Saúde

Ha¡bitos sauda¡veis diminua­ram e estados de a¢nimo pioraram durante pandemia
A pesquisa teve por objetivo verificar como a pandemia afetou a vida dos brasileiros, levando em consideraça£o que o isolamento social foi uma das principais recomendaa§aµes para a protea§a£o das pessoas.
Por Liana Coll - 11/06/2020

gettyimages

Aumento de consumo de a¡lcool e de hábitos não sauda¡veis, além de pioras em estados de a¢nimo e perda de rendimentos especialmente entre os mais pobres foram alguns dos dados mapeados pela Pesquisa de Comportamentos ConVid, que divulgou um relatório especa­fico sobre o estado de Sa£o Paulo recentemente. Realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Unicamp e com a Universidade de Federal de Minas Gerais (UFMG), a pesquisa teve por objetivo verificar como a pandemia afetou a vida dos brasileiros, levando em consideração que o isolamento social foi uma das principais recomendações para a proteção das pessoas.

Os resultados da Pesquisa de Comportamentos podera£o contribuir para uma melhor compreensão do impacto da quarentena sobre a saúde dos brasileiros e também para orientar ações dirigidas a minimizar os efeitos adversos trazidos pelo isolamento social prolongado. “a‰ uma situação que a gente nunca viveu nopaís. Então o objetivo foi o de verificar o que estãoacontecendo também no a¢mbito da saúde e, a partir desse diagnóstico, ver como ajudar a população”, afirma professora da Faculdade de Ciências Manãdicas da Unicamp, Marilisa Berti de Azevedo Barros, uma das coordenadoras da pesquisa.

Para ela, um dos aspectos que chama atenção éo percentual de pessoas que se sentem tristes com frequência. “Esse aspecto de tristeza que estãoafetando muitas pessoas, juntamente com o estado de ansiedade, e mostra que épreciso ajuda¡-las a lidarem com isso, saber como trabalhar com isso, para preservar a saúde mental e a saúde em geral”.

Os pesquisadores envolvidos na pesquisa estãoagora trabalhando em analisar com mais profundidade cada um dos aspectos levantados para, assim, formular recomendações para a população. Entretanto, Marilisa já destaca que alimentar-se de forma sauda¡vel e praticar atividade física - hábitos que tiveram queda durante a pandemia - são indicações da Organização Mundial da Saúde (OMS) no sentido de preservar a saúde.

A pesquisa

A pesquisa foi realizada atravanãs de questiona¡rio via web. No estado de Sa£o Paulo, participaram 11.863 pessoas, de diversos munica­pios, que responderam a s perguntas entre os dias 24 de abril e 24 de maio de 2020. A amostra foi calibrada por meio dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domica­lios (PNAD) de 2019 e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estata­stica (IBGE) para obter a mesma distribuição por sexo, faixa eta¡ria, raça/cor, e grau de escolaridade da população do estado.

Os dados globais, sobre o panorama no Brasil, podem ser obtidos no site da pesquisa. Confira alguns resultados a respeito do estado de Sa£o Paulo:

Intensidade do isolamento


Mais de 60% da população paulista ficou em casa somente saindo para compras
em supermercado e farma¡cias

A maioria da população no Estado de Sa£o Paulo (60,4%) ficou em casa saindo apenas para compras em supermercado e farma¡cia; 15,7% ficaram rigorosamente em casa são saindo por necessidade de atendimento a  saúde. Esse percentual foi 10,2% nos adultos jovens, mas atingiu 31,7% nos idosos.

Dos adultos de 30 a 59 anos, 29,7% continuou trabalhando e saindo, mas tomando certos cuidados. Em idosos, o percentual que continuou trabalhando e saindo foi de 10%.

Impactos socioecona´micos


Trabalhadores por conta própria foram mais afetados durante a pandemia

Na totalidade da população, 55,3% das pessoas relataram diminuição da renda familiar e 6,3% ficaram sem rendimento.

As perdas de rendimento atingiram mais fortemente a população mais pobre (renda per capita inferior a meio sala¡rio ma­nimo). Neste grupo, 9,4% ficaram sem rendimento e apenas 26,4% conseguiu manter a mesma renda, enquanto no segmento mais rico (4 sala¡rios ma­nimos ou mais) esses percentuais foram respectivamente de 6,9% e 48,8%.

Tiveram redução ou ficaram sem renda 91% dos trabalhadores por conta própria.

Impacto na saúde

Na população do Estado de Sa£o Paulo, 26,5% dos adultos relataram que a sua saúde havia piorado com a pandemia.

O percentual de pessoas com risco de agravamento de Covid-19 por ser portador de uma doença crônica (diabetes, hipertensão, asma/doença do pulma£o, doença do coração, ca¢ncer) foi 35,3%. Este percentual alcana§ou 54,8% entre os idosos, mas 22,3% dos adultos jovens também apresentavam uma dessas doena§as.

Entre as pessoas que tinham problema cra´nico de coluna (32,7% da população), 56,6% relataram aumento da dor. Entre os que não tinham problema de coluna 40% passaram a ter dores na coluna durante a pandemia, provavelmente devido a smudanças nas atividades habituais.

Estado de a¢nimo


Mulheres relataram problemas em estado de a¢nimo com maior frequência que homens

Durante o período analisado da pandemia, grande parte da população paulista apresentou problemas no estado de a¢nimo: 39% se sentiu triste/deprimido e 50,9% se sentiu ansioso/nervoso frequentemente (muitas vezes ou sempre). Os adultos jovens (18-29 anos) apresentaram percentuais muito mais elevados de que os idosos: 54,9% com tristeza frequente em comparação com 25% dos idosos, e 69,7% com ansiedade frequente em comparação a 31,4% dos idosos.

As mulheres relataram problemas no estado de a¢nimo com maior frequência que os homens: o percentual de mulheres que se sentiram tristes/deprimidas frequentemente foi 48,4%, enquanto entre os homens foi 28,5% e o percentual que se sentiu ansioso/nervoso frequentemente foi 60,1%, entre as mulheres, e 40,6%, entre os homens.

Consumo de a¡lcool/cigarro e hábitos alimentares


Ingestãode bebida alcoa³lica aumentou em 18,4% durante pandemia

Na totalidade da população, 18,4% relatou aumento no uso de bebidas alcoa³licas durante a pandemia e esse percentual foi mais elevado nas pessoas com 30 a 39 anos (27,4%) e comnívelde escolaridade superior (26,7%). O crescimento do consumo de a¡lcool foi 2 vezes maior em quem relatou se sentir sempre triste ou deprimido e mais de 3 vezes superior nos que se sentiram sempre ansiosos durante a pandemia

No total da população, 15,7% são fumantes e 28% deles aumentaram o número de cigarros fumados por dia.

O consumo de alimentos sauda¡veis diminuiu durante a epidemia. Por outro lado, o percentual de consumo de alimentos não sauda¡veis em dois dias ou mais por semana aumentou.

Atividade física

O percentual de indivíduos ativos, ou seja, que praticavam pelo menos 150 minutos de atividades físicas semanais, era 30,5% antes da pandemia, caindo para 14,2% durante a pandemia.

Por outro lado, o ha¡bito de assistir televisão por três horas ou mais aumentou de 21% para 52% na população total do estado de Sa£o Paulo.

 

.
.

Leia mais a seguir