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Estudo liga urbanização a pouco conhecimento ecola³gico e menos ação ambiental
Um novo estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) e colaboradores destaca um forte contraste entre as formas urbanas e suburbanas de pensar os ecossistemas costeiros.
Por nstituto Nacional de Padrões e Tecnologia - 04/05/2022


Muitos moradores que vivem ao longo da costa leste dos EUA, que os pesquisadores pesquisaram sobre sua compreensão dos ecossistemas costeiros, apresentaram uma de duas linhas de pensamento. As pessoas que exibiam o pensamento linear viam as relações entre os diferentes aspectos de seu ambiente como indo em uma direção, enquanto os pensadores sistemicos capturavam o conceito de relações de ma£o dupla com mais frequência. Crédito: B. Hayes/NIST

Um novo estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) e colaboradores destaca um forte contraste entre as formas urbanas e suburbanas de pensar os ecossistemas costeiros.

Os autores do estudo usaram técnicas estata­sticas e de ciências cognitivas para analisar dados de uma pesquisa com 1.400 residentes na costa leste dos EUA. Seus resultados, publicados na revista npj Urban Sustainability , mostraram que os moradores de centros urbanos pesquisados ​​geralmente tinham uma compreensão mais simplista e menos realista dos ecossistemas costeiros do que os moradores de áreas suburbanas. A pesquisa também revelou uma menor propensão a ações pra³-ambientais entre as populações urbanas. O estudo fornece evidaªncias para um problema que os autores chamam de sa­ndrome do conhecimento urbanizado, que pode ser prejudicial aos ecossistemas naturais e dificultar a resiliencia da comunidade a desastres naturais.

"Estamos levantando a hipa³tese de que a urbanização não estãoapenas impactando a dimensão ecola³gica do sistema, mas também a dimensão social do sistema, o que pode, por sua vez, fazer com que as pessoas se desvinculem do comportamento ambiental positivo. a‰ uma espanãcie de efeito bola de neve", disse. disse Payam Aminpour, pesquisador de pa³s-doutorado do NIST e principal autor do estudo.

Como parte do Programa de Resiliaªncia da Comunidade do NIST, Aminpour e seus colegas estavam particularmente interessados ​​em obter uma melhor compreensão do que impulsiona as decisaµes em torno da resiliencia e medidas de adaptação em áreas urbanas. Como resultado de uma pesquisa elaborada e distribua­da pelos coautores do estudo na Northeastern University, eles conseguiram dar um passo significativo na direção certa.

A pesquisa foi direcionada a munica­pios costeiros em áreas metropolitanas em oito estados, cada um dos quais apresentava linhas costeiras com densidades variadas de estradas, paredaµes, valas e outras infraestruturas "cinzas". No esquema de classificação urbano-rural de seis na­veis do Centro Nacional de Estata­sticas de Saúde, os residentes pesquisados ​​residiam em grande parte nos três na­veis mais urbanos, variando dos centros das cidades aos subaºrbios.

A lista de perguntas foi elaborada para extrair informações sobre a demografia dos respondentes, compreensão dos ecossistemas e se eles participaram ou não de uma lista de atividades pra³-ambientais, incluindo votação em candidatos pola­ticos com base em posições ambientais, denaºncias a órgãos governamentais, contribuição a grupos conservacionistas e outras ações.
 
Aminpour e colegas do NIST usaram uma técnica chamada mapeamento cognitivo difuso para construir representações visuais das percepções ambientais de cada entrevistado com base nos dados da pesquisa. Os mapas indicaram a natureza das relações percebidas entre os diferentes elementos ambientais, como as áreas de lazer influenciam os pa¢ntanos e vice-versa.

Amedida que os autores do estudo procuravam padraµes entre a multida£o de mapas, surgiram dois tipos distintos.

Nos mapas de alguns entrevistados, as relações tendiam a correr em uma direção, exibindo um modo de pensar, ou modelo mental , chamado de pensamento linear. Em um processo de pensamento linear, uma pessoa pode ver as paredes do mar como fortificações costeiras que evitam a erosão sem nenhum custo. Outro exemplo de pensamento linear pode ser a percepção de que a pesca excessiva éapenas um problema para os peixes.

Os mapas de outros moradores mostraram relações mais complexas, de ma£o dupla, o que indica que esses entrevistados pensavam o meio ambiente como um sistema. Com essa linha de pensamento, conhecida como pensamento sistemico, alguém pode reconhecer que, embora os muros mara­timos fornea§am integridade estrutural a uma costa, eles alteram a maneira como a águaflui ao longo da costa e podem potencialmente acelerar a erosão. Nesse tipo de pensamento, uma pessoa também pode reconhecer que, ao diminuir o estoque de peixes, a sobrepesca poderia desencadear maiores restrições a s atividades pesqueiras no futuro.

a‰ mais prova¡vel que o último dos dois modelos ajude as pessoas a considerar aspectos sutis das interações homem-natureza, como a dina¢mica de dar e receber entre diferentes elementos.

Em seguida, a equipe tentou identificar fatores que se correlacionam e podem explicar o que direciona as pessoas para qualquer tipo de modelo.

"Na³s exploramos a associação desses dois grupos distintos de modelos mentais com muitos aspectos diferentes, incluindo educação, idade, afiliação pola­tica, propriedade", disse Aminpour. “Descobrimos que, entre esses fatores, a urbanização e a porcentagem de linhas costeiras blindadas com infraestrutura cinza tiveram fortes associações positivas com os modelos mentais dos moradores que mostraram um pensamento mais linear”.

Por outro lado, sua análise mostrou que os moradores suburbanos que vivem em meio a uma densidade menor de estruturas artificiais do que os moradores urbanos estavam mais alinhados com o pensamento sistemico, disse Aminpour.

Uma diferença comportamental importante entre os dois estava no autorrelato de comportamentos que favoreciam o ambiente. O pensamento linear, um traa§o amplamente manifestado pelos urbanos, estava intimamente ligado a uma ação menos pra³-ambiental.

Uma análise mais aprofundada envolveu fazer comparações entre todos os pares possa­veis de mapas dentro dos clusters de pensamento linear e sistemico para entender a diversidade de modelos em cada um, disse Aminpour. Uma maior diversidade de pensamento já foi conectada a uma maior adaptabilidade e resiliencia nas comunidades, mas mais uma vez, a equipe descobriu mais evidaªncias da sa­ndrome do conhecimento urbanizado. O grupo de pensamento linear e maior urbanização exibiu um grande grau de uniformidade, enquanto o grupo de pensamento sistemico era muito mais diversificado.

Embora essas descobertas liguem fortemente os fatores ambientais a s linhas de pensamento e comportamento das comunidades costeiras, ainda hámais a aprender antes que conclusaµes concretas possam ser tiradas.

"Ainda não podemos dizer o que vem primeiro. Vocaª tem pensamento sistemico, então prefere viver em áreas com ecossistemas mais naturais, ou viver em áreas menos urbanizadas faz vocêdesenvolver o pensamento sistemico? Precisamos de experimentos mais rigorosos para descobrir, ", disse Aminpour.

Os pesquisadores afirmam que responder a essas perguntas éde extrema importa¢ncia. Se a urbanização realmente impulsiona o comportamento, então o desenvolvimento urbano e a infraestrutura cinza podem estar alimentando um ciclo de feedback de autoatendimento que pode danificar os ecossistemas e a resiliencia da comunidade.

Obter mais dados e respostas concretas pode fortalecer o caso de mais instalações e estruturas que incorporem a natureza, também conhecidas como infraestrutura verde. E isso alimentaria um esfora§o conta­nuo do NIST para entender o valor que diferentes tipos de infraestrutura trazem para as comunidades.

Essa abordagem poderia virar o ciclo, alimentando um maior pensamento sistemico e maior sustentabilidade.

"Temos evidaªncias de que hálgo mais acontecendo com a infraestrutura. Isso pode ter um efeito cascata em aspectos das comunidades, como a diversidade de pensamento sobre o meio ambiente", disse Jennifer Helgeson, economista de pesquisa do NIST e coautora do estudo. "Esperamos que esta seja a ponta do iceberg do que podemos aprender."

 

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