Saúde

Pesquisa aponta a Reversina como a nova esperana§a para tratar leucemia em adultos e idosos
Especialistas da Universidade de Sa£o Paulo observaram que o fa¡rmaco écapaz de reduzir o crescimento do tumor ao inibir protea­nas responsa¡veis por sua proliferaça£o
Por USP/MaisConhecer - 04/10/2019


Foto: Ceca­lia Bastos/USP Imagens
Pesquisa teve colaboração do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, da Faculdade de Medicina de Ribeira£o Preto (FMRP) da USP e do Hospital Albert Einstein

A reversina éuma molanãcula, ainda sem utilidade cla­nica, que tem sido estudada por vários grupos de pesquisa para tratar diferentes tipos de ca¢ncer. Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP testaram a molanãcula em modelos in vitro de um tipo especa­fico de leucemia, a neoplasia mieloproliferativa, que acomete indivíduos entre 50 e 70 anos. O grupo descobriu que o tratamento com a reversina écapaz de frear o crescimento da canãlula tumoral e leva¡-la a  morte.

O estudo foi conduzido pelo grupo de pesquisa do professor Joa£o Agostinho Machado-Neto, em colaboração com a Faculdade de Medicina de Ribeira£o Preto (FMRP) da USP, e foi recentemente publicado na revista Scientific Reports. Inicialmente, segundo ele, buscou-se identificar marcadores que contribua­ssem para a progressão da doença e, ao analisar 84 alvos, dois chamaram a atenção: as protea­nas Aurora-quinase A (AURKA) e Aurora-quinase B (AURKB), bem conhecidas por auxiliar na proliferação das células tumorais. Ao trata¡-las com um medicamento convencional contra leucemia (ruxolitinibe), os pesquisadores observaram que o tratamento reduz a expressão dessas protea­nas.

“A próxima pergunta foi: qual de fato éa contribuição das Aurora-quinases para o crescimento do tumor?”, diz Machado-Neto. Ele explica que o fa¡rmaco dispona­vel no mercado inibe a protea­na JAK2, cuja mutação ativa as Aurora-quinases e contribui nesse tipo de leucemia. O grupo, então, optou por inibir diretamente as Aurora-quinases utilizando a reversina. “As células responderam muito bem a  molanãcula. Dependendo da dose, foi possí­vel reduzir o tumor in vitro de forma significativa e levar as células tumorais a  apoptose [morte]”. Isso ocorre porque a inibição das protea­nas impede que as células se proliferem, entrando na chamada “cata¡strofe mita³tica”.

Novas terapias

A leucemia éum câncer de difa­cil tratamento e com alta taxa de mortalidade. Embora tenha um bom prognóstico em criana§as, émais grave em indivíduos adultos: cerca de 60% a 80% dos pacientes morrem em cinco anos. Outro agravante, segundo o pesquisador, éque a única opção de cura para a maioria dos casos éo transplante de medula a³ssea, que funciona em metade dos pacientes. Pacientes com mais de 60 anos são raramente elega­veis para esse procedimento, o que dificulta o seu tratamento.

“As células responderam muito bem a  molanãcula. Dependendo da dose, foi possí­vel reduzir o tumor in vitro de forma significativa e levar as células tumorais a  apoptose [morte]”.


A melhor terapia dispona­vel atualmente para a neoplasia mieloproliferativa éo ruxolitinibe osno entanto, cerca de metade dos pacientes apresenta resposta insatisfata³ria a esse fa¡rmaco. “A reversina talvez seja uma opção para os pacientes que não respondem ao tratamento convencional. No entanto, ainda énecessa¡rio testa¡-la em animais para verificar a sua toxicidade e garantir que ela seja segura para testes clínicos osprocesso que costuma demorar alguns anos. Pretendemos iniciar os testes em animais no pra³ximo ano”, destaca Machado-Neto.

Outros inibidores de protea­nas quinases, que já estãoem testes clínicos, inibem somente a AURKA ou a AURKB oso diferencial da reversina éa capacidade de inibir ambas.

De difa­cil tratamento, a leucemia émais grave em adultos e idosos do que em criana§as 

Respostas diferentes

Os pesquisadores utilizaram dois modelos de células para testar a reversina: um deles respondeu muito bem e, o outro, respondeu menos. Para este caso, foi necessa¡ria uma dose maior de reversina para obter os mesmos resultados do primeiro e conseguir inibir as protea­nas quinases. Diante disso, em parceria com o Hospital Albert Einstein, o grupo também fez uma análise molecular utilizando um grande painel de genes relacionados a  morte celular e identificou seis genes que podem influenciar na resposta a  reversina. “A partir desses dados, queremos testar futuramente se a resposta ao fa¡rmaco pode mudar caso o paciente ou animal tenha a expressão aumentada desses genes”.

 

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