Mundo

Bia³logo discute 100 anos de pesquisa em hierarquias de domina¢ncia animal
Pesquisadores como a bia³loga Elizabeth Hobson, da Universidade de Cincinnati, examinaram as complexidades do conflito e da competia§a£o em espanãcies tão diversas quanto primatas, baleias, pa¡ssaros e insetos.
Por Michael Miller - 13/01/2022


A professora assistente da UC Elizabeth Hobson estuda o comportamento animal, incluindo hierarquias de domina¢ncia. Ela trabalhou com pa¡ssaros altamente sociais, como periquitos-monge. Crédito: Michael Miller

As hierarquias de domina¢ncia foram descritas pela primeira vez em galinhas háum século por um zoa³logo norueguaªs que cunhou o termo "ordem de hierarquia".

Desde então, pesquisadores como a bia³loga Elizabeth Hobson, da Universidade de Cincinnati, examinaram as complexidades do conflito e da competição em espanãcies tão diversas quanto primatas, baleias, pa¡ssaros e insetos.

Hobson, professor assistente de biologia na Faculdade de Artes e Ciências da UC, contribuiu para essa discussão em vários estudos publicados, particularmente em pa¡ssaros como periquitos-monge. Este maªs, ela coeditou uma edição especial da revista Philosophical Transactions of the Royal Society B dedicada a um século de pesquisa sobre hierarquias de domina¢ncia .

Hobson também éautor de um novo estudo na revista usando mineração de dados no Google Scholar para examinar tendaªncias no campo das hierarquias de domina¢ncia. Ela encontrou cada vez mais publicações sobre o tema em cada década, totalizando 26.000 artigos publicados nos últimos 100 anos. O crescimento de trabalhos publicados a cada década, juntamente com as diversas comunidades que estudam o tema, sugerem que as hierarquias de domina¢ncia ainda cativam os pesquisadores por tudo o que ensinam sobre o comportamento animal.

O assunto continua a intrigar tanto o paºblico quanto os pesquisadores porque nós, como sociedade, muitas vezes estamos preocupados com conflito e competição, disse Hobson.

"Pense no interesse que temos em esportes e competição", disse Hobson. "Descobrir quem éo melhor estãopor trás de muito do que gostamos de assistir."

Thorleif Schjelderup-Ebbe, da Noruega, descreveu pela primeira vez as hierarquias de domina¢ncia em sua dissertação em 1921, enquanto estudava como as galinhas domésticas criam ordens de hierarquia e entendem seu lugar nelas. As galinhas bicam aquelas com status mais baixo e, por sua vez, são bicadas por aves de classificação mais alta.

"Ele écomo o Charles Darwin das hierarquias de domina¢ncia", disse Hobson. "Muitos núcleos de percepção que ele teve 100 anos atrás se mantem hoje."

Um artigo introduta³rio de Hobson e seus coeditores se baseia liberalmente na escrita colorida de Schjelderup-Ebbe para mostrar como suas ideias de um século atrás ainda ressoam hoje.

"Qualquer um que pense que os habitantes de um galinheiro são criaturas irrefletidas e felizes com uma vida dia¡ria de prazer imperturba¡vel... estãocompletamente enganado", escreveu ele. "Uma grande seriedade paira sobre o galinheiro. Entrar e ser hiperagressivo pode permitir que vocêsuba ao topo da hierarquia. sobre. "
 
Schjelderup-Ebbe mais tarde estudaria e ensinaria sociologia e psicologia. Em 1939, quando o fascismo se espalhou pela Europa, ele disse: "O despotismo éa ideia ba¡sica do mundo, indissoluvelmente ligada a toda a vida e existaªncia".

Pode ser fa¡cil ver um reflexo de nossas vidas na luta dia¡ria dos animais . Mas Hobson disse que seria uma simplificação excessiva considerando o vasto espectro de emoções humanas, nossas motivações complicadas e nossos relacionamentos ainda mais complexos.

"Vocaª deve ter cuidado ao fazer comparações individuais", disse Hobson. "a‰ mais uma analogia. O que vemos nos animais e o que isso poderia nos dizer sobre como as pessoas interagem?"

Mesmo assim, as pessoas ficam fascinadas com a luta.

A edição da revista foi coeditada por Eli Strauss, pesquisadora de pa³s-doutorado no Instituto Max Planck de Comportamento Animal; James Curley, professor associado de psicologia da Universidade do Texas em Austin; e Daizaburo Shizuka, professor associado de biologia da Universidade de Nebraska em Lincoln.

"De todos os tópicos de biologia comportamental, a domina¢ncia deve ser um dos mais familiares para os não cientistas, provavelmente porque as estruturas de poder são tão intuitivamente familiares para nós", disse o coeditor Strauss.

Mas, ao contra¡rio da sabedoria convencional , a dominação geralmente tem mais a ver com circunsta¢ncias e oportunidades do que bons genes ou tamanho e condição superiores.

“A ideia de que os animais mais dominantes obtem mais oportunidades e recursos de acasalamento não estãocompletamente errada, mas também éexcessivamente simplista”, disse ele.

Strauss disse que em alguns casos, os animais dominantes enfrentam maior risco de ferimentos em batalhas frequentes defendendo sua posição ou territa³rio. Como resultado, alguns animais não mantem seu status por muito tempo.

E talvez surpreendentemente, com o tempo, muitos indivíduos provavelmente tera£o um status elevado em algum momento de suas vidas, disse ele.

Strauss trabalha em Maasai Mara, no Quaªnia, estudando hienas malhadas, carna­voros altamente sociais difamados por seu retrato pouco lisonjeiro como vilaµes no filme da Disney "O Rei Lea£o". Quando se trata de hierarquias de domina¢ncia, o filme erra o alvo na forma como retrata o personagem-tí­tulo como nobre e altrua­sta.

“A visão de que os animais dominantes agem como lideres benevolentes de seus grupos éuma ilusão que acredito dizer mais sobre como vemos nossas sociedades do que sobre a natureza da vida social dos animais”, disse Strauss. "Indiva­duos de alto status usam seu status para promover seus interesses pessoais."

Nas décadas desde as primeiras observações de Schjelderup-Ebbe, os pesquisadores aprenderam muito sobre hierarquias de domina¢ncia, incluindo as maneiras como os animais sinalizam sua superioridade sobre os outros, as maneiras inteligentes de evitar conflitos e como fatores como tamanho do grupo e aliana§as sociais afetam a ordem.

"As hierarquias de domina¢ncia em grupos são incrivelmente comuns. Mas as espanãcies formam esses sistemas de maneiras que podem parecer semelhantes, mas são gerenciadas de maneira bem diferente", disse Hobson.

Em alguns animais, o tamanho absoluto dita o doma­nio. Mas, mais frequentemente, não étão simples, disse Hobson.

Alguns animais sinalizam seu doma­nio para parceiros em potencial, talvez para evitar conflitos com rivais. Hobson disse que peixes como os cicla­deos africanos adotam cores vivas quando sobem na hierarquia. Macacos machos chamados mandris também tem cores de pele ligadas a seus horma´nios.

Uma chave para entender como essas diferentes espanãcies gerenciam a domina¢ncia éa análise comparativa. Strauss e seus colegas criaram um novo banco de dados sobre 135 espanãcies diferentes nas quais os dados de domina¢ncia foram publicados.

"Este novo pacote simplificara¡ drasticamente as análises comparativas de domina¢ncia", disse Hobson.

Hobson estudou como os periquitos-monge brigam com os competidores mais pra³ximos para consolidar suas posições, em vez de desperdia§ar esforços lutando contra os membros mais baixos da cola´nia. Essa estratanãgia pode refletir um altonívelde cognição.

"Nos periquitos com quem trabalho, não encontramos uma forte correlação entre tamanho e doma­nio. Em vez disso, os indivíduos podem precisar reconhecer seus rivais e lembrar de lutas e resultados passados ​​para chegar a um modelo mental de classificação", disse ela. "Essa éuma tarefa cognitiva muito diferente de escolher lutar contra um oponente simplesmente porque ele éum pouco menor que vocaª."

Depois hápola­tica. Alguns animais, como babua­nos e hienas, formam coalizaµes para manter o status.

"Entrar e ser hiperagressivo pode permitir que vocêsuba ao topo da hierarquia. Mas se seu aºnico manãtodo de manter a classificação éa agressão, no momento em que vocêbaixa a guarda, outra pessoa pode assumir", disse Hobson.

O grupo de Hobson este ano comea§ara¡ a estudar uma nova espanãcie em seu laboratório: a codorna do norte. Liderados pelo estudante de pós-graduação da UC Sanjay Prasher, esses novos experimentos se concentrara£o em como as hierarquias de domina¢ncia se formam e o papel da memória.

Hobson disse que ela e seu grupo estãoempolgados em buscar novas questões no campo das hierarquias de domina¢ncia.

"Quanto mais vocêsabe, mais vocêpercebe tudo o que não sabe", disse Hobson. "Então havera¡ terreno fanãrtil para mais 100 anos de pesquisa sobre o tema? Com ​​certeza."

 

.
.

Leia mais a seguir