Museu descobre espanãcimes de ornitorrinco e equidna de 150 anos que provaram que alguns mamaferos botam ovos
Frascos de pequenos ornitorrincos e espanãcimes de equidna, coletados no final de 1800 pelo cientista William Caldwell, foram descobertos nas lojas do Museu de Zoologia da Universidade de Cambridge.

Uma equidna preservada da coleção recanãm-descoberta por William Caldwell. Crédito: Jacqueline Garget
Frascos de pequenos ornitorrincos e espanãcimes de equidna, coletados no final de 1800 pelo cientista William Caldwell, foram descobertos nas lojas do Museu de Zoologia da Universidade de Cambridge.
Na anãpoca de sua coleta, esses espanãcimes foram fundamentais para provar que alguns mamaferos paµem ovos — fato que mudou o rumo do pensamento cientafico e apoiou a teoria da evolução.
Esta coleção única não havia sido catalogada pelo museu, então atérecentemente a equipe não tinha conhecimento de sua existaªncia. A descoberta emocionante foi feita quando Jack Ashby, diretor assistente do museu, estava pesquisando para um novo livro sobre mamaferos australianos.
"Uma coisa éler os anaºncios do século 19 de que ornitorrincos e equidnas realmente paµem ovos. Mas ter os espanãcimes fasicos aqui, nos ligando a essa descoberta háquase 150 anos, éincravel", disse Ashby.
Ele acrescentou: "Eu sabia por experiência que não háuma coleção de história natural na Terra que realmente tenha um cata¡logo abrangente de tudo nela, e eu suspeitava que os espanãcimes de Caldwell realmente deveriam estar aqui". Ele estava certo: três meses depois que Ashby pediu ao gerente de coleções Mathew Lowe para ficar de olho, uma pequena caixa de espanãcimes foi encontrada no museu com uma nota sugerindo que eram de Caldwell. As investigações de Ashby confirmaram que este era realmente o caso.
Atéos europeus encontrarem ornitorrincos e equidnas pela primeira vez na década de 1790, supunha-se que todos os mamaferos davam a luz filhotes vivos. A questãode saber se alguns mamaferos botavam ovos se tornou uma das maiores questões da zoologia do século 19, e muito debatida nos carculos cientaficos. A coleção recanãm-descoberta de pequenos frascos representa o enorme esfora§o cientafico que foi feito para resolver esse mistanãrio.
"No século XIX, muitos cientistas conservadores não queriam acreditar que um mamafero que paµe ovos pudesse existir, porque isso apoiaria a teoria da evolução - a ideia de que um grupo de animais era capaz de se transformar em outro", disse Ashby.
Ele acrescentou: "Lagartos e sapos paµem ovos, então a ideia de um mamafero pondo ovos foi descartada por muitas pessoas - acho que eles achavam que era degradante estar relacionado a animais que consideravam 'formas de vida inferiores'".
Espanãcime de ornitorrinco no Museu de Zoologia da Universidade de Cambridge.
Crédito: Universidade de Cambridge
A coleção recanãm-descoberta inclui equidnas, ornitorrincos e marsupiais em diferentes fases da vida, desde o ovo fertilizado atéa adolescaªncia. Caldwell foi o primeiro a fazer coleções completas de todas as fases da vida dessas espanãcies osembora nem todos os espanãcimes tenham sido encontrados no museu.
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Por 85 anos, naturalistas europeus tentaram encontrar provas de que ornitorrincos e equidnas punham ovos osinclusive perguntando a aboragenes australianos osmas quaisquer resultados que enviassem para casa eram ignorados ou descartados.
William Caldwell foi enviado para a Austra¡lia em 1883 - com apoio financeiro substancial da Universidade de Cambridge, da Royal Society e do governo brita¢nico - para resolver o mistério de longa data.
Em uma extensa pesquisa, Caldwell coletou cerca de 1.400 espanãcimes com a ajuda de um grande grupo de aboragenes australianos. Em 1884, a equipe finalmente encontrou uma equidna com um ovo em sua bolsa e um ornitorrinco com um ovo em seu ninho e outro prestes a ser colocado.
Esta foi a prova definitiva que Caldwell estava procurando, e a notacia foi enviada ao redor do mundo. O establishment cientafico colonial aparentemente são estava disposto a aceitar esse resultado agora que havia sido confirmado por "um dos seus".
Ashby diz que nos últimos dois séculos, os cientistas consistentemente menosprezaram os mamaferos australianos, descrevendo-os como estranhos e inferiores. Ele acredita que essa linguagem continua a afetar a forma como os descrevemos hoje e prejudica os esforços para conserva¡-los.
“Ornitorrincos e equidnas não são animais estranhos e primitivos oscomo muitos relatos hista³ricos os descrevem oseles são tão evoluados quanto qualquer outra coisa. incravel e definitivamente vale a pena avaliar."
As equidnas cobertas de penas são o mamafero mais difundido na Austra¡lia. Eles cobrem todo o continente e se adaptaram para viver em todos os climas osdesde montanhas cobertas de neve atéos desertos mais secos.
Os ornitorrincos são um dos aºnicos mamaferos que podem detectar eletricidade e um dos aºnicos mamaferos a produzir veneno. Com rabo de castor, bico chato e panãs palmados como de pato, quando os primeiros espanãcimes foram trazidos para a Europa, as pessoas pensavam que eram falsificações costuradas.
Tanto os ornitorrincos quanto as equidnas tem uma combinação única de caracteristicas que os cientistas do século 19 pensavam que deveriam existir apenas individualmente em mamaferos, ranãpteis ou pa¡ssaros. Isso os tornou centrais para os debates em torno da evolução.
O novo livro de Ashby, "Platypus Matters: The Extraordinary Story of Australian Mammals", foi publicado no Reino Unido em 12 de maio de 2022 pela HarperCollins.