Mundo

O reinado dos dinossauros terminou na primavera
Ha¡ cerca de 66 milhões de anos, o chamado meteorito Chicxulub caiu na Terra no que hoje éa pena­nsula de Yucata¡n, no Manãxico, marcando o fim dos dinossauros e o fim do período Creta¡ceo. Essa extina§a£o em massa ainda intriga os cientistas hoj
Por Instalação Europeia de Radiação Síncrotron - 23/02/2022


Reconstrução arta­stica por Joschua Kna¼ppe da onda de Seiche surgindo no rio Tanis, trazendo peixes e tudo em seu caminho (dinossauros, a¡rvores) enquanto esfanãrulas de impacto caem do canãu. Alguns dinossauros ainda estãotentando fugir, mas sabemos que não chegara£o longe. As formigas tentam voltar ao ninho, pois os cravos-da-a­ndia recanãm-floridos em primeiro plano já estãosendo impactados pelas esfanãrulas de impacto. Crédito: ilustração de Joshua Kna¼ppe, baseada em pesquisa e encomendada por Melanie Durante

O asteroide que matou quase todos os dinossauros atingiu a Terra durante a primavera. Uma equipe internacional de cientistas da Vrije Universiteit (VU) Amsterdam (Holanda), Uppsala University (Suanãcia), Vrije Universiteit Brussel (Banãlgica) e o ESRF, o Sa­ncrotron Europeu (Frana§a), determinaram quando o meteorito caiu na Terra depois de analisar os restos de peixes que morreram logo após o impacto. Seus resultados são publicados na revista Nature hoje.

Ha¡ cerca de 66 milhões de anos, o chamado meteorito Chicxulub caiu na Terra no que hoje éa pena­nsula de Yucata¡n, no Manãxico, marcando o fim dos dinossauros e o fim do período Creta¡ceo. Essa extinção em massa ainda intriga os cientistas hoje, pois foi uma das mais seletivas da história da vida: todos os dinossauros não-avia¡rios, pterossauros, amonites e a maioria dos ranãpteis marinhos desapareceram, enquanto mama­feros, pa¡ssaros, crocodilos e tartarugas sobreviveram.

Uma equipe de cientistas da Vrije Universiteit, da Universidade de Uppsala e da ESRF agora esclareceu as circunsta¢ncias que cercam a extinção diversificada entre os diferentes grupos. As respostas vieram dos ossos de peixes que morreram momentos após a queda do meteorito.

Quando o meteorito atingiu a Terra, ele balançou a placa continental e causou enormes ondas em corpos d'a¡gua, como rios e lagos. Essas ondas moveram enormes volumes de sedimentos que engoliram os peixes e os enterraram vivos, enquanto esfanãrulas de impacto (contas de vidro de rocha da Terra) choviam do canãu, menos de uma hora após o impacto. Hoje, o depa³sito do evento Tanis em Dakota do Norte preserva um ecossistema fossilizado que inclui peixes-remo e esturjaµes, que foram vitimas diretas do evento.

Os peixes fa³sseis foram excepcionalmente preservados, com seus ossos quase sem sinais de alteração geoquímica. Melanie Durante, pesquisadora da Universidade de Uppsala e da VU Amsterdam e principal autora da publicação, foi ao local para escavar os preciosos espanãcimes: "Era a³bvio para nosque precisa¡vamos analisar esses ossos para obter informações valiosas sobre o momento do impacto, " Ela explica.

A equipe chegou ao ESRF, um acelerador departículas que produz os raios-X mais brilhantes do mundo, com uma amostra parcial de peixe e seções representativas dos ossos e realizou tomografia de raios-X sa­ncrotron de alta resolução.

O ESRF éa ferramenta perfeita para pesquisar esses tipos de amostras e a instalação desenvolveu uma experiência única em paleontologia nas últimas duas décadas. “Graças aos dados do ESRF, descobrimos que os ossos registraram crescimento sazonal, muito parecido com as a¡rvores, crescendo uma nova camada a cada ano do lado de fora do osso”, explica Sophie Sanchez, da Universidade de Uppsala, e cientista visitante do ESRF.
 
“Os ananãis de crescimento recuperados não apenas capturaram as histórias de vida dos peixes, mas também registraram a última sazonalidade do Creta¡ceo e, portanto, a estação em que ocorreu a extinção catastra³fica”, afirma o autor saªnior Jeroen van der Lubbe do VU em Amsterda£.

Fa³ssil de Paddlefish encontrado no depa³sito de eventos de Tanis em Dakota do Norte (Estados Unidos). Crédito: Melanie Durante.

Os exames de raios-X também mostraram a distribuição, formas e tamanhos das células ósseas, que também flutuam com as estações do ano. "Em todos os peixes estudados, a densidade e os volumes de células ósseas podem ser rastreados ao longo de vários anos e indicam se era primavera, vera£o, outono ou inverno. o ano da morte, o que implica que o crescimento parou abruptamente [na] primavera", diz Dennis Voeten, pesquisador da Universidade de Uppsala.

Paralelamente aos estudos de radiação sa­ncrotron, a equipe realizou análises de isãotopos de carbono para revelar o padrãoanual de alimentação de um peixe. A disponibilidade de zoopla¢ncton, sua presa preferida, oscilou sazonalmente e atingiu o pico no vera£o. Este aumento tempora¡rio de zoopla¢ncton ingerido enriqueceu o esqueleto do peixe com o isãotopo de carbono 13 C mais pesado em relação ao isãotopo de carbono 12 C mais leve . “O sinal do isãotopo de carbono no registro de crescimento deste infeliz peixe-remo confirma que a estação de alimentação ainda não havia chegado ao cla­max osa morte veio na primavera”, afirma Durante.

As descobertas ajudara£o pesquisas futuras sobre a seletividade da extinção em massa: no Hemisfanãrio Norte, era primavera e, portanto, os ciclos de reprodução dos organismos estavam comea§ando, apenas para serem interrompidos abruptamente. Enquanto isso, era outono no Hemisfanãrio Sul, onde muitos organismos provavelmente estavam se preparando para o inverno. Em geral, bem entendido que os organismos que foram expostos morreram praticamente imediatamente. Portanto, aqueles que se abrigavam em cavernas ou tocas porque estavam hibernando eram muito mais propensos a sobreviver no Paleogeno. “Nossos resultados ajudara£o a descobrir por que a maioria dos dinossauros morreu enquanto as aves e os primeiros mama­feros conseguiram escapar da extinção”, conclui Durante.

 

.
.

Leia mais a seguir