A pandemia mostrou, e continuara¡ mostrando, o quanto as humanidades são importantes para as principais questões que uma sociedade deve fazer durante um período como esse.
Ilustração de Julie Winegard
Tem sido um momento difacil para as humanidades em todo opaís. Com o financiamento e novos empregos acadaªmicos já em um estado preca¡rio, a pandemia os paralisou. Muitos temem que levem anos, se éque alguma vez, para que essas disciplinas possam se recuperar, com a³timos empregos para nossos alunos de pós-graduação, suporte para nossos cursos e projetos e um senso maior do valor de uma educação humanastica.
Ao mesmo tempo, uma coisa que a crise do COVID mostrou éque as humanidades são mais vitais do que nunca. O trabalho intelectual de nossas disciplinas nos permite ver como saúde, doença e vida coletiva são categorias insepara¡veis, unindo, como sempre, forças fundamentais na vida e nas aspirações humanas. Fui inspirado pela rapidez e força com que nossos professores e alunos viram a aplicabilidade da pandemia em seu trabalho e a centralidade de seu trabalho na compreensão da pandemia.
Nas semanas seguintes ao inicio da crise, os colegas da Columbia começam a se concentrar em questões tão diversas quanto a importa¢ncia da assembleia física para a prática religiosa e o conflito percebido entre essas tradições e a saúde pública; a história das pandemias em relação ao teatro, nas quais culturas teatrais inteiras foram perdidas na sequaªncia de doena§as; e a maneira como a linguagem e a ideologia da guerra podem caracterizar significativamente a resposta coletiva a saúde pública.
Tambanãm existe um amplo senso de que o trabalho que estudamos nas ciências humanas - incluindo arte, literatura, religia£o, filosofia e linguagem - oferecera¡ acesso especial a experiência humana e compartilhada da doença e seus efeitos sociais. A própria natureza da conectividade humana assumiu um novo significado, e as expressaµes que compõem uma cultura fornecem uma profunda compreensão de como existimos como indivíduos e como membros de diferentes comunidades.
Romances, poemas e pea§as de 100 ou 1.000 anos atrás sobre peste; música que explora a necessidade de cura ou protesto; obras de arte e arquitetura que expressam ou englobam sofrimento fasico e contato: são apenas uma pequena amostra dos tipos de artefatos humanasticos que muitos transformaram de novo, ou pela primeira vez, enquanto tentamos entender as circunsta¢ncias atuais. E, éclaro, as humanidades nos ajudam a pensar sobre a natureza da desigualdade, do racismo e das consequaªncias da diferença social de maneiras muito arraigadas, como essa pandemia, e tudo o que ocorreu nas últimas semanas desde a morte de George Floyd, mostrou .
Existem poucos revestimentos de prata nas nuvens pesadas sobre nosagora, mas acho que as humanidades mostraram, e continuara£o a mostrar, quanto importante éo nosso trabalho para as principais questões que uma sociedade deve fazer durante um período como esse. Os humanistas estãose esforçando para escrever, exibir, discutir e ensinar, demonstrando criatividade e sensibilidade, com um lembrete recanãm-descoberto de que o que estudamos estãototalmente interconectado com a forma como passaremos por essa pandemia - e com que tipo de mundos intelectuais, culturais e sociais iremos construir em seu rastro.
*As opiniaµes expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva
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Sarah Cole
Diretora de ciências humanas e professora de inglês e literatura comparada da Columbia.