Opinião

A vitória da tradição sobre os 'progressistas' na educação!
A disciplina mental para aprender qualquer coisa depende de duas funções do cérebro: capacidade de foco (concentração) e capacidade de não se distrair! O aperfeiçoamento dessas habilidades decorre do treinamento regular e permanente ao qual...
Por Geraldo Filho - 18/07/2025


Crédito: Melpomene/Depositphotos


Um ritual se repete semestralmente nas salas de Fisioterapia, Biologia, Administração e Contábeis na Universidade Federal do Delta do Parnaíba, antiga UFPI, na disciplina de Sociologia (que está muito longe de ser a ciência medíocre que a maioria dos alunos conheceu, porcamente, no ensino médio!): “Atenção! Bolsas ou mochilas debaixo das carteiras; tablets, notes ou celulares desligados (só liguem com minha autorização); carteiras voltadas para frente; nada de conversas paralelas; concentração total no que eu vou expor, ditar, ler e interpretar em conjunto com vocês!).” 

Certamente, muitos que eventualmente venham a ler este parágrafo e tiveram a formação educacional exposta aos métodos educacionais chamados “progressistas”, “socioconstrutivistas”, “emancipadores” torcerão o nariz e com cara de nojinho dirão: “Viiiixe... método tradicional, que coisa atrasada, conservadora, anacrônica!” 

Ocorre que esse tipo de formação “moderninha” que desvalorizou e ridicularizou a experiência empírica (prática) da sala de aula de milhares de professores do passado, que aperfeiçoaram a maneira de dar aulas com os recursos de que dispunham (o quadro negro ou lousa verde de pedra; o giz; a cartilha; a tabuada e os livros físicos) não está sustentada (legitimada) por dados científicos originários do cérebro, a máquina de aprendizado do organismo humano; enquanto que, por outro lado, a formação educacional fornecida pelos antigos professores, mesmo sem referências às pesquisas cerebrais (neurocientíficas) que na época não existiam, surpreendentemente está, fato comprovado pelos resultados que eles obtiveram com os alunos, sendo suficiente, para comprovar o que digo, comparar as habilidades de escrita, leitura, interpretação de texto e domínio das operações básicas de matemática de um aluno médio do final do Fundamental de hoje com um aluno médio do final do Ginásio de 1950, por exemplo. 

Então, o que aconteceu para que o ensino e a aprendizagem tradicional fossem abandonados pelos “moderninhos progressistas”?! Esse é o problema e o perigo de teorias, sem base científica real, que compensam a falsidade apelando para ideologias políticas e, fundindo-se com elas, deixando-se ser usadas como armas contra a sociedade que almejam destruir. Foi o que houve no Brasil, no qual a velha e boa educação tradicional, que evoluía absorvendo as novas transformações tecnológicas nas salas de aula, acabou sendo demonizada por um advogado, militante comunista, que não era cientista de biologia evolutiva ou neurociência, nem tampouco pedagogo! Esse sujeito, aplicando a ideologia comunista marxista, inventou que os professores nas escolas reproduziam nas aulas a dominação e a opressão de classes existente na sociedade: patrões X empregados; empresários X operários; donos de terra e camponeses e, segundo ele, professores X alunos! Pronto, nascia a “pedagogia do oprimido”! 

O professor, a partir daí, paulatinamente, numa sucessão de reformas do ensino que destruíram a educação no Brasil, teve a imagem transfigurada de alguém para quem os alunos deviam respeito em alguém profissionalmente desvalorizado, recebendo baixos salários (sobretudo no ensino Fundamental e Médio) e praticamente sem nenhuma autoridade nas salas de aula. Assim, o que era uma profissão liberal (que se caracteriza por ser autônoma, sem subordinação hierárquica rígida, na qual o profissional é responsável pelo próprio trabalho e resultados) se tornou uma profissão comum, sem atrativo, na qual, para sobreviver, os profissionais se submetem às normas e diretrizes do Ministério da Educação e das Secretarias Estaduais e Municipais congêneres (semelhantes), tornando-se agora peões, culminando, para o êxtase (alegria) dos comunistas, na sindicalização da profissão, o que possibilitou a ação militante dos partidos de esquerda no âmbito das associações e sindicatos. Ficou fácil disseminar o ódio de classes!

Como o objetivo dos comunistas sempre foi destruir a sociedade capitalista, o método tradicional de ensino e aprendizagem cujas origens remetem a Atenas (Grécia Clássica); a Alexandria (Egito Antigo); as Universidade de Bolonha, Oxford e Paris (Idade Média, 1088, 1096 e 1150 respectivamente); que sustentou como base de conhecimento o Iluminismo e a Revolução Científica (na Europa, a partir do século XV) e depois as Revoluções Industriais (na Inglaterra), foi abandonado no Brasil pela ação militante e corrosiva da esquerda brasileira, a partir dos anos 70, para se adotar métodos nos quais a disciplina mental exigida para se aprender, que envolve o autocontrole individual para se adquirir foco de atenção e evitar as distrações, foi deixada de lado, considerada “opressora”, para se estimular a tal da “aprendizagem lúdica”, na qual os alunos devem “aprender brincando” e descontraidamente, no qual o silêncio não é importante e os alunos podem conversar a vontade; os professores não são mais professores, são “mediadores”, “facilitadores”, “tios e tias”, “profs.”, etc! Eis a fórmula perfeita para o fracasso e a depravação moral de uma sociedade!

A disciplina mental para aprender qualquer coisa depende de duas funções do cérebro: capacidade de foco (concentração) e capacidade de não se distrair! O aperfeiçoamento dessas habilidades decorre do treinamento regular e permanente ao qual o cérebro é submetido. Nas crianças, nos adolescentes, nos jovens e adultos a dinâmica do processo é a mesma. Acontece que as melhores técnicas de execução desse treinamento mental eram exatamente aquelas dos antigos professores: a memorização da cartilha pela repetição das letras e sílabas; a memorização da tabuada pela repetição dos números e operações; a cópia pelo ditado feito pelo professor de palavras, frases ou textos; a cópia pelo aluno de trechos dos livros; a memorização pela leitura em voz alta feita pelo aprendiz, tudo, é claro, em um ambiente silencioso e agradável.


A ação destas técnicas em conjunto potencializa (fortalece) a experiência sensorial cognitiva da aprendizagem humana. A ação destas técnicas se repetindo por anos a fio, em todos os níveis da educação, prepararia cérebros capazes de abranger experiências sensoriais cognitivas de tal magnitude que levariam nossa sociedade a uma ampla transformação socioeconômica (como Israel, Japão e Coreia do Sul, por exemplo), ao mesmo tempo em que abandonaria ideologias parasitárias como as da esquerda! Por essa razão, os adeptos da educação “moderninha progressista”, que é a máscara usada pelos comunistas do militante Paulo Freyre, se dedicaram a atacar e destruir a formação pedagógica (ensino e aprendizagem) tradicional, produzindo gerações de alunos “analfabetos funcionais”, com baixíssima capacidade intelectual e compreensão do mundo, que facilmente se tornaram vitimas de um demagogo (mentiroso, sofista) sem instrução e cultura, que infesta a sociedade brasileira há mais de 45 anos, o elegendo presidente da republica por 03 vezes!

Como sociobiólogo e pesquisador de neurociência, fico emocionado e me curvo com reverência e homenagem aos antigos professores ao repetir suas técnicas nas minhas salas, pois cada uma delas está fortemente enraizada e embasada nas pesquisas atuais da neurociência cognitiva e comportamental! Eles estavam certos!

Para terminar com uma ilustração explicativa: Um simples ditado de palavras isoladas ativa a máquina de fabricação de “mapas mentais” numa velocidade difícil de medir numa escala humana compreensível, porém, são por meio deles que formamos as imagens do mundo e nos guiamos tomando decisões. Com efeito, no momento em que os leitores VIREM aqui e LEREM aqui no texto as palavras BOLO DE CHOCOLATE imediatamente acionarão regiões do cérebro referentes à VISÃO (viram a palavra escrita; a forma das letras; a ligação entre elas construindo sílabas); à MEMÓRIA (lembraram o significado daquela forma-palavra); à FORMA (o formato do bolo, se redondo, retangular, em fatia ou quadrado); à COR (marrom como cor predominante); ao SABOR (a rememoração da experiência gustativa com o bolo); ao AROMA (o cheiro exalado pela guloseima); à AUDIÇÃO (ao ver e ler aqui as palavras, mesmo que silenciosamente, as regiões temporais do cérebro “ouvirão” o seu som)... de maneira que o MAPA MENTAL confeccionado pela contribuição de cada uma dessas experiências sensoriais cognitivas lhe cocederão a liberdade do que fazer diante de BOLO DE COCOLATE, se gosta, se não gosta, se ficou com vontade de comer uma pedaço agora ou mais tarde; essa decisão, LIVRE-ARBÍTRIO, também é avaliada e executada (córtex pré-frontal) pelo cérebro a partir dos mapas mentais à disposição! 

Tudo isso, resumidamente descrito acima, foi só disparado por um simples ditado de palavras isoladas! Imaginem todas as técnicas em conjunto! Mais uma vez, os antigos mestres estavam absolutamente corretos! Eu os imito!


Prof. Dr. Geraldo Filho 
Universidade Federal do Delta do Parnaíba  (UFDPar)

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