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Dinossauro carna­voro bizarro encontrado em sa­tio fa³ssil cla¡ssico no deserto do Saara, no Egito
Uma equipe de pesquisadores ega­pcio-americanos anunciou a descoberta de um novo tipo de dinossauro carna­voro de corpo grande, ou tera³pode, de um famoso sa­tio fa³ssil no deserto do Saara, no Egito. O fa³ssil de uma espanãcie ainda sem nome...
Por Universidade de Ohio - 09/06/2022


Reconstrução do ecossistema do Oa¡sis Bahariya no deserto do Saara do Egito háproximadamente 98 milhões de anos, mostrando a diversidade de grandes tera³podes (dinossauros predadores). O recanãm-descoberto, ainda sem nome, abelissaura­deo (direita) confronta Spinosaurus (centro esquerdo, com peixes nas manda­bulas) e Carcharodontosaurus (centro direito). Ao fundo, uma manada do saura³pode (dinossauro herba­voro gigante de pescoa§o comprido) Paralititan (esquerda) observa cautelosamente esses predadores, enquanto um bando de um pterossauro (ranãptil voador) ainda sem nome paira acima. Crédito: Andrew McAfee, Museu Carnegie de Hista³ria Natural

Uma equipe de pesquisadores ega­pcio-americanos anunciou a descoberta de um novo tipo de dinossauro carna­voro de corpo grande, ou tera³pode, de um famoso sa­tio fa³ssil no deserto do Saara, no Egito. O fa³ssil de uma espanãcie ainda sem nome fornece o primeiro registro conhecido do grupo de tera³podes abelissaura­deos de uma unidade rochosa do Creta¡ceo manãdio (aproximadamente 98 milhões de anos) conhecida como Formação Bahariya, que estãoexposta no Oa¡sis Bahariya do oeste Deserto do Egito.

No ini­cio do século 20, esta localidade rendeu os espanãcimes originais de uma sanãrie de dinossauros nota¡veis ​​- incluindo o colossal Spinosaurus, que foi destrua­do na Segunda Guerra Mundial. Fa³sseis de abelissaura­deos já haviam sido encontrados na Europa e em muitos dos continentes atuais do Hemisfanãrio Sul, mas nunca antes na Formação Bahariya. A equipe descreve a descoberta do abelissaura­deo Bahariya em um artigo publicado hoje na Royal Society Open Science .

O estudo foi liderado pelo estudante de pós-graduação da Universidade de Ohio, Belal Salem, com base no trabalho que ele iniciou enquanto membro do Centro de Paleontologia de Vertebrados da Universidade de Mansoura (MUVP) em Mansoura, Egito.

O fa³ssil em questão, uma vanãrtebra bem preservada da base do pescoa§o, foi recuperado por uma expedição MUVP de 2016 ao Oa¡sis de Bahariya. A vanãrtebra pertence a um abelissaura­deo, uma espanãcie de tera³pode com cara de buldogue, dentes pequenos e braa§os minaºsculos que se estima ter cerca de seis metros de comprimento corporal. Os abelissaura­deos - mais notavelmente representados pela forma pataga´nica com chifres e de aparaªncia demona­aca Carnotaurus do "Mundo Jura¡ssico" e do "Planeta Pranã-Hista³rico" - estavam entre os grandes dinossauros predadores mais diversos e geograficamente difundidos nas massas de terra do sul durante o Pera­odo Creta¡ceo, a última vez período da Era dos Dinossauros. Junto com Spinosaurus e outros dois tera³podes gigantes (Carcharodontosaurus e Bahariasaurus),

“Durante o Creta¡ceo manãdio, o Oa¡sis de Bahariya teria sido um dos lugares mais aterrorizantes do planeta”, diz Salem, um novo aluno do programa de pós-graduação em ciências biológicas da Universidade de Ohio. “Como todos esses enormes predadores conseguiram coexistir permanece um mistanãrio, embora provavelmente esteja relacionado ao fato de terem comido coisas diferentes, por terem se adaptado para caçar presas diferentes”.

A nova vanãrtebra tem implicações para a biodiversidade dos dinossauros do Creta¡ceo no Egito e em toda a regia£o norte da áfrica. a‰ o mais antigo fa³ssil conhecido de Abelisauridae do nordeste da áfrica e mostra que, durante o Creta¡ceo manãdio, esses dinossauros carna­voros se espalharam por grande parte da parte norte do continente, de leste a oeste do atual Egito ao Marrocos, atéo sul. como o Na­ger e potencialmente além . Spinosaurus e Carcharodontosaurus também são conhecidos do Na­ger e Marrocos, e um parente pra³ximo do Bahariasaurus também foi encontrado nesta última nação, sugerindo que essa fauna de tera³podes grandes a gigantescos coexistia em grande parte do norte da áfrica neste momento.
 
Como a descoberta de uma única vanãrtebra do pescoa§o pode levar os pesquisadores a concluir que o fa³ssil pertence a um membro do Abelisauridae, um tipo de dinossauro carna­voro que nunca foi encontrado na Formação Bahariya antes? A resposta éextremamente simples: épraticamente idaªntico ao mesmo osso em outros abelisaura­deos mais conhecidos, como o Carnotaurus da Argentina e o Majungasaurus de Madagascar. Como o coautor e orientador de graduação de Salem, Patrick O'Connor, que em 2007 publicou um estudo exaustivo da anatomia vertebral do Majungasaurus, explica: "Examinei esqueletos de abelisaur da Pataga´nia a Madagascar. Meu primeiro vislumbre deste espanãcime a partir de fotos não deixou daºvidas sobre sua identidade. Os ossos do pescoa§o dos abelissaura­deos são tão distintos."

O sitio

O Oa¡sis de Bahariya éconhecido nos ca­rculos paleontola³gicos por ter produzido os espanãcimes-tipo (os fa³sseis originais, descobertos pela primeira vez) de vários dinossauros extraordina¡rios durante o ini­cio do século 20, incluindo, o mais famoso, o Espinossauro. Infelizmente, todos os fa³sseis de dinossauros Bahariya coletados antes da Segunda Guerra Mundial foram destrua­dos durante um bombardeio aliado de Munique em 1944.

A vanãrtebra do pescoa§o do abelissaura­deo do Oa¡sis de Bahariya, Egito, que constitui o
primeiro registro desse grupo de dinossauros dessa localidade fa³ssil cla¡ssica. O
osso émostrado em vista anterior. Crédito: Universidade de Ohio

Como estudante de pós-graduação no ini­cio dos anos 2000, o coautor do estudo Matt Lamanna ajudou a fazer as primeiras descobertas de dinossauros do oa¡sis desde o infame ataque aanãreo de 1944, incluindo o gigantesco saura³pode (dinossauro de pescoa§o comprido) Paralititan. "O Bahariya Oasis assumiu um status quase lenda¡rio entre os paleonta³logos por ter produzido os primeiros fa³sseis conhecidos de alguns dos dinossauros mais incra­veis do mundo", diz Lamanna, "mas por mais de três quartos de século, esses fa³sseis existiram apenas como imagens em livros antigos." Felizmente, as descobertas feitas durante as recentes expedições lideradas por pesquisadores da AUC e MUVP oscomo a nova vanãrtebra abelisaurid osestãoajudando a restaurar o legado paleontola³gico deste local cla¡ssico.

Como o membro da equipe Sanaa El-Sayed, que co-liderou a expedição de 2016 que coletou a vanãrtebra abelissaura­deo, explica: "Este osso éapenas o primeiro de muitos novos fa³sseis de dinossauros importantes do Oa¡sis de Bahariya".

A Formação Bahariya promete lana§ar mais luz sobre os dinossauros africanos do meio do Creta¡ceo e os ecossistemas desaparecidos em que eles viveram. Ao contra¡rio de rochas mais exploradas da mesma idade no Marrocos que tendem a produzir ossos isolados, a Formação Bahariya parece preservar esqueletos parciais de dinossauros e outros animais terrestres com um grau relativamente alto de frequência. Quanto mais ossos são preservados dentro do esqueleto de uma determinada espanãcie de esqueleto fa³ssil, mais os paleonta³logos geralmente podem aprender sobre isso. A propensão do Oa¡sis de Bahariya para a produção de esqueletos parciais associados sugere que ainda hámuito a ser aprendido desta localidade hista³rica.

"Em termos de dinossauros ega­pcios, nosapenas arranhamos asuperfÍcie", observa o coautor do estudo, Hesham Sallam. "Quem sabe o que mais pode estar la¡ fora?" Esfora§os recentes do professor Sallam e seus colaboradores de todo o planeta estãocolocando estudantes do Egito em papanãis de liderana§a no processo de pesquisa. Tanto a expedição de campo que recuperou o novo fa³ssil de abelissaura­deo quanto o trabalho de laboratório de acompanhamento foram liderados por pesquisadores estudantis do MUVP e autores contribuintes do artigo. “Trabalhar com o MUVP e seus professores e alunos, como Belal Salem, continua a me inspirar, pois vejo a próxima geração de paleonta³logos assumindo um papel proeminente ao compartilhar suas opiniaµes sobre a história do nosso planeta”, acrescenta O'Connor.

 

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