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Novas evidaªncias sobre quando, onde e como as galinhas foram domesticadas
Especialistas descobriram que uma associaa§a£o com a agricultura de arroz provavelmente iniciou um processo que levou as galinhas a se tornarem um dos animais mais numerosos do mundo. Eles também encontraram evidaªncias de que as galinhas...
Por Universidade de Exeter - 06/06/2022


Comparação de tarsometatarsi de frango de: A) Mogador (Becker 2013); B) frango de corte moderno; C) Iron Age Weston Down (fotografia de J. Best), mostrando osso sauda¡vel no esquerdo e osso fraturado a  direita (CKN8) (gra¡fico por S. Doherty). Crédito: Antiguidade (2022). DOI: 10.15184/aqy.2021.90


Novas pesquisas transformam nossa compreensão das circunsta¢ncias e do tempo da domesticação das galinhas, sua disseminação pela asia para o ocidente, e revela a mudança na forma como elas foram percebidas nas sociedades nos últimos 3.500 anos.

Especialistas descobriram que uma associação com a agricultura de arroz provavelmente iniciou um processo que levou as galinhas a se tornarem um dos animais mais numerosos do mundo. Eles também encontraram evidaªncias de que as galinhas eram inicialmente consideradas exa³ticas, e apenas vários séculos depois usadas como fonte de "alimento".

Esfora§os anteriores alegaram que as galinhas foram domesticadas háté10.000 anos na China, sudeste da asia ou andia, e que as galinhas estavam presentes na Europa hámais de 7.000 anos.

Os novos estudos mostram que isso estãoerrado, e que a força motriz por trás da domesticação de galinhas foi a chegada da agricultura de arroz seco ao sudeste da asia, onde seu ancestral selvagem, a ave vermelha da selva, viveu. A agricultura de arroz seco atuou como um a­ma£ atraindo aves selvagens da selva para baixo das a¡rvores, e iniciando uma relação mais próxima entre as pessoas e as aves da selva que resultou em galinhas.

Este processo de domesticação estava em andamento por volta de 1.500 a.C. na pena­nsula do Sudeste Asia¡tico. A pesquisa sugere que as galinhas foram então transportadas primeiro pela asia e depois por todo o Mediterra¢neo ao longo de rotas usadas pelos primeiros comerciantes mara­timos gregos, etruscos e fena­cios.

Durante a Idade do Ferro na Europa, as galinhas eram veneradas e geralmente não eram consideradas como alimento. Os estudos mostraram que várias das primeiras galinhas são enterradas sozinhas e não massacradas, e muitas também são encontradas enterradas com pessoas. Os machos eram frequentemente enterrados com galos e faªmeas com galinhas. O Impanãrio Romano então ajudou a popularizar galinhas e ovos como alimento. Por exemplo, na Gra£-Bretanha, as galinhas não eram consumidas regularmente atéo século III d.A., principalmente em locais urbanos e militares.

A equipe internacional de especialistas reavaliou os restos de frango encontrados em mais de 600 locais em 89países. Eles examinaram os esqueletos, o local do enterro e registros hista³ricos sobre as sociedades e culturas onde os ossos foram encontrados. Os ossos mais antigos de um frango domanãstico definitivo foram encontrados em Neola­tica Ban Non Wat no centro da Taila¢ndia, e datam entre 1.650 e 1.250 a.C.

A equipe também usou datação por radiocarbono para estabelecer a idade de 23 das primeiras galinhas propostas encontradas no oeste da Eura¡sia e noroeste da áfrica. A maioria dos ossos eram muito mais recentes do que se pensava. Os resultados dissipam as reivindicações das galinhas na Europa antes do primeiro milaªnio a.C. e indicam que elas não chegaram atépor volta de 800 a.C. Então, depois de chegar a  regia£o do Mediterra¢neo, levou quase 1.000 anos a mais para que as galinhas se estabelecessem nos climas mais frios da Esca³cia, Irlanda, Escandina¡via e Isla¢ndia.
 
Os dois estudos, publicados nas revistas Antiquity e The Proceedings of the National Academy of Sciences, foram realizados por acadaªmicos das universidades de Exeter, Munique, Cardiff, Oxford, Bournemouth, Toulouse, e universidades e institutos na Alemanha, Frana§a e Argentina.

A professora Naomi Sykes, da Universidade de Exeter, disse: "Comer galinhas étão comum que as pessoas pensam que nunca as comemos. Nossas evidaªncias mostram que nossa relação passada com as galinhas era muito mais complexa, e que durante séculos as galinhas eram celebradas e veneradas."

O professor Greger Larson, da Universidade de Oxford, disse: "Esta reavaliação abrangente das galinhas em primeiro lugar demonstra o quanto errado foi nossa compreensão do tempo e local da domesticação de frangos. E ainda mais emocionante, mostramos como a chegada da agricultura de arroz seco atuou como um catalisador tanto para o processo de domesticação de frangos quanto para sua dispersão global."

Julia Best, da Universidade de Cardiff, disse: "Esta éa primeira vez que a datação por radiocarbono tem sido usada nesta escala para determinar o significado das galinhas nas sociedades primitiva. Nossos resultados demonstram a necessidade de datar diretamente os primeiros espanãcimes propostos, pois isso nos permite a imagem mais clara ainda de nossas interações iniciais com as galinhas."

O professor Joris Peters, da LMU Munique e da Coleção Estatal ba¡vara de Paleeomia, disse: "Com sua dieta geral altamente adapta¡vel, mas essencialmente baseada em cereais, as rotas mara­timas desempenharam um papel particularmente importante na disseminação de galinhas para a asia, Oceania, áfrica e Europa."

Dr. Ophanãlie Lebrasseur, do CNRS/UniversitéToulouse Paul Sabatier e do Instituto Nacional de Antropologa­a y Pensamiento Latinoamericano, disse: "O fato de as galinhas serem tão onipresentes e populares hoje em dia, e ainda assim serem domesticadas relativamente recentemente ésurpreendente. Nossa pesquisa destaca a importa¢ncia de comparações osteola³gicas robustas, encontros estratigra¡ficos seguros e colocação precoce de achados dentro de seu contexto cultural e ambiental mais amplo."

O professor Mark Maltby, da Universidade de Bournemouth, disse: "Esses estudos mostram o valor dos museus e a importa¢ncia dos materiais arqueola³gicos para revelar nosso passado."

 

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