Saúde

Nova ferramenta mede o ritmo do envelhecimento ao longo da vida
A ferramenta desenvolvida por epidemiologistas funciona como um veloca­metro, registrando a rapidez com que o sujeito estãoenvelhecendo
Por Stephanie Berger - 10/05/2020

cortesia

Um estudo divulgado recentemente por pesquisadores da Columbia University Mailman School of Public Health estãorelatando uma medida de metilação do DNA no sanguesensívela  variação do ritmo do envelhecimento biola³gico entre indivíduos nascidos no mesmo ano. A ferramenta - DunedinPoAm - oferece uma medida exclusiva para ensaios de intervenção e estudos naturais que investigam como a taxa de envelhecimento pode ser alterada pela terapia comportamental ou medicamentosa ou pormudanças no ambiente. Os resultados do estudo são publicados online na revista e-Life .

"O objetivo do nosso estudo foi destilar uma medida da taxa de envelhecimento biola³gico com base em 12 anos de acompanhamento em 18 testes clínicos diferentes em um exame de sangue que pode ser administrado em um aºnico momento", diz o principal autor Daniel Belsky , PhD, professor assistente de epidemiologia na Columbia Mailman School e pesquisador no Butler Columbia Aging Center.

Adultos na meia-idade medidos para envelhecer mais rápido, de acordo com a nova medida, mostraram decla­nios mais rápidos no funcionamento fa­sico e cognitivo e pareciam mais velhos nas fotografias faciais. Adultos mais velhos, medidos para envelhecer mais rapidamente pela ferramenta, estavam em maior risco de doenças crônicas e mortalidade. Em outras análises, os pesquisadores mostraram que o DunedinPoAm capturou novas informações não medidas por medidas propostas de envelhecimento biola³gico conhecidas como rela³gios epigenanãticos, que criana§as de 18 anos com hista³rico de pobreza e vitimização na infa¢ncia apresentaram um envelhecimento mais rápido, conforme medido por DunedinPoAm, e que as previsaµes de DunedinPoAm foram interrompidos por uma intervenção de restrição cala³rica em um estudo randomizado. 

"O objetivo do nosso estudo foi destilar uma medida da taxa de envelhecimento biola³gico com base em 12 anos de acompanhamento em 18 testes clínicos diferentes em um exame de sangue que pode ser administrado em um aºnico momento".

Daniel Belsky , PhD

Em um artigo de 2015, Belsky e colegas da Duke University, que também colaboraram no novo estudo, acompanharam uma bateria de testes clínicos medidos em 954 membros da coorte de nascimentos do Dunedin Study quando os participantes tinham 26, 32 e 38 anos, para medir sua taxa de envelhecimento (PNAS). Uma descoberta impressionante desse estudo anterior foi que a taxa de envelhecimento biola³gico já era altamente varia¡vel em adultos jovens que ainda não haviam desenvolvido doença crônica. Mas a medida que os pesquisadores desenvolveram naquele estudo anterior, chamado "Ritmo do envelhecimento", exigiu muito tempo de acompanhamento e avaliação cla­nica aprofundada. "Nãofoi muito útil para estudos que precisam testar o impacto de uma nova droga ou intervenção no estilo de vida em questãode alguns anos", disse Belsky. 

Em seu novo estudo, os pesquisadores tiveram como objetivo desenvolver um exame de sangue que poderia ser realizado no ini­cio e no final de um estudo controlado randomizado para determinar se o tratamento diminua­a o ritmo de envelhecimento dos participantes. Diminuir o ritmo do envelhecimento éuma fronteira emergente na pesquisa médica como uma nova abordagem para a prevenção de várias doenças crônicas.

A análise dos autores concentrou-se em amostras de DNA derivadas de gla³bulos brancos. Eles analisaram marcas químicas no DNA chamadas marcas de metilação. A metilação do DNA éum processo epigenanãtico que pode mudar a maneira como os genes são expressos. As marcas de metilação do DNA mudam a  medida que envelhecemos, com algumas marcas sendo adicionadas e outras perdidas. "Focamos nossa análise na metilação do DNA nos gla³bulos brancos, porque esses marcadores moleculares são relativamente fa¡ceis de medir e mostraram grande promessa em pesquisas anteriores sobre o envelhecimento", explica Belsky.

O estudo incluiu uma análise de dados do Dunedin Study, de Nova Zela¢ndia, da Understanding Society e do E-Risk Studies do Reino Unido, do Normative Aging Study dos EUA e do estudo randomizado CALERIE.

Estudos anteriores tentaram medir o envelhecimento analisando as diferenças de metilação do DNA entre pessoas de diferentes idades cronola³gicas. “Uma limitação dessa abordagem ” , observa Belsky, “ éque indivíduos nascidos em anos diferentes cresceram sob diferentes condições hista³ricas, com possibilidade de maior exposição a doenças infantis, fumaa§a de tabaco, chumbo no ar e menor exposição a antibia³ticos e outros medicamentos, bem como nutrição de qualidade inferior, os quais afetam a metilação do DNA. Uma abordagem alternativa éestudar indivíduos que nasceram no mesmo ano e encontrar padraµes de metilação que diferenciam aqueles que envelhecem biologicamente mais rápido ou mais lentamente do que seus pares da mesma idade. ”

Os autores usaram uma técnica de aprendizado de ma¡quina chamada "regressão da rede ela¡stica" para filtrar dados em mais de 400.000 marcas diferentes de metilação do DNA para encontrar as que se relacionavam a smudanças fisiola³gicas capturadas na medida do ritmo de envelhecimento. No final, a análise identificou um conjunto de 46 marcas de metilação que, juntas, mediram o ritmo de envelhecimento. As 46 marcas são combinadas em um algoritmo denominado "DunedinPoAm" por Dunedin (P) ace (o) f (A) que se dedica a  etilação (m). A pessoa média tem um valor DunedinPoAm de 1 -indicando um aºnico ano de envelhecimento biola³gico por ano cronola³gico. Entre os participantes do estudo Dunedin, a faixa de valores se estende de pouco acima de 0,6 (indicando uma taxa de envelhecimento quase 40% mais lenta que a norma) para quase 1,4 (indicando uma taxa de envelhecimento 40% mais rápida que a norma).

As instituições coautoras são Duke University, King's College London, University of Exeter, Copenhagen University Hospital, University of Otago, Harvard TH Chan School of Health Public e Boston University School of Medicine.

A pesquisa foi apoiada pelo Instituto Nacional de Envelhecimento (AG032282, AG061378, AG054846), Instituto Nacional de Saúde e Desenvolvimento Infantil (HD077482) e Conselho de Pesquisa Manãdica do Reino Unido (MR / P005918 / 1, G1002190). A Unidade Multidisciplinar de Pesquisa em Saúde e Desenvolvimento da Dunedin éapoiada pelo Subsa­dio do Programa do Conselho de Pesquisa em Saúde da Nova Zela¢ndia (16-604) e pelo Ministanãrio de Nega³cios, Inovação e Emprego da Nova Zela¢ndia (MBIE). A pesquisa também recebeu apoio da Fundação Jacobs.

 

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