, disse: "Experimentos de recomposição na escala de piquetes locais, como foi feito por exemplo no Parque do Pleistoceno (NE Sibanãria), mostram que megaherba­voros podem alterar seu ambiente, promovermudanças na vegetação e atéresfriar a temperatura do solo, mas essas densidades animais são muito maiores do que esperara­amos para os ecossistemas do Pleistoceno. Nosso estudo mostra que o efeito do pastejo da megafauna épequeno em escalas subcontinentais, mesmo com a presença de mamutes, e o clima, mais uma vez, éo principal driver desses sistemas. "

Benjamin Gaglioti, da University of Alaska-Fairbanks, acrescentou: "A hipa³tese de que a reintrodução da megafauna evitara¡ ou retardara¡ o degelo do permafrost e a mudança da vegetação provocados pelo aquecimento no artico foi reforçada pela ideia de que a megafauna do Pleistoceno foi fundamental para a manutenção dos ecossistemas da era do gelo. Em contraste com essa previsão, nossos resultados mostram que os ecossistemas de alta latitude responderam com sensibilidade a eventos de aquecimento anteriores, embora a megafauna fosse abundante na paisagem. Esses resultados da£o suporte a  hipa³tese de que a reintrodução da megafauna hoje pouco fara¡ para dessensibilizar os ecossistemas de alta latitude aos humanos aquecimento impulsionado. "

 

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