Saúde

Estudo aponta que cirurgia baria¡trica causa perda a³ssea em mulheres, mas exerca­cios reduzem o problema
Um programa de exerca­cios composto por exerca­cios convencionais como caminhada e musculaa§a£o se mostrou suficiente para atenuar as perdas de massa a³ssea nessa populaa§a£o.
Por Ivanir Ferreira - 25/09/2019

Arte: Cleber Siquette/Jornal da USP

As severas perdas de massa a³ssea que pacientes sofrem após se submeterem a cirurgias baria¡tricas podem ser atenuadas com exerca­cios fa­sicos. A constatação éde uma pesquisa feita na USP com mulheres que passaram pela intervenção cirúrgica no Hospital das Cla­nicas da Faculdade de Medicina (FM) da USP. Apa³s a recuperação do pa³s-operata³rio, as pacientes foram acompanhadas durante seis meses em um programa de treinamento fa­sico, incluindo exerca­cios aera³bicos e de força. Os dados foram  compilados recentemente e um artigo sobre o assunto foi publicado, em julho, no The Journal of Clinical Endocrinoloy & Metabolism.

Segundo Hamilton Roschel, coordenador do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da Escola de Educação Fa­sica e Esporte (EEFE) e da Faculdade de Medicina (FM) osum dos autores do artigo –, a pesquisa procurou investigar o possí­vel papel terapaªutico do exerca­cio fa­sico como estratanãgia para mitigar a redução da densidade mineral a³ssea, um dos efeitos adversos cla¡ssicos advindos da cirurgia baria¡trica. Dessa forma, após três meses do procedimento ciraºrgico, o tempo considerado de recuperação, as pacientes foram divididas em dois grupos: para um deles, foi indicado um programa de treinamento estruturado com exerca­cios fa­sicos de força (musculação) e aera³bico (caminhada), três vezes por semana; enquanto o outro grupo recebeu o tratamento padrãopa³s-cirurgia, que inclui recomendações gerais para um estilo de vida sauda¡vel.

Roschel explica que embora se saiba que exerca­cios de maior impacto sejam os mais recomendados para ganho de massa a³ssea, um programa de exerca­cios composto por exerca­cios convencionais como caminhada e musculação se mostrou suficiente para atenuar as perdas de massa a³ssea nessa população.

As pacientes, que tinham idade entre 18 e 60 anos, foram avaliadas em três períodos, antes da cirurgia, três meses após o procedimento ciraºrgico (quando era dado ini­cio ao programa de exerca­cios) e seis meses após o ini­cio do treino, passando, entre outros, por exames de densitometria, que mediu a densidade mineral a³ssea de diferentes regiaµes do corpo osa regia£o lombar, faªmur, raio distal (osso do braa§o), quadril e corpo total. Os dados foram coletados entre 2015 e 2018 e, segundo Roschel, todas as pacientes que fizeram a cirurgia tiveram queda da densidade mineral a³ssea; no entanto, aquelas que não se engajaram aos exerca­cios continuaram a perder massa a³ssea de forma significativa ao longo do período do estudo, ao passo que a perda foi atenuada de maneira bastante importante no grupo que se exercitou.

O pesquisador destaca a importa¢ncia destes resultados porque demonstram o efeito protetor do exerca­cio sobre os ossos. Recentemente, outro grupo de pesquisa demonstrou que quem faz esse tipo de cirurgia tem mais chances de sofrer fraturas por conta desta deterioração a³ssea. O faªmur, por exemplo, éa parte do corpo que sofre o maior número de fratura. “E foi justamente essa regia£o que foi mais bem protegida pela atividade física”, diz Roschel.

Cirurgia baria¡trica/metaba³lica


A cirurgia baria¡trica não érecomendada apenas para perda de peso para obesos ma³rbidos. Tambanãm tem sido indicada como forma de tratamento e regulação dos na­veis metaba³licos do organismo, como o controle do diabetes e a hipertensão, problemas de saúde que são agravados ou associados ao excesso de gordura corporal. O Brasil éo segundopaís com maior número de cirurgias desse tipo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Poranãm, Roschel alerta que háinúmeros efeitos colaterais oriundos do procedimento. A perda de massa a³ssea éum deles, que se inicia logo após a cirurgia, podendo permanecer ao longo de anos. A perda ocorre devido a maºltiplos fatores, incluindo ma¡ absorção de vitamina D, do ca¡lcio, perda de massa muscular e alterações no metabolismo ósseo, completa.

O estudo écoliderado pelo professor Bruno Gualano e foi conduzido pelos alunos de pós-graduação Igor Murai, Saulo Gil, Wagner Dantas e Carlos Merege. A pesquisa contou com financiamento da Fundação de Amparo a  Pesquisa do Estado de Sa£o Paulo (Fapesp).

 

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