Saúde

Estudo encontra alterações no sistema imunológico no desenvolvimento de mieloma maºltiplo
Os tratamentos futuros podem ser voltados para o microambiente imune da doença de cada paciente - a constelaa§a£o especa­fica de células imunes dentro e ao redor do tecido do mieloma - dizem os autores do estudo.
Por Claire Monaghan - 27/04/2020

Foto do arquivo Kris Snibbe / Harvard

Muito antes de o mieloma maºltiplo se tornar uma doença maligna, a coleção de células do sistema imunológico e portadores de sinais em meio a s células tumorais passa pormudanças drama¡ticas, com alterações no número e no tipo de células imunes, pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute, o Broad Institute of MIT e Harvard, e Massachusetts General Hospital (MGH) relatam em um novo estudo.

As descobertas, publicadas hoje pela revista Nature Cancer, são um passo em direção a um tratamento mais personalizado do mieloma maºltiplo. Os tratamentos futuros podem ser voltados para o microambiente imune da doença de cada paciente - a constelação especa­fica de células imunes dentro e ao redor do tecido do mieloma - dizem os autores do estudo.

"Nossos resultados fornecem um mapa abrangente das alterações imunola³gicas que ocorrem no mieloma pré-maligno", disse Irene Ghobria, co-autora saªnior do estudo com Gad Getz, do Broad Institute e MGH. "A descoberta de que o microambiente imune éanormal, mesmo em esta¡gios muito iniciais da doena§a, pode sugerir estratanãgias para atingir o mieloma antes que ele se torne maligno".

O mieloma maºltiplo éum câncer de gla³bulos brancos conhecido como células plasma¡ticas na medula a³ssea. a‰ precedido por condições precursoras conhecidas como gamopatia monoclonal de significado desconhecido (MGUS) e mieloma maºltiplo latente (SMM), nas quais as pessoas tem células plasma¡ticas anormais na medula a³ssea, mas sem sintomas fa­sicos ou problemas de órgãos. Como nem todos com MGUS ou SMM desenvolvem mieloma definitivo, o tratamento não comea§a atéque os sintomas do mieloma - como dor nos ossos, baixa contagem sanguínea, problemas nos rins e danos nos nervos - aparea§am. Os pesquisadores estãotrabalhando em maneiras de interceder no processo da doença desde o ini­cio para identificar indivíduos em risco e impedir o desenvolvimento de mieloma total.

O novo estudo representa a primeira vez que o seqa¼enciamento de RNA unicelular - no qual os cientistas extraem células individuais dos tecidos e escaneiam seu RNA para determinar quais genes estãoativos - foi usado para identificar caracteri­sticas do microambiente imune em condições precursoras de mieloma.

"Quera­amos entender asmudanças que ocorrem no microambiente a  medida que a doença progride de MGUS para SMM para mieloma manifesto, em comparação com a medula a³ssea de doadores de tecidos sauda¡veis", disse o co-primeiro autor Oksana Zavidij, da Dana-Farber e o Broad. Instituto. "A abordagem poderia finalmente esclarecer por que alguns pacientes progridem para mieloma, enquanto outros não e nos ajudam a direcionar melhor os tratamentos para pacientes individuais".

A análise revelou grandes alterações imunes no ini­cio do desenvolvimento do mieloma:

Um aumento no número de células natural killer (NK) - gla³bulos brancos que brotam para atacar invasores estrangeiros e células doentes - durante o MGUS. Em pacientes com o maior volume de células NK, as células tendem a ser do tipo que éatraa­do para a medula a³ssea em resposta a moléculas de sinalização.

A perda, no SMM, de células T de memória - gla³bulos brancos que respondem a bactanãrias, va­rus e células anormais encontradas anteriormente. (A descoberta sugere que tratamentos que reabastecem ou ativam essas células podem ser eficazes em alguns pacientes.)

Uma desregulação de certos mona³citos - grandes gla³bulos brancos que atacam invasores. Esses mona³citos normalmente exibem protea­nas estranhas ou tumorais para células T, que usam essas informações para atacar células infectadas ou cancera­genas. Nas condições precursoras do mieloma, no entanto, as células do mieloma impedem a apresentação dessas protea­nas, resultando em um ataque imunológico contra o ca¢ncer.

"Essasmudanças não correspondiam a nenhuma condição precursora especa­fica", disse o co-primeiro autor Nicholas Haradhvala, do Broad Institute, MGH, e do Harvard Graduate Program in Biophysics. "Eles foram encontrados em diferentes combinações em pacientes com MGUS e SMM, sugerindo um eixo sobre o qual os pacientes poderiam ser estratificados para avaliação do risco individual de progressão e potencial de intervenção precoce".

"Nossas descobertas descreveram o cena¡rio do sistema imunológico desregulado que pode ser usado para acompanhar estudos muito maiores e criar associações robustas com o risco e a progressão do paciente", acrescentou Getz.

 

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