Saúde

Pesquisadores descobrem que marcadores de sangue infantil predizem a saúde mental infantil
Um novo va­nculo entre os na­veis de colesterol “ruim” no nascimento e o comportamento subseqa¼ente na infa¢ncia pode ajudar a identificar e tratar as pessoas propensas a sofrer depressão e outras dificuldades mentais.
Por Ker Than - 05/12/2019

(Crédito da imagem: istockphotos)
Os pesquisadores de Stanford acreditam ter encontrado uma correlação entre o colesterol "ruim" e o desenvolvimento da saúde mental de uma criana§a. 

Os pesquisadores de Stanford mostraram que os na­veis de colesterol e gordura no sangue de um recanãm-nascido podem prever com segurança a saúde psicológica e social da criana§a cinco anos depois. Se confirmada, a descoberta pode apontar para novas maneiras de monitorar ou tratar doenças mentais, como a depressão, desde cedo na infa¢ncia.

Os resultados correlacionaram lipa­dios no sangue do corda£o umbilical do recanãm-nascido com as classificações dos professores em saúde mental das criana§as em torno dos cinco anos de idade. As criana§as nascidas com mais colesterol e triglicera­deos "ruins" (um tipo de gordura ou lipa­dio que circula no sangue) eram mais propensas a receber avaliações ruins dos professores do que seus pares com na­veis mais altos de colesterol "bom" e na­veis mais baixos de triglicera­deos.

O professor de psicologia Ian Gotlib foi o autor saªnior do estudo publicado na Psychological Science . Ele disse que o pra³ximo passo édescobrir se o papel da gordura émeramente correlativo e, portanto, serve como um marcador dos processos biola³gicos radiculares no trabalho, ou realmente causativos, e, portanto, um alvo promissor para intervenções terapaªuticas, comomudanças na dieta ou produtos farmacaªuticos. .

"Nosso estudo éum ponto de partida para muitas outras linhas de pesquisa", disse Gotlib, que éo professor David Starr Jordan no Departamento de Psicologia da Faculdade de Humanidades e Ciências de Stanford . "Estamos empolgados em ver aonde isso vai dar."

Erika Manczak, principal autora do estudo, começou o trabalho como bolsista de pa³s-doutorado no laboratório de Gotlib. "a‰ surpreendente que, desde tão cedo na vida, esses marcadores facilmente acessa­veis e comumente examinados dos na­veis de lipa­dios no sangue tenham essa correlação preditiva para futuros resultados psicola³gicos", disse Manczak, que agora éprofessor assistente de psicologia na Universidade de Denver. "O que nosso estudo mostrou érealmente uma descoberta otimista, porque os lipa­dios são relativamente fa¡ceis de manipular e influenciar".

Os cientistas ainda não sabem como os na­veis de gordura podem estar relacionados ao comportamento psicola³gico observado em criana§as. Mas os resultados se encaixam com evidaªncias crescentes sobre a influaªncia da gordura na função do sistema imunológico. Em adultos, alguns estudos descobriram um papel do sistema imunológico na manutenção do bem-estar psicola³gico. Ao estender essa investigação em criana§as, o estudo de Stanford comea§a a revelar fatores relacionados ao aparecimento de dificuldades emocionais e doenças mentais, que estãoaumentando globalmente.

"A prevalaªncia de depressão estãoaumentando a cada geração em todas as idades, junto com tentativas e conclusaµes de suica­dio", disse Gotlib. “Nas últimas décadas, fizemos um trabalho maravilhoso ao reduzir as taxas e o impacto de muitos distúrbios fa­sicos. No entanto, fizemos mal na redução de transtornos mentais. Encontrar potenciais novos preditores precoces de saúde mental, como este estudo, anã, portanto, um passo crítico em frente. ”


Investigando os dados


Para o estudo, os pesquisadores de Stanford analisaram um conjunto de dados compilado pelo projeto Born in Bradford . Sediado em Bradford, a sexta maior cidade do Reino Unido, o projeto acompanha criana§as nascidas entre mara§o de 2007 e dezembro de 2010, bem como seus pais, para aprender mais sobre doenças comuns da infa¢ncia, juntamente com o desenvolvimento mental e social.

Manczak e Gotlib examinaram o perfil lipa­dico de 1.369 recanãm-nascidos, observando na­veis de triglicera­deos, lipoprotea­na de alta densidade (HDL, também conhecida como colesterol "bom") e lipoprotea­na de densidade muito baixa (VLDL, também conhecida como colesterol "ruim").

Eles então compararam esses na­veis de colesterol e triglicera­deos com as avaliações psicológicas dos professores no final do ensino manãdio no Reino Unido. Os professores avaliaram a competaªncia das criana§as em regulação emocional, autoconsciência e relacionamento interpessoal. As descobertas de Manczak e Gotlib indicam que criana§as com indicadores psicola³gicos mais favoráveis ​​nasceram com HDL mais alto e VLDL ou triglicera­deos mais baixos do que as criana§as que tiveram pontuações mais baixas nessas caracterí­sticas.

a‰ importante ressaltar que essa correlação foi consistente mesmo em pessoas de diferentes origens anãtnicas e socioecona´micas, o que sugere que a renda familiar, acesso a cuidados de saúde, dieta e outros fatores sociais não estãosubjacentes a  relação entre marcadores sangua­neos e indicadores psicola³gicos. O grupo também descartou a saúde física geral das criana§as (avaliada pelos pais aos três anos de idade), o a­ndice de massa corporal das criana§as aproximadamente no momento das avaliações dos professores, a colocação em aulas de educação especial, a saúde das ma£es antes e durante a gravidez, incluindo hista³rico de depressão e se a ma£e tomou vitaminas pré-natais, como fatores que poderiam explicar as avaliações dos professores.

"O fato de o aºnico preditor sãolido para os escores de avaliação de competaªncia psicossocial das criana§as nascidas em Bradford serem os na­veis lipa­dicos fetais realmente argumenta a favor de uma conexão entre os dois", disse Manczak. "Agora precisamos descobrir o que exatamente pode ser essa conexa£o."

Juntando tudo


Os pesquisadores sugerem uma explicação para esses resultados: os na­veis lipa­dicos des favoráveis ​​contribuem para a disfunção do sistema imunológico, resultando em inflamação corporal. As moléculas envolvidas na inflamação podem atravessar o cérebro, influenciando o desenvolvimento fetal e infantil, bem como o bem-estar psicola³gico a longo prazo e, pelo menos a curto prazo, o humor, a motivação e as perspectivas.

"O colesterol ruim pode promover maior inflamação em todo o corpo que influencia a maneira como o cérebro das criana§as estãose desenvolvendo ou agindo", disse Manczak. "Isso pode ser o suficiente para leva¡-los a certas trajeta³rias psicológicas".

 

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