Pesquisadores da USP desenvolveu técnica que promove ganho de força e previne atrofia muscular
Uso de microRNAs pode combater desgastes dos maºsculos, afirma grupo de pesquisadores da Universidade de Sa£o Paulo

O bom funcionamento do tecido muscular esquelanãtico éimportante para prevenir quedas e fraturas ósseas, problemas frequentes em idosos ou com debilidades nos maºsculos. Uma técnica desenvolvida pelo Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, recentemente patenteada, pode ajudar a aumentar o tamanho e a força do maºsculo, além de prevenir a atrofia muscular. Coordenado pelo pesquisador Anselmo Moriscot, o grupo analisou um conjunto de microRNAs e identificou um tipo capaz de auxiliar no controle da massa muscular: o microRNA-29c.
MicroRNAs são pequenas moléculas que agem regulando os chamados RNAs mensageiros (mRNAs), que são aqueles lidos em proteanas. Eles são capazes de se ligar nesses RNAs mensageiros e podem gerar dois efeitos: impedindo que os mRNAs sejam lidos em proteanas (perdendo assim a sua função); ou ativando a degradação (eliminação) desse mRNA.
Utilizando ferramentas de bioinforma¡tica, os pesquisadores analisaram os genes que estavam sendo expressos no maºsculo em diferentes situações experimentais e a sua relação com os microRNAs. Apa³s identificarem o microRNA-29c como um bom candidato no controle de massa muscular, realizaram testes em animais para verificar a sua atividade no maºsculo tibial anterior, localizado na perna.
Para isso, o grupo criou um plasmadeo (molanãcula circular de DNA), no qual clonou a sequaªncia desse microRNA. Em seguida, injetou essa solução no maºsculo e, após cerca de 20 minutos, realizou estamulos elanãtricos, com o intuito de hiperexpressar o microRNA-29c. “Em 30 dias, a técnica proporcionou 40% de aumento da massa muscular e 40% de ganho de força. Ainda não háprevisão de testes clínicos [em pacientes], mas os resultados preliminares mostram que, além de expressar os genes envolvidos na hipertrofia, o microRNA-29c foi capaz de inibir aqueles responsa¡veis pela atrofiaâ€, explica o professor Anselmo Moriscot.
A partir da descoberta, os pesquisadores clonaram diversas combinações nos plasmadeos, utilizando não são o microRNA-29c, mas também o microRNA-29 do tipo A e B, além de algumas mutações. A pesquisa, cujo primeiro autor foi o pa³s-doutorando William Silva, foi publicada na revista cientafica Acta Physiologica e teve apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Sa£o Paulo (Fapesp).
Aplicações
Segundo Moriscot, a intenção éque, a longo prazo, a tecnologia seja aplicada para a melhoria do estado da massa do maºsculo esquelanãtico em indivíduos com debilidade muscular, decorrente de lesões nervosas perifanãricas, lesões ortopanãdicas, imobilização prolongada de membros, uso prolongado de corticoides, envelhecimento, entre outros fatores.
Para os pra³ximos passos, o grupo de pesquisa pretende testar a eficiência dessa estratanãgia terapaªutica em situações clanicas, como a caquexia (grau extremo de enfraquecimento), ainda utilizando modelos animais. Trata-se de uma sandrome que acomete pacientes oncola³gicos, que provoca uma saºbita perda de peso, tanto de gordura como de massa muscular.