Saúde

Exames em idosos devem ser precedidos de boa avaliação médica
Yeda Duarte afirma que o exame em si não significa que a pessoa está bem cuidada. É necessário uma conversa com o médico para a boa avaliação de uma pessoa idosa
Por USP - 22/05/2025


A solicitação de exames complementares é uma atribuição exclusiva do médico – Foto: Freepi


A importância da indicação e do preparo adequado em exames para idosos, uma fase da vida com maior incidência de condições crônicas, e a necessidade de ajustes na abordagem individualizada são abordados pela professora Yeda Duarte, da Escola de Enfermagem (EE) da USP, diretora do Departamento de Enfermagem do Hospital Universitário e coordenadora do estudo Sabe (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento), um estudo longitudinal sobre as condições de vida e saúde dos idosos residentes do município de São Paulo que está completando 25 anos. “Todos os tipos de exames devem ser precedidos de uma boa avaliação, de uma boa anamnese médica, de uma hipótese diagnóstica, de algo que confirme a necessidade daquele exame ser realizado. Só fazer muitos exames não traz um benefício por si só.”

Yeda Aparecida de Oliveira Duarte – Foto: CV Lattes

A solicitação de exames complementares é uma atribuição exclusiva do médico, que deve basear-se em uma avaliação clínica cuidadosa. Especialistas alertam que a realização excessiva de testes não significa necessariamente melhor cuidado. O processo ideal envolve uma abordagem global, começando por uma conversa detalhada e exame físico, para então formular hipóteses diagnósticas. Os exames complementares devem ser solicitados apenas para confirmar ou esclarecer essas hipóteses, auxiliando no tratamento adequado. Essa abordagem evita procedimentos desnecessários e garante um cuidado mais eficaz à saúde do paciente idoso.

Yeda comenta os exames de screening, feitos para identificar doenças precocemente em pessoas que não apresentam sintomas: “Vão rastrear a ocorrência, a possível ocorrência de alguns problemas onde já existem evidências científicas que mostram que é possível que aquilo ocorra naquela faixa etária, segundo alguns sinais e sintomas que essa pessoa venha ou não estar apresentando. Por exemplo, se a pessoa tiver histórico de alguma doença, esses exames serão indicados”.

Diagnóstico

A professora também explica os exames diagnósticos. “A partir de uma conversa que eu tive com o meu médico, conversei com ele sobre o que eu estou sentindo, o que está me incomodando, qual é o meu sofrimento neste momento, ele vai traçar nesse quadro uma hipótese diagnóstica que, para ser completamente elucidada, vai pedir uns exames específicos que vão se complementar a essa avaliação para se chegar num diagnóstico.”

Existem os exames de rotina/acompanhamento, especialmente para pacientes com condições crônicas. Por exemplo, uma pessoa diabética precisa repetir exames periodicamente para verificar se a glicemia está controlada com o tratamento. Da mesma forma, quem tem colesterol alto deve monitorar os níveis para avaliar a eficácia da medicação. Esses são chamados de exames de segmento, pois acompanham a evolução de doenças crônicas e ajudam a ajustar o tratamento conforme necessário.

A professora também comenta a existência dos exames pré-operatórios, que surgem com uma indicação cirúrgica, a depender das condições crônicas que essa pessoa tenha. Alguns exames são pedidos para essas condições. Pacientes com declínio cognitivo podem ter maior dificuldade em realizar procedimentos médicos, por isso a solicitação de exames deve ser ainda mais criteriosa, baseada em uma avaliação clínica cuidadosa e na real necessidade do momento, evitando sobrecarga desnecessária.

Existe uma corrente de desinformação, principalmente nas redes sociais, que questiona a eficácia e segurança das vacinas, levando muitos pais a não imunizarem seus filhos. Como consequência, doenças evitáveis voltam a circular, afetando não apenas crianças, mas também adultos e idosos. “Doenças infantis nas crianças têm um comportamento, mas uma doença infantil numa pessoa adulta ou numa pessoa idosa pode trazer um risco bastante considerável”, comenta Yeda

As vacinas são essenciais tanto para proteção individual quanto coletiva, criando uma barreira que beneficia até quem não pode ser vacinado. Um exemplo recente é a inclusão da vacina contra Herpes Zoster no SUS, importante principalmente para idosos que tiveram catapora na infância e estão sujeitos a complicações dolorosas e debilitantes. A imunização é uma medida de saúde pública comprovada cientificamente e negligenciá-la pode trazer riscos sérios para toda a sociedade.

 

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