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Meta do Acordo Clima¡tico de Paris ainda estãoao alcance, sugere novo estudo
Os autores enfatizam que 3,6 graus F (2 C) de aquecimento ainda tera£o um impacto drama¡tico no planeta, e não éhora para complacaªncia.
Por Universidade do Colorado em Boulder - 12/02/2022


Doma­nio paºblico

O objetivo do Acordo Clima¡tico de Paris de limitar o aquecimento global neste século a 3,6 graus Fahrenheit (2 graus Celsius) acima das temperaturas pré-industriais ainda estãoao alcance, enquanto os piores cenários apocala­pticos não são mais plausa­veis, sugere uma nova análise da CU Boulder.

Sai hoje em Environmental Research Letters , o novo estudo descobre que um subconjunto de cenários clima¡ticos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Clima¡ticas (IPCC) mais alinhados com dados recentes e previsaµes da Agência Internacional de Energia (IEA) para 2050 projetam entre 3,6 e 5,4 graus F (2 e 3 C) de aquecimento em 2100, com uma mediana de 3,96 F (2,2 C). Em comparação, alguns cenários implausa­veis de pior caso projetaram até7,2 ou 9 F (4 ou 5 C) graus de aquecimento atéo final do século.

"Esta éuma boa nota­cia cautelosamente otimista em relação a onde o mundo estãohoje, em comparação com onde pensa¡vamos que podera­amos estar", disse o principal autor Roger Pielke Jr., professor de estudos ambientais. "A meta de dois graus de Paris continua ao alcance."

Para explorar e planejar possa­veis futuros, a comunidade de pesquisa climática usa cenários: previsaµes de como o futuro pode evoluir com base em fatores como emissaµes projetadas de gases de efeito estufa e diferentes políticas climáticas possa­veis.

Os cenários mais comumente usados, chamados de Caminhos de Concentração Representativa (RCPs), foram desenvolvidos pelo IPCC a partir de 2005. Os Caminhos Socioecona´micos Compartilhados (SSPs) que se seguiram, a partir de 2010, foram concebidos como uma atualização. Juntos, os dois conjuntos de cenários informam o Quinto e o pra³ximo Sexto Relata³rios de Avaliação do IPCC.

Para seu estudo, Pielke Jr. e seus coautores começam com um total de 1.311 cenários clima¡ticos dos quais a comunidade de pesquisa climática selecionou os 11 RCPs e SSPs. Pielke e colegas compararam os cenários com as taxas de crescimento de emissaµes de dia³xido de carbono e combusta­veis fa³sseis projetadas para 2005-2050 mais consistentes com observações da vida real de 2005-2020 e projeções da IEA para 2050. O número de cenários que mais se aproximam dos dados dos últimos 15 anos e as projeções de emissaµes subsequentes variaram de menos de 100 a quase 500, dependendo do manãtodo aplicado. Esses cenários representam quais futuros são plausa­veis se as tendaªncias atuais continuarem e ospaíses adotarem as políticas climáticas que já anunciaram para reduzir as emissaµes de carbono.
 
Futuros adicionais, mais otimistas ou pessimistas também podem existir, disseram os autores.

"Como não atualizamos nossos cenários [IPCC] [ha¡ muitos anos], também hálguns futuros plausa­veis, mas ainda não previstos", disse Pielke Jr.

Caminhos e plausibilidade

A análise junta-se a um crescente consenso de grupos independentes em todo o mundo cujo trabalho conclui que os cenários clima¡ticos mais extremos são improva¡veis ​​de ocorrer neste século, e cenários de manãdio alcance são mais prova¡veis. Um relatório do Sexto Relata³rio de Avaliação do IPCC (AR6) divulgado em 2021 também observa que a probabilidade de cenários de altas emissaµes éconsiderada baixa.

Por que esses piores cenários agora são menos plausa­veis? Principalmente, todos eles foram desenvolvidos hámais de uma década, e muita coisa aconteceu desde então.

Por exemplo, a energia renova¡vel tornou-se mais acessa­vel e, portanto, mais comum mais rápido do que o esperado, disse Matthew Burgess, coautor e membro do Instituto Cooperativo de Pesquisa em Ciências Ambientais (CIRES) da CU Boulder.

Essasmudanças rápidas são capturadas nos cenários elaborados pela IEA, uma organização intergovernamental com sede em Paris, que fornece atualizações a cada ano.

Os cenários clima¡ticos também tendem a superestimar o crescimento econa´mico, especialmente nospaíses mais pobres, segundo Burgess, professor assistente de estudos ambientais.

Além disso, enquanto os cenários de 2010 deveriam servir como atualizações para as premissas socioecona´micas dos RCPs iniciais, os RCPs continuaram a ser muito usados ​​pelos cientistas. E o cena¡rio de "pior caso" comumente usado, RCP8.5 (nomeado para 8,5 watts por metro quadrado, uma medida de irradia¢ncia solar) projeta um aumento de 7,2 a 9 F (4 a 5 C) até2100.

"a‰ difa­cil exagerar o quanto a pesquisa [clima¡tica] se concentrou nos cenários de quatro e cinco graus, sendo o RCP 8.5 um deles. E esses parecem cada vez menos plausa­veis a cada ano", disse Burgess.

Confiar não apenas em cenários desatualizados, mas em cenários que não são mais plausa­veis, para pesquisa e pola­tica tem grandes implicações em como pensamos, agimos e gastamos dinheiro em questões de mudança climática , disseram os autores.

"a‰ necessa¡rio que esses cenários sejam atualizados com mais frequência. Os pesquisadores podem estar usando um cena¡rio de 2005, mas precisamos de uma perspectiva de 2022", disse Pielke Jr. "Vocaª tera¡ políticas melhores se tiver uma compreensão mais precisa dos o problema, quaisquer que sejam as implicações políticas para um lado ou para o outro."

Os autores enfatizam que 3,6 graus F (2 C) de aquecimento ainda tera£o um impacto drama¡tico no planeta, e não éhora para complacaªncia.

"Estamos chegando perto de nossa meta de dois graus, mas definitivamente temos muito mais trabalho a fazer se chegarmos a 1,5", disse Burgess.

Justin Ritchie, do Instituto de Recursos, Meio Ambiente e Sustentabilidade da Universidade da Colaºmbia Brita¢nica, écoautor desta publicação.

 

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