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Endurance: Navio do explorador Shackleton encontrado depois de um século
Uma equipe de arqueólogos marinhos, engenheiros e outros cientistas usou um navio quebra-gelo e drones submarinos para localizar os destroa§os no fundo do Mar de Weddell, perto da Pena­nsula Anta¡rtica.
Por Christina Larson e Jill Lawless - 13/03/2022


Nesta foto emitida pela Falklands Maritime Heritage Trust, uma visão da popa do naufra¡gio do Endurance, navio do explorador polar Ernest Shackleton. Cientistas dizem ter encontrado o naufra¡gio do navio Endurance, do explorador polar Ernest Shackleton, mais de um século depois de ter sido perdido no gelo da Anta¡rtida. O Falklands Maritime Heritage Trust diz que o navio fica a 3.000 metros (10.000 panãs) abaixo dasuperfÍcie do Mar de Weddell. Uma expedição partiu da áfrica do Sul no maªs passado para procurar o navio, que foi esmagado pelo gelo e afundou em novembro de 1915 durante a tentativa fracassada de Shackleton de se tornar a primeira pessoa a cruzar a Anta¡rtida pelo Polo Sul. Crédito: Falklands Maritime Heritage Trust/National Georgraphic via AP

Pesquisadores descobriram o naufra¡gio notavelmente bem preservado do navio do explorador polar Ernest Shackleton, Endurance, em 10.000 panãs de águagelada, um século depois de ter sido engolido pelo gelo da Anta¡rtida durante o que provou ser uma das expedições mais hera³icas da história.

Uma equipe de arqueólogos marinhos, engenheiros e outros cientistas usou um navio quebra-gelo e drones submarinos para localizar os destroa§os no fundo do Mar de Weddell, perto da Pena­nsula Anta¡rtica.

A expedição de busca do Falklands Maritime Heritage Trust, Endurance22 , anunciou a descoberta na quarta-feira.

Imagens e va­deos do naufra¡gio mostram o navio de madeira de três mastros em bom estado, com letras em folha de ouro dizendo "Endurance" ainda afixadas na popa e o leme de madeira lacada do navio ainda de panã, como se o capitão pudesse voltar para dirigi-lo a qualquer momento.

"Este éde longe o melhor naufra¡gio de madeira que já vi", disse Mensun Bound, o diretor da exploração. Bound observou que o naufra¡gio ainda estãode panã, fora do fundo do mar "e em um estado brilhante de preservação".

A descoberta é"um achado tita¢nico" em "um dos ambientes mais desafiadores do mundo", disse o historiador mara­timo Steven Schwankert, que não esteve envolvido na expedição.

A combinação de a¡guas profundas e escuras - nenhuma luz solar penetra até10.000 panãs - temperaturas frias e gelo marinho frustraram os esforços anteriores para encontrar o Endurance, mas também explicam por que o naufra¡gio estãoem tão boas condições hoje.

O fundo do Mar de Weddell é"um ambiente muito inóspito para quase tudo - especialmente o tipo de bactanãrias, a¡caros e minhocas que, de outra forma, gostariam de mastigar um naufra¡gio de madeira", disse Schwankert.

A expedição Endurance22 embarcou da Cidade do Cabo, áfrica do Sul, no ini­cio de fevereiro em um navio capaz de romper gelo de 1 metro de espessura.

A equipe, que incluiu mais de 100 pesquisadores e membros da tripulação, implantou drones submarinos que vasculharam o fundo do mar por duas semanas na área onde o navio afundou em 1915.

"Fizemos história polar com a descoberta do Endurance e conclua­mos com sucesso a busca de naufra¡gios mais desafiadora do mundo", disse o lider da expedição, John Shears.

Nesta foto emitida pela Falklands Maritime Heritage Trust, uma vista da proa do naufra¡gio
do Endurance, navio do explorador polar Ernest Shackleton. Cientistas dizem ter encontrado
o naufra¡gio do navio Endurance, do explorador polar Ernest Shackleton, mais de um século depois de ter sido perdido no gelo da Anta¡rtida. O Falklands Maritime Heritage Trust diz
que o navio fica a 3.000 metros (10.000 panãs) abaixo dasuperfÍcie do Mar de Weddell. Uma
expedição partiu da áfrica do Sul no maªs passado para procurar o navio, que foi esmagado pelo gelo e afundou em novembro de 1915 durante a tentativa fracassada de Shackleton de
se tornar a primeira pessoa a cruzar a Anta¡rtida pelo Polo Sul. Crédito: Falklands
Maritime Heritage Trust/National Georgraphic via AP

O explorador brita¢nico Shackleton nunca alcana§ou sua ambição de se tornar a primeira pessoa a cruzar a Anta¡rtida pelo Pa³lo Sul. Na verdade, ele nunca pa´s os panãs no continente durante a fracassada expedição Endurance, embora tenha visitado a Anta¡rtida em viagens anteriores.
 
“Apesar de ter sido projetado para resistir a  colisão com blocos de gelo e romper o gelo, o Endurance não resistiu ao esmagamento pelo gelo marinho pesado”, disse Ann Coats, historiadora mara­tima da Universidade de Portsmouth.

O pra³prio Shackleton observou a dificuldade do empreendimento em seu dia¡rio.

"O fim finalmente chegou por volta das 17h", escreveu ele. "Ela estava condenada, nenhum navio construa­do por ma£os humanas poderia resistir a  tensão."

Antes do navio desaparecer 3.000 metros abaixo das a¡guas geladas, a tripulação de Shackleton carregou comida e outras provisaµes em três botes salva-vidas para escapar e acampar em blocos de gelo, onde usaram ca£es de trena³ para carregar suas provisaµes, de acordo com o dia¡rio de Shackleton.

Shackleton e seu capitão, Frank Worsley, navegaram por 1.287 quila´metros de traia§oeiras a¡guas geladas em um navio de 7 metros atéa ilha de Gea³rgia do Sul, uma remota comunidade baleeira, para obter ajuda. Essa viagem bem-sucedida éconsiderada um feito hera³ico de coragem, e a resposta decisiva de Shackleton a  traganãdia iminente ainda hoje éconsiderada um modelo de como liderar em circunsta¢ncias difa­ceis .

"Shackleton era muito bom em planejamento e bom improvisador - tenho a sensação de que os exploradores polares de hoje não sobreviveriam aos mesmos tipos de coisas que ele suportou", disse Anna Wahlin, pesquisadora polar da Universidade de Gotemburgo, que acabou de retornar. de uma missão de dois meses estudando plataformas de gelo e correntes oceânicas: em aquecimento na Anta¡rtica.

Na Anta¡rtica, "tudo écinza ou branco", e depois de apenas algumas semanas, os exploradores "comea§am a sentir falta de sentir o cheiro da Terra, caminhar na floresta, ouvir o canto dos pa¡ssaros, ver coisas verdes", disse ela.

A expedição para encontrar o Endurance ocorre um século após a morte de Shackleton em 1922. O historiador e radialista brita¢nico Dan Snow, que acompanhou os pesquisadores, twittou que a descoberta do naufra¡gio no sa¡bado aconteceu "100 anos depois que Shackleton foi enterrado".

O navio éprotegido como monumento hista³rico sob o Tratado da Anta¡rtida de 6 décadas, que visa proteger o meio ambiente da regia£o.

Os pesquisadores filmaram o naufra¡gio, mas nada foi recuperado ou perturbado. Em vez disso, os organizadores da expedição dizem que querem usar varreduras a laser para criar um modelo 3-D do navio que pode ser exibido em exposições itinerantes e em uma exposição permanente do museu.

"Shackleton, gostamos de pensar, teria ficado orgulhoso de nós", escreveu Bound, da expedição, em um post no blog .

 

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