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Florestas tropicais regeneradas podem ter vida útil curta, diz novo estudo
O novo estudo, publicado na Environmental Research Letters , quantifica a regeneraça£o florestal na Mata Atla¢ntica brasileira e identifica os fatores que influenciam o tempo de sobrevivaªncia da floresta regenerada.
Por Universidade de Columbia - 18/03/2022


A ameaa§ada Mata Atla¢ntica brasileira éum dos lugares mais biodiversos do planeta. Abriga cerca de 2.200 espanãcies de mama­feros, aves, ranãpteis e anfa­bios, muitos deles endaªmicos da regia£o, como o sanhaa§o-de-cabea§a-verde. Crédito: Pedro Piffer

Impedir o desmatamento de florestas secunda¡rias éum grande desafio para os esforços de restauração em regiaµes tropicais, de acordo com um novo estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Columbia, da Universidade de Sa£o Paulo e da Universidade Federal do ABC no Brasil. O estudo descobriu que um tera§o das áreas em regeneração na Mata Atla¢ntica brasileira foi cortada novamente, a maioria após apenas 4 a 8 anos de regeneração.

A regeneração natural de florestas éconsiderada uma estratanãgia econa´mica para ospaíses cumprirem suas metas de restauração ecola³gica e sequestro de carbono . Embora os relatos de recuperação de florestas em regiaµes tropicais gerem otimismo, pesquisas recentes dos autores do estudo e outros sugeriram que as florestas restauradas tem uma alta probabilidade de serem derrubadas dentro de alguns anos.

O novo estudo, publicado na Environmental Research Letters , quantifica a regeneração florestal na Mata Atla¢ntica brasileira e identifica os fatores que influenciam o tempo de sobrevivaªncia da floresta regenerada.

A Mata Atla¢ntica brasileira éuma rica área natural que originalmente ocupava 150 milhões de hectares ao longo da costa atla¢ntica. Apenas cerca de 32 milhões de hectares permanecem hoje. O ecossistema altamente fragmentado e ameaa§ado éagora considerado um hotspot de regeneração.

Os autores usaram dados detalhados de cobertura do uso da terra de 1985 a 2019 para mapear e rastrear o destino de mais de 4,5 milhões de hectares de florestas regeneradas na Mata Atla¢ntica brasileira. Eles descobriram que apenas 3,1 milhões de hectares persistiram até2019.

“Enquanto a persistaªncia de dois tera§os da floresta regenerada na regia£o apresenta uma perspectiva positiva para a conservação do bioma, a curta vida útil das florestas regeneradas surge como um novo desafio para os esforços de restauração na regia£o”, disse Pedro Ribeiro Piffer, Ph. .D. candidato em Columbia e o principal autor do estudo.

A natureza efaªmera dessas florestas regeneradas limita a biodiversidade e os benefa­cios de armazenamento de carbono da regeneração, disse ele.

“O sequestro de carbono por meio de reflorestamento tropical e regeneração natural pode dar uma contribuição importante para a mitigação dasmudanças climáticas , uma vez que a cobertura florestal em muitas regiaµes tropicais aumentou durante a primeira parte do século 21”, disse a autora saªnior Mara­a Uriarte, professora do Instituto da Terra de Columbia. que estuda a dina¢mica das florestas tropicais. “No entanto, o tamanho desse sumidouro de carbono dependera¡ do grau em que essas florestas são permanentes e protegidas contra o desmatamento”.

area de regeneração de floresta nativa persistente e efaªmera em toda a Mata Atla¢ntica
brasileira. A área émostrada em hectares de floresta por hexa¡gono de 250 quila´metros
quadrados. Crédito: Piffer et al., Cartas de Pesquisa Ambiental 2022

Em um artigo anterior , Piffer e Uriarte descobriram que sem essas reversaµes no reflorestamento, as florestas na regia£o da Mata Atla¢ntica brasileira poderiam ter sequestrado 1,75 bilha£o de toneladas de carbono osmais de três vezes o sequestro real estimado de 0,52 bilha£o de toneladas.
 
"Nossos resultados ressaltam um duplo desafio para a conservação de florestas em regiaµes tropicais, onde não são precisamos restaurar áreas degradadas, mas também precisamos garantir a persistaªncia dessas jovens florestas em regeneração", disse Jean Paul Metzger, professor de ecologia da Universidade de Sa£o Paulo e coautor do novo estudo.

Os pesquisadores observam que garantir a persistaªncia da regeneração das florestas tropicais écrucial para que as nações alcancem seus compromissos de restauração e sequestro de carbono sob o Acordo de Paris.

Eles também identificaram fatores que podem ajudar a proteger as florestas regeneradas. Eles descobriram que as florestas regeneradas tinham maiores chances de sobreviver em encostas maisÍngremes, próximas a rios e florestas existentes e perto da agricultura permanente. As florestas eram menos propensas a persistir em áreas mais rurais. Além disso, embora a regeneração tenha ocorrido predominantemente em pastagens e áreas de agricultura itinerante, também era menos prova¡vel que persistisse nessas paisagens dina¢micas.

“Florestas regeneradas podem levar décadas para recuperar a riqueza de espanãcies e os na­veis de biomassa pré-distúrbios, portanto, identificar as condições que permitem uma maior persistaªncia dessas florestas jovens évital para o desenvolvimento de políticas públicas eficazes voltadas ao aumento da cobertura florestal na Mata Atla¢ntica brasileira”, disse Piffer.

 

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