Mundo

Peixe mexicano extinto na natureza reintroduzido com sucesso
Cientistas e residentes, no entanto, conseguiram o retorno de uma espanãcie extinta na natureza - mas conservada em cativeiro - ao seu habitat nativo.
Por María Verza - 02/01/2022


Nesta foto sem data fornecida pelo The Chester Zoo mostra dois peixes "tequila splitfin" em um aqua¡rio no Chester Zoo em Chester, Inglaterra. Esse peixe que nadava nas a¡guas alimentadas por nascentes do centro-oeste do Manãxico desapareceu no final do século 20, mas cientistas e residentes locais conseguiram o impensa¡vel: o retorno de uma espanãcie extinta na natureza, mas conservada em cativeiro, ao seu habitat nativo. Crédito: The Chester Zoo via AP

Era uma vez um pequeno peixe chamado "tequila splitfin" ou "zoogoneticus tequila" que nadava em um rio no oeste do Manãxico, mas desapareceu na década de 1990. Cientistas e residentes, no entanto, conseguiram o retorno de uma espanãcie extinta na natureza - mas conservada em cativeiro - ao seu habitat nativo.

Seu sucesso agora estãoentrelaa§ado com a identidade da comunidade e sendo promovido internacionalmente.

Tudo começou hámais de duas décadas em Teuchitla¡n, uma cidade perto do VulcãoTequila. Meia daºzia de alunos, entre eles Omar Doma­nguez, começou a se preocupar com os peixinhos que cabiam na palma de uma ma£o e são haviam sido vistos no rio Teuchitla¡n. Ele havia desaparecido das a¡guas locais, aparentemente devido a  poluição, a s atividades humanas e a  introdução de espanãcies não nativas.

Doma­nguez, hoje pesquisador de 47 anos da Universidade de Michoaca¡n, diz que na anãpoca são os mais velhos se lembravam do peixe chamado "gallito" ou "galo pequeno" por causa de sua cauda laranja.

Em 1998, conservacionistas do Zoola³gico de Chester, na Inglaterra, e de outras instituições europeias, chegaram para ajudar a montar um laboratório para a conservação de peixes mexicanos. Eles trouxeram vários pares de peixes splitfin tequila de aqua¡rios de coletores, disse Doma­nguez.

Os peixes começam a se reproduzir em aqua¡rios e dentro de alguns anos Doma­nguez e seus colegas apostaram na reintrodução deles no rio Teuchitla¡n. "Eles nos disseram que era impossí­vel, (que) quando os devolvaªssemos, eles iriam morrer."

Então, eles procuraram opções. Eles construa­ram um lago artificial para uma etapa de semicegulador e em 2012 colocaram 40 pares nele.

Dois anos depois, havia cerca de 10.000 peixes. O resultado garantiu financiamento, não são do Zoola³gico de Chester, mas também de uma dezena de organizações da Europa, Estados Unidos e Emirados arabes Unidos, para levar o experimento atéo rio.

La¡ eles estudaram parasitas, microrganismos na a¡gua, a interação com predadores, competição com outros peixes e, em seguida, introduziram os peixes em gaiolas flutuantes.

O objetivo era restabelecer o equila­brio fra¡gil. Para essa parte, a chave não eram tanto os cientistas, mas os residentes locais.

“Quando comecei o programa de educação ambiental, pensei que eles iriam fazer ouvidos moucos para nos... e no ini­cio isso aconteceu”, disse Doma­nguez.

Mas os conservacionistas tiveram sucesso com paciaªncia e anos de shows de fantoches, jogos e explicações sobre o valor ecola³gico e para a saúde da "tequila zoogoneticus" - os peixes ajudam a controlar os mosquitos que espalham a dengue.
 
Alguns moradores inventaram um apelido para o peixinho: "Zoogia". Eles fizeram caricaturas e formaram os "Guardiaµes do Rio", um grupo principalmente de criana§as. Eles coletam lixo, limpam o rio e removem plantas invasoras.

Doma­nguez disse que édifa­cil dizer se a qualidade da águaémelhor porque não hádados anteriores para comparar, mas todo o ecossistema melhorou. O rio estãomais limpo, hámenos espanãcies não nativas e o gado não pode mais beber em algumas áreas.

Os peixes se multiplicaram rapidamente dentro de suas gaiolas flutuantes. Em seguida, eles foram marcados para que pudessem ser seguidos e libertados. Era final de 2017 e em seis meses a população aumentou 55%. No maªs passado, os peixes haviam se expandido para outra parte do rio.

A reintrodução na natureza de espanãcies que foram extintas na natureza écomplexa e demorada. O cavalo de Przewalski e o a³rix a¡rabe estãoentre os exemplos de sucesso. O Chester Zoo disse em 29 de dezembro que a tequila splitfin se juntou a esse pequeno grupo.

"O projeto foi citado como um estudo de caso da Unia£o Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) para reintroduções globais bem-sucedidas - com estudos cienta­ficos recentes confirmando que os peixes estãoprosperando e já se reproduzindo no rio", disse o zoola³gico em um comunicado.

“Este éum momento importante na batalha pela conservação das espanãcies”, disse Gerardo Garca­a, curador do zoola³gico de vertebrados inferiores e invertebrados.

A lista vermelha de espanãcies ameaa§adas da IUCN relaciona a tequila splitfin como ameaa§ada de extinção. Os ecossistemas de águadoce do Manãxico estãosob pressão da poluição, extração excessiva de recursos ha­dricos e outros fatores. Mais de um tera§o das 536 espanãcies de peixes de águadoce avaliadas nopaís estãoameaa§adas de extinção, de acordo com um relatório de 2020 liderado pela IUCN e pelo BioPark ABQ nos Estados Unidos.

Ainda assim, no Manãxico, Doma­nguez e sua equipe já comea§am a trabalhar em outro peixe considerado extinto na natureza: a "skiffia francesae". O Golden Skiffia poderia algum dia se juntar a "Zoogy" no rio Teuchitla¡n.

 

.
.

Leia mais a seguir