Saúde

Fumar maconha deteriora qualidade de espermatozoides
Apesar de favora¡vel a  legalizaa§a£o da planta para fim medicinal, Jorge Hallak diz que a inalaa§a£o épouco estudada
Por USP/MaisConhecer - 13/12/2019



O médico da Divisão de Cla­nica Urola³gica do Hospital das Cla­nicas (HC), Jorge Hallak, ficou intrigado com a aparente pior qualidade do saªmen de seus pacientes usuários de maconha. Essa daºvida se tornou uma ampla pesquisa, que lhe rendeu o praªmio da Associação Americana de Andrologia de 2019. O urologista acompanhou mais de mil pacientes por 19 anos e demonstrou o mecanismo de lesão celular causado pelo tetra-hidrocanabinol (THC) nos espermatozoides.

O THC éo derivado psicoativo da Cannabis. Hallak, que éprofessor da Faculdade de Medicina (FM)da USP, argumenta que existem poucos ensaios clínicos sobre os efeitos da substância no manãdio e no longo prazo. Em seu artigo, ele identifica a formação de radicais livres de oxigaªnio dentro da membrana celular dos gametas masculinos. Ou seja, além de uma simples redução da produção de espermatozoides, “o DNA reprodutivo fica sujeito a risco de alteração”, conta ao Jornal da USP no Ar.

Na pesquisa, o urologista trabalhou quatro grupos como objetos. Usua¡rios de maconha por períodos prolongados, de oito a dez anos; fumantes; pacientes pré-vasectomia que tiveram filhos nos últimos 12 meses;  homens diagnosticados com infertilidade. No escopo da saúde reprodutiva masculina, os efeitos do THC foram piores do que o do consumo do tabaco. O cigarro também facilitou a produção de radicais livres, são que em menores quantidades e externamente aos gametas. Em prazos estendidos, os resultados da maconha eram semelhantes ou piores aos daqueles já infanãrteis.

O médico deixa claro que a comparação com o tabaco se da¡ somente nesse a¢mbito. “O cigarro éuma traganãdia da saúde pública”, diz. Ele também defende que o debate sobre o uso recreacional da maconha deve ocorrer sob a luz da ciência Como faltam pesquisas sobre os efeitos colaterais da inalação da fumaa§a produzida pela queima da maconha, o urologista recomenda que o uso de derivados da Cannabis seja feito por spray, a³leo ou comprimido. Canabidiol e canabinol são os produtos medicinais, que não são psicoativos.


Toda escolha na medicina éfeita a partir de uma avaliação de riscos, de acordo com Hallak. “A quimioterapia énociva, mas faz sentido no tratamento de um ca¢ncer”, esclarece. Muitos dos pacientes do urologista minimizam o consumo da maconha com outros detalhes de sua rotina, como exerca­cios fa­sicos e alimentação sauda¡vel, por exemplo. Isso não basta para fazer receita médica e tampouco para pola­tica pública, conta o médico, esperando que seu ensaio daª evidaªncias importantes aos gestores nessa discussão.

 

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