Mundo

Pequenos e raros lagostins que se pensavam extintos são redescobertos em caverna em Huntsville, Alabama
Um pequeno e raro lagostim considerado extinto há30 anos foi redescoberto em uma caverna na cidade de Huntsville, no norte do Alabama, por uma equipe liderada por um professor assistente da Universidade do Alabama em Huntsville (UAH).
Por Pensoft Publishers - 02/06/2022


Crédito: Pensoft Publishers

Um pequeno e raro lagostim considerado extinto há30 anos foi redescoberto em uma caverna na cidade de Huntsville, no norte do Alabama, por uma equipe liderada por um professor assistente da Universidade do Alabama em Huntsville (UAH).

A equipe do Dr. Matthew L. Niemiller encontrou indivíduos do Shelta Cave Crayfish, conhecido cientificamente como Orconectes sheltae, em excursaµes de 2019 e 2020 a  Shelta Cave osseu aºnico lar.

Dr. Niemiller, professor assistente de ciências biológicas na UAH, uma parte do Sistema da Universidade do Alabama, éco-autor de um artigo sobre as descobertas na revista Subterranean Biology . Além do Dr. Niemiller, os autores são Katherine E. Dooley e K. Denise Kendall Niemiller da UAH, e Nathaniel Sturm da Universidade do Alabama.

A casa do lagostim éum sistema de cavernas de 2.500 panãs que pertence e éadministrado pela National Speleological Society (NSS) e estãodiscretamente localizado abaixo da sede nacional da organização no noroeste de Huntsville e écercado por subdivisaµes e estradas movimentadas.

"O lagostim tem apenas alguns centa­metros de comprimento com pina§as diminutas que são chamadas de chelae", diz o Dr. Niemiller. "Curiosamente, o lagostim éconhecido pelos bia³logos das cavernas desde o ini­cio dos anos 1960, mas não foi formalmente descrito até1997 pelo falecido Dr. John Cooper e sua esposa Martha."

Dr. Cooper, um bia³logo e espelea³logo que era membro do NSS, estudou a vida aqua¡tica em Shelta Cave com foco particular em lagostins para seu trabalho de dissertação no final dos anos 1960 e ini­cio dos anos 1970. O ecossistema aqua¡tico da Shelta Cave era particularmente diversificado na anãpoca, com pelo menos 12 espanãcies dependentes de caverna documentadas, incluindo três espanãcies de lagostins de caverna.

"Nenhum outro sistema de cavernas atéhoje nos EUA tem lagostins em cavernas mais documentados co-ocorrendo uns com os outros", diz o Dr. Niemiller.

Mas o ecossistema aqua¡tico, incluindo o lagostim da caverna de Shelta, caiu em algum momento no ini­cio dos anos 1970. O acidente pode estar relacionado a um portão que foi construa­do para manter as pessoas fora da caverna e ainda permitir que uma população de maternidade de morcegos cinzas entre e saia livremente.

"O projeto inicial do portão não era amiga¡vel para os morcegos, e os morcegos acabaram por desocupar o sistema de cavernas", diz o Dr. Niemiller. “Junto com a poluição das a¡guas subterra¢neas e talvez outros estressores, tudo isso pode ter levado a uma tempestade perfeita, resultando no colapso do ecossistema aqua¡tico das cavernas”.
 
Mesmo antes do decla­nio na comunidade de cavernas aqua¡ticas, o lagostim da caverna de Shelta nunca foi comum em comparação com as outras duas espanãcies, o lagostim da caverna do sul (Orconectes australis) e o lagostim da caverna do Alabama (Cambarus jonesi).

"Atéonde sabemos, apenas 115 indivíduos foram confirmados de 1963 a 1975. Desde então, apenas três foram confirmados - um em 1988 e os dois indivíduos que relatamos em 2019 e 2020", diz o Dr. Niemiller.

“Depois de algumas décadas sem avistamentos confirmados e o decla­nio drama¡tico documentado de outras formas aqua¡ticas de vida nas cavernas de Shelta Cave, alguns, inclusive eu, temiam que o lagostim pudesse estar extinto”.

Embora seja encorajador que o lagostim da caverna de Shelta ainda persista, ele diz que os cientistas ainda não redescobriram outras espanãcies aqua¡ticas que já viveram no sistema de cavernas, como o camara£o da caverna do Alabama e a salamandra da caverna do Tennessee.

"Oníveldas a¡guas subterra¢neas na Caverna Shelta éo resultado da águaque flui naturalmente atravanãs das camadas rochosas acima da caverna - chamada epicarste - a partir dasuperfÍcie", diz o Dr. Niemiller. “No entanto, a urbanização na área acima do sistema de cavernas pode ter alterado as taxas de infiltração da águana caverna e também aumentado as taxas de poluentes, como pesticidas e metais pesados ​​que entram no sistema de cavernas”.

O lagostim foi redescoberto durante uma pesquisa aqua¡tica com o objetivo de documentar toda a vida encontrada no sistema de cavernas.

"Eu realmente não esperava encontrar o lagostim da caverna de Shelta. Meus alunos, colegas e eu visitamos a caverna em várias ocasiaµes que antecederam a viagem de maio de 2019", diz o Dr. Niemiller. "Tera­amos a sorte de ver apenas um casal de Southern Cavefish e Southern Cave Crayfish durante uma pesquisa."

Enquanto mergulhava em cerca de 15 panãs de águano Lago Norte, localizado na seção Jones Hall da caverna, o Dr. Niemiller avistou um lagostim de caverna de tamanho menor abaixo dele.

Crédito: Pensoft Publishers

“Amedida que mergulhei e me aproximei, notei que os chelae, ou pina§as, eram bem finos e alongados em comparação com outros lagostins que vimos na caverna”, diz ele. "Tive a sorte de pegar o lagostim com minha rede e voltei para a margem."

Era uma faªmea, medindo menos de uma polegada de comprimento da carapaa§a, e tinha a³vulos em desenvolvimento internamente, então era um adulto maduro.

"Observamos alguns outros caracteres morfola³gicos, tiramos fotos, adquirimos uma amostra de tecido e liberamos o lagostim", diz o Dr. Niemiller.

“O segundo lagostim da caverna de Shelta que encontramos foi em agosto de 2020 na área de West Lake”, diz ele.

A equipe vasculhou grande parte da área e não viu muita vida aqua¡tica . Quando eles começam a sair pela passagem do lago para retornar a superfÍcie, Nate Sturm, um estudante de mestrado em biologia da Universidade do Alabama que havia acompanhado o laboratório durante a viagem, notou um pequeno lagostim branco em uma área que a equipe havia percorrido anteriormente.

"Era um macho com quelas finas e alongadas", diz o Dr. Niemiller. "Eu já tinha andado a  frente da área e não vi os lagostins. Graças a Deus pelos olhos jovens!"

Para ajudar na identificação, a equipe analisou pequenos fragmentos de DNA mitocondrial nas amostras de tecido coletadas.

"Na³s comparamos as sequaªncias de DNA recanãm-geradas com sequaªncias já disponí­veis para outras espanãcies de lagostins na regia£o", diz o Dr. Niemiller. “Um desafio que enfrentamos foi que não existiam sequaªncias de DNA antes do nosso estudo para o Shelta Cave Crayfish, então foi um processo de eliminação, por assim dizer”.

Embora poucos lagostins sejam considerados endaªmicos de um aºnico local, em outras palavras, conhecidos por existir em apenas um local, isso éum pouco mais comum em espanãcies que vivem em cavernas, como o lagostim da caverna de Shelta, diz ele.

"Alguns outros lagostins de caverna são conhecidos de sistemas de cavernas únicas nos Estados Unidos. Um desafio que enfrentamos ao tentar conservar essas espanãcies édeterminar se eles realmente são conhecidos de um aºnico sistema de cavernas, ou podem ter distribuições um pouco maiores, mas estamos prejudicado por nossa capacidade de estudar a vida no subsolo."

Fora do trabalho de dissertação feito pelo Dr. Cooper, pouco se sabe sobre a história de vida e ecologia da espanãcie.

"O Southern Cavefish (Typhlichthyssubterraneus) e o Tennessee Cave Salamander (Gyrinophilus palleucus) podem ser predadores de filhotes menores do lagostim da caverna de Shelta. Os lagostins da caverna do sul maiores e os lagostins da caverna do Alabama também podem se alimentar de filhotes pequenos", diz Niemiller.

“Nãosabemos nada sobre a dieta da espanãcie, mas provavelmente éum ona­voro que se alimenta de matéria orga¢nica lavada ou trazida para a caverna, bem como pequenos invertebrados, como copanãpodes e anfa­podes”.

Embora esta pesquisa tenha ocorrido antes da concessão, o Dr. Niemiller estãoatualmente conduzindo a primeira avaliação abrangente da biodiversidade das a¡guas subterra¢neas no centro e leste dos Estados Unidos, uma busca pioneira por novas espanãcies e uma nova compreensão da complexa rede de vida que existe sob nossos panãs. A pesquisa éfinanciada por um praªmio CAREER de cinco anos e US$ 1,029 milha£o da National Science Foundation (NSF).

Ele diz que éimportante conhecer a saúde das populações das pequenas criaturas que dependem das a¡guas subterra¢neas.

"A águasubterra¢nea éextremamente importante não apenas para os organismos que vivem em ecossistemas de águasubterra¢nea, mas para a sociedade humana para águapota¡vel, agricultura, etc.", diz o Dr. Niemiller.

“Os organismos que vivem nas a¡guas subterra¢neas trazem benefa­cios importantes, como purificação e biodegradação da a¡gua”, diz. "Eles também podem agir como 'cana¡rios na mina de carva£o', indicadores gerais da águasubterra¢nea e da saúde do ecossistema."

 

.
.

Leia mais a seguir