Saúde

A terapia de meditação e relaxamento pode oferecer uma fuga do terror da paralisia do sono
A paralisia do sono - uma condia§a£o que se acredita explicar uma sanãrie de experiências misteriosas, incluindo supostos casos de abdua§a£o aliena­gena e visitas noturnas demona­acas - poderia ser tratada usando uma técnica de relaxamento de medi
Por Craig Brierley - 13/07/2020


O Pesadelo de Henry Fuseli, 1781 - Crédito: Wikipedia


"Sei em primeira ma£o como a paralisia do sono pode ser aterrorizante, já que eu mesma experimentei isso muitas vezes. Mas, para algumas pessoas, o medo de que isso possa incutir nelas pode ser extremamente desagrada¡vel, e ir para a cama, que deveria ser uma experiência relaxante, pode ser repleto de terror"

Baland Jalal

A paralisia do sono éum estado que envolve a paralisia dos maºsculos esquelanãticos que ocorre no ini­cio do sono ou pouco antes de acordar. Enquanto estãotemporariamente imobilizado, o indiva­duo tem plena consciência do que estãoao seu redor. Pessoas que vivenciam o fena´meno frequentemente relatam terem sido aterrorizadas por perigosos intrusos no quarto, muitas vezes buscando explicações sobrenaturais como fantasmas, dema´nios e atéabdução aliena­gena. Sem surpresa, pode ser uma experiência assustadora.

Atéuma em cada cinco pessoas sofre de paralisia do sono, que pode ser desencadeada pela privação do sono, e émais frequente em condições psiquia¡tricas, como transtorno de estresse pa³s-trauma¡tico. Tambanãm écomum na narcolepsia, um distaºrbio do sono que envolve sonolaªncia diurna excessiva e perda saºbita de controle muscular.

Apesar de a condição ser conhecida hálgum tempo, atéo momento não hátratamentos com base empa­rica ou ensaios clínicos publicados para a doena§a.

Hoje, na revista Frontiers in Neurology , uma equipe de pesquisadores relata um estudo piloto de terapia de relaxamento e meditação envolvendo 10 pacientes com narcolepsia, todos com paralisia do sono.

A terapia foi originalmente desenvolvida pelo Dr. Baland Jalal do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Cambridge. O presente estudo foi liderado pelo Dr. Jalal e conduzido em colaboração com o grupo do Dr. Giuseppe Plazzi no Departamento de Ciências Biomédicas e Neuromotoras da Universidade de Bolonha / IRCCS Istituto delle Scienze Neurologiche di Bologna, Ita¡lia.

A terapia ensina os pacientes a seguir quatro etapas durante um episãodio:

Reavaliação do significado do ataque - lembrando-se de que a experiência écomum, benigna e tempora¡ria, e que as alucinações são um subproduto ta­pico do sonho

Distanciamento psicola³gico e emocional - lembrando-se de que não hárazãopara ter medo ou preocupação e que o medo e a preocupação são va£o piorar o episãodio

Meditação de atenção focada interiormente - focando sua atenção em um objeto positivo e envolvente emocionalmente (como a memória de um ente querido ou evento, um hino / oração, Deus)

Relaxamento muscular - relaxa seus maºsculos, evitando controlar sua respiração e em nenhuma circunsta¢ncia tentando se mover

Os participantes foram instrua­dos a manter um dia¡rio durante quatro semanas para avaliar a ocorraªncia, duração e emoções da paralisia do sono. No geral, entre os 10 pacientes, dois tera§os dos casos (66%) relataram alucinações, muitas vezes ao acordar do sono (51%) e menos frequentemente ao adormecer (14%), conforme avaliado durante as primeiras quatro semanas.

Apa³s as quatro semanas, seis participantes completaram questiona¡rios de humor / ansiedade e foram ensinados as técnicas de terapia e instrua­dos a ensaia¡-los durante a viga­lia normal, duas vezes por semana durante 15 minutos. O tratamento durou oito semanas.

Nas primeiras quatro semanas do estudo, os participantes do grupo de meditação e relaxamento experimentaram paralisia do sono em média 14 vezes em 11 dias. O distaºrbio relatado causado por suas alucinações de paralisia do sono foi 7,3 (avaliado em uma escala de dez pontos com pontuações mais altas indicando maior gravidade).

No último maªs da terapia, o número de dias com paralisia do sono caiu para 5,5 (queda de 50%) e o número total de episãodios caiu para 6,5 ​​(queda de 54%). Houve também uma tendaªncia nota¡vel para reduções na perturbação causada por alucinações, com classificações caindo de 7,3 para 4,8.

Um grupo de controle de quatro participantes seguiu o mesmo procedimento, exceto os participantes envolvidos em respiração profunda em vez da terapia - respirando fundo lentamente, enquanto contava repetidamente de um a dez.

No grupo controle, o número de dias com paralisia do sono (4,3 por maªs no ina­cio) não se alterou, assim como o número total de episãodios (4,5 por maªs inicialmente). O distaºrbio causado por alucinações também não foi alterado (classificado como 4 durante as primeiras quatro semanas).

“Embora nosso estudo tenha envolvido apenas um pequeno número de pacientes, podemos estar cautelosamente otimistas quanto ao seu sucesso”, disse o Dr. Jalal. “A terapia de meditação e relaxamento levou a uma queda drama¡tica no número de vezes que os pacientes experimentavam paralisia do sono e, quando isso acontecia, tendiam a achar as alucinações notoriamente aterrorizantes menos perturbadoras. Experimentar menos algo tão perturbador quanto a paralisia do sono éum passo na direção certa. ”

Se os pesquisadores forem capazes de replicar suas descobertas em um número maior de pessoas - incluindo aqueles da população em geral, não afetados pela narcolepsia - então isso poderia oferecer um tratamento relativamente simples que poderia ser administrado online ou por meio de um smartphone para ajudar os pacientes a lidar com a condição.

“Eu sei em primeira ma£o como a paralisia do sono pode ser aterrorizante, tendo experimentado isso muitas vezes”, disse o Dr. Jalal. “Mas, para algumas pessoas, o medo que isso pode incutir nelas pode ser extremamente desagrada¡vel, e ir para a cama, que deveria ser uma experiência relaxante, pode ser repleto de terror. Foi isso que me motivou a conceber esta intervenção. ”

 

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