Saúde

Descoberta: cientistas descobrem pela primeira vez como os olhos drenam resíduos e detritos celulares
Escrevendo na Science Translational Medicine, os pesquisadores relataram que o sistema linfa¡tico no olho se assemelha muito a  funa§a£o da via linfa¡tica no cérebro.
Por Delthia Ricks - 27/04/2020

Doma­nio paºblico

Assim como o cérebro éum órgão privilegiado, o mesmo ocorre com os olhos. Frequentemente chamado poeticamente de janelas para a alma, um conjunto aºnico de estudos começou a considerar os olhos de outra maneira. Assim como o cérebro, os olhos não possuem os vasos linfa¡ticos cla¡ssicos responsa¡veis ​​pela circulação de fluidos e pela remoção de resíduos, como écomum nos órgãos perifanãricos. Nos últimos anos, descobriu-se que o cérebro possui um sistema "linfa¡tico" aºnico, um manãtodo privilegiado apenas para o cérebro de drenar e descartar resíduos moleculares. Esse sistema de transporte, quando sauda¡vel, envolve a retirada de protea­nas neurota³xicas, como a amila³ide-β, do cérebro. Por outro lado, um sistema não sauda¡vel permite que os amila³ides se acumulem em placas perigosas e que roubam a mente.

Agora, uma equipe internacional liderada pelo Dr. Maiken Nedergaard, neurocientista da Universidade de Copenhague na Dinamarca, e Xiaowei Wang, da Universidade de Copenhague e da Universidade de Rochester em Nova York, encontraram evidaªncias de um sistema linfa¡tico em mama­feros olho. Nedergaard éo descobridor do sistema de eliminação de resíduos do cérebro e o cientista que cunhou o termo "linfa¡tico".

As novas descobertas explicam como um sistema linfa¡tico mantanãm a saúde ocular e ressalta que o comprometimento - entupimento - dessa via de resíduos vitais pode levar ao glaucoma, uma das principais causas mundiais de cegueira. Nedergaard definiu "linfa¡tico" como uma ama¡lgama das palavras glial e linfa¡tico. As células da glia são os principais componentes celulares que suportam neura´nios - células nervosas. A via linfa¡tica substitui um sistema linfa¡tico, que não existe no cérebro nem no olho.

Escrevendo na Science Translational Medicine, os pesquisadores relataram que o sistema linfa¡tico no olho se assemelha muito a  função da via linfa¡tica no cérebro. Além disso, eles conclua­ram que o sistema de drenagem éresponsável por eliminar os resíduos metaba³licos, celulares e outros dos olhos. A descoberta foi feita por uma extensa equipe de pesquisa, que, além da Dinamarca e Nova York, inclua­a membros da Universidade da Califórnia em Berkeley, Hospital da Universidade Haukeland na Noruega, Universidade Ludwig Maximilians na Alemanha e vários outros centros de pesquisa lideres.

"Semelhante ao cérebro dentro da aba³bada craniana, as estruturas internas do olho estãocontidas em um espaço confinado, exigindo um controle ra­gido da homeostase dos fluidos", escreveu Nedergaard. "No entanto, o olho e o cérebro são em grande parte desprovidos de vasos linfa¡ticos tradicionais, que são cra­ticos para a depuração de la­quidos e solutos dos tecidos perifanãricos".

Para descobrir se um sistema linfa¡tico realmente existe nos olhos, os cientistas se voltaram para os ratos de laboratório como seus mama­feros de escolha. Ao injetar trazdores marcados com fluorescaªncia - incluindo amila³ide-β humano marcado - no la­quido va­treo transparente tipo gel dentro dos olhos dos ratos, os pesquisadores foram capazes de rastrear as protea­nas amila³ides ta³xicas a  medida que saa­am dos globos oculares por canais discretos no nervo a³ptico. Os detritos foram finalmente transportados para os vasos linfa¡ticos no pescoa§o.
 
Curiosamente, a equipe descobriu que os vasos linfa¡ticos estãoconectados a s mesmas vias que eliminam resíduos do cérebro. A descoberta éuma novidade cienta­fica e abre uma nova janela para entender como os olhos limpam os resíduos metaba³licos e celulares. As descobertas também lançaram uma nova luz sobre como os olhos e o cérebro compartilham caminhos cra­ticos.

Embora a descoberta seja nova, o sistema de eliminação de resíduos no cérebro foi definido pela primeira vez por Nedergaard em 2012. O caminho envolve um labirinto de taºneis perivasculares intrincados formados por células da glia , subjacentes a  eliminação eficiente de metaba³litos solaºveis do sistema nervoso central. sistema. Além da eliminação de resíduos, Nedergaard e colegas também descobriram que os caminhos apoiam a distribuição de nutrientes e compostos cra­ticos por todo o cérebro, substâncias que incluem glicose, aminoa¡cidos, fatores de crescimento e lipa­dios.

Ela e sua equipe descobriram um sistema noturno em relação ao sistema linfa¡tico do cérebro. Eles relataram em estudos anteriores que os processos linfa¡ticos funcionam apenas durante o ciclo do sono e são desligados durante a viga­lia. Em um estudo conjunto, hácinco anos, com a Universidade de Rochester, a Universidade Stony Brook e o NYU Langone Medical Center, todos em Nova York, Nedergaard descobriu que dormir do lado de alguém facilita a função do sistema linfa¡tico do cérebro e a remoção de detritos. . Ela observou na anãpoca que a posição de dormir lateral - dormindo do lado esquerdo ou direito - écomum entre os mama­feros. Humanos, ursos hibernando, ca£es e gatos domesticados - numerosos membros do reino animal - passam parte ou todo o tempo deles durante o ciclo do sono de lado.

"a‰ interessante que a posição lateral do sono seja a mais popular nos seres humanos e na maioria dos animais, mesmo na natureza", disse Nedergaard na anãpoca.

No entanto, em sua pesquisa mais recente, Nedergaard e sua equipe descobriram que não eram o sono e a escurida£o que impulsionavam o transporte de resíduos dos olhos. Em vez disso, a exposição a  luz ativou o fluxo de detritos celulares e metaba³licos pelos olhos dos animais em teste.

Além disso, a equipe queria aprender como o sistema estava associado a doenças oculares quando o transporte de resíduos não funcionava bem. Para entender melhor a ligação entre o fluxo de resíduos e o glaucoma, os pesquisadores examinaram dois modelos diferentes de camundongos para glaucoma. O glaucoma causa cegueira ao danificar o nervo a³ptico.

Embora os pesquisadores previssem que a pressão intra-ocular mais alta poderia transportar o amila³ide mais eficientemente para fora dos olhos, os camundongos com glaucoma retiveram grande parte da protea­na ta³xica dentro dos olhos. Nedergaard e sua equipe dizem que suas descobertas sugerem uma ligação entre o glaucoma e o mau funcionamento das vias de drenagem linfa¡tica dos olhos.

 

.
.

Leia mais a seguir