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Urbanismo primitivo encontrado na Amaza´nia
Ha¡ mais de 20 anos, o Dr. Heiko Pra¼mers do Instituto Arqueola³gico Alema£o e a Profa. Dra. Carla Jaimes Betancourt da Universidade de Bonn, então estudante em La Paz, iniciaram escavaa§aµes arqueola³gicas em dois
Por Universidade de Bonn - 25/05/2022


Capturas de tela de uma animação 3D do site Cotoca. Crédito: Heiko Pra¼mers / DAI

Ha¡ mais de 20 anos, o Dr. Heiko Pra¼mers do Instituto Arqueola³gico Alema£o e a Profa. Dra. Carla Jaimes Betancourt da Universidade de Bonn, então estudante em La Paz, iniciaram escavações arqueola³gicas em dois "montes" perto da aldeia de Casarabe na Bola­via. A Plana­cie de Mojos éuma franja sudoeste da regia£o amaza´nica. Embora a plana­cie de savana, que inundava vários meses por ano durante a estação chuvosa, não incentivasse o povoamento permanente, ainda hámuitos vesta­gios visa­veis do tempo anterior a  colonização espanhola no ini­cio do século XVI. Ao lado dos "montes", esses vesta­gios incluem principalmente cala§adas e canais que muitas vezes levam quila´metros em uma linha reta morta pelas savanas.

"Isso indicou um assentamento relativamente denso em tempos pré-hispa¢nicos. Nosso objetivo era realizar pesquisas ba¡sicas e rastrear os assentamentos e a vida la¡", diz Heiko Pra¼mers. Em estudos anteriores, os pesquisadores já constataram que a cultura Casarabe osbatizada com o nome da aldeia vizinha osdata do período entre 500 e 1400 dC e, segundo os conhecimentos atuais, se estendia por uma regia£o de cerca de 16 mil quila´metros quadrados. Os "montes" acabaram por ser tocos de pira¢mide erodidos e edifa­cios de plataforma.

Os levantamentos convencionais iniciais revelaram uma área central em terraa§os, uma parede de vala envolvendo o local e canais. Além disso, tornou-se evidente que alguns desses assentamentos pré-hispa¢nicos eram enormes em tamanho. “No entanto, a densa vegetação sob a qual esses assentamentos estavam localizados nos impediu de ver os detalhes estruturais dos montes monumentais e seus arredores”, diz Carla Jaimes Betancourt, do Departamento de Antropologia das Amanãricas da Universidade de Bonn.

Os autores do artigo juntamente com a tripulação na frente do helica³ptero
voando o scanner lidar sobre a área. Crédito: DAI

Tecnologia LIDAR usada na Amaza´nia pela primeira vez

Para saber mais, os pesquisadores usaram pela primeira vez na regia£o amaza´nica a tecnologia de laser aerotransportado LIDAR (Light Detection and Ranging). Isso envolve o levantamento do terreno com um scanner a laser acoplado a um helica³ptero, pequena aeronave ou drone que transmite cerca de 1,5 milha£o de pulsos de laser por segundo. Em uma etapa de avaliação subsequente, a vegetação éremovida digitalmente criando um modelo digital dasuperfÍcie da terra, que também pode ser exibido como uma imagem 3D. "Os primeiros resultados foram excelentes e mostraram a eficácia da tecnologia mesmo em floresta tropical densa. A partir desse momento, surgiu o desejo de mapear os grandes assentamentos da cultura Casarabe usando a tecnologia LIDAR", diz o lider do estudo, Dr. Heiko Pra¼mers.

Para o estudo atual, em 2019 a equipe junto com o Prof. Dr. JoséIriarte e Mark Robinson da Universidade de Exeter, mapeou um total de 200 quila´metros quadrados da área cultural Casarabe. A avaliação feita pela empresa ArcTron3 surpreendeu. O que veio a  tona foram dois locais notavelmente grandes de 147 hectares e 315 hectares em um denso sistema de assentamento de quatro camadas. "Com uma extensão norte-sul de 1,5 km e uma extensão leste-oeste de cerca de um quila´metro, o maior sa­tio encontrado atéagora étão grande quanto Bonn era no século 17", diz a coautora Profa. Dra. Carla Jaimes Betancourt .
 
Ainda não épossí­vel estimar quantas pessoas moravam la¡. "No entanto, o pra³prio layout do assentamento nos diz que os planejadores e muitas ma£os ativas estavam trabalhando aqui", diz Heiko Pra¼mers. As modificações feitas no assentamento, por exemplo, a expansão do sistema de valas de muralhas, também falam de um aumento razoa¡vel da população. “Pela primeira vez, podemos nos referir ao urbanismo pré-hispa¢nico na Amaza´nia e mostrar o mapa do sa­tio Cotoca, o maior assentamento da cultura casarabe que conhecemos atéagora”, enfatiza Pra¼mers. Em outras partes do mundo já haviam sido encontradas cidades agra¡rias semelhantes com baixas densidades populacionais.

LIDAR mostra paisagem alterada antropogenicamente

O mapeamento do LIDAR revela a arquitetura das grandes praças do assentamento. Plataformas escalonadas encimadas por estruturas em forma de U, monta­culos de plataforma retangulares e pira¢mides ca´nicas (até22 metros de altura). Caminhos e canais semelhantes a cala§adas conectam os assentamentos individuais e indicam um tecido social apertado. Pelo menos um outro assentamento pode ser encontrado dentro de cinco quila´metros de cada um dos assentamentos conhecidos hoje. "Assim, toda a regia£o foi densamente povoada, um padrãoque derruba todas as ideias anteriores", diz Carla James Betancourt, que émembro da area de Pesquisa Transdisciplinar "Passados ​​Presentes" da Universidade de Bonn.

Os pesquisadores enfatizam que, apesar de toda a euforia sobre os mapeamentos do sa­tio e as possibilidades que eles oferecem para reinterpretar os assentamentos em seu cena¡rio geogra¡fico, o verdadeiro trabalho arqueola³gico estãoapenas comea§ando. O objetivo para o futuro, dizem eles, éentender como funcionavam esses grandes centros regionais.

“O tempo estãose esgotando porque a expansão da agricultura meca¢nica estãodestruindo uma estrutura pré-colombiana todos os meses na regia£o de Llanos de Mojos, incluindo montes, canais e cala§adas”, diz Betancourt. Pensando nisso, diz Betancourt, o Lidar não éapenas uma ferramenta para documentar sa­tios arqueola³gicos, mas também para planejar e preservar o impressionante patrima´nio cultural dos povos inda­genas da Amaza´nia.

A pesquisa épublicada na Nature .

 

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