Saúde

Coronava­rus: soros produzidos por cavalos tem anticorpos mais potentes
Protea­na produzida na UFRJ mostrou-se até50 vezes mais efetiva que plasmas de pessoas que contraa­ram a COVID-19
Por Coppe/UFRJ - 16/08/2020


"Os anticorpos de cavalos produzidos são uma grande esperana§a de tratamento possí­vel e especa­fico para a COVID-19" | Foto: Arquivo/IVB

Plasmas de quatro dos cinco cavalos do Instituto Vital Brazil (IVB) transmitidos com protea­na S recombinante do coronava­rus produzida no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pa³s-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) apresentaram anticorpos neutralizantes até50 vezes mais potentes contra o novo coronava­rus do que os plasmas de pessoas que contraa­ram a COVID-19.

O resultado foi obtido após 70 dias de testes realizados em maio deste ano. A protea­na S foi produzida no Laborata³rio de Engenharia de Cultivos Celulares (Lecc) da Coppe, sob a coordenação da professora Leda Castilho.

Segundo Castilho, a protea­na S apresenta estrutura equivalente a  protea­na presente nasuperfÍcie do coronava­rus, sendo, portanto, capaz de estimular a produção de anticorpos que reconhecem e neutralizam o va­rus.

“A protea­na que produzimos na Coppe/UFRJ se mostrou muito efetiva para estimular a produção de anticorpos em cavalos, tendo-se obtido uma quantidade muito maior do que a de anticorpos encontrados em humanos que já contraa­ram COVID-19. Diante da inexistaªncia de terapias especa­ficas para a doena§a, os anticorpos de cavalos produzidos pelo IVB são uma grande esperana§a de tratamento possí­vel e especa­fico para a COVID-19”, afirma a cientista.


Por conta do aªxito nos testes, pesquisadores da UFRJ e do IVB solicitaram a patente da invenção do soro anti-SARS-CoV-2, produzido a partir de equinos imunizados com a protea­na S. O trabalho cienta­fico, que envolve a parceria entre UFRJ, IVB e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estãono MedRxiv, um reposita³rio de resultados preprint (pré-publicados).

Terapia com soro como opção

A pandemia por COVID-19 resultou, atéagosto de 2020, em mais de 700 mil mortes e mais de 19 milhões de casos confirmados no mundo. No Brasil, a triste marca de 100 mil a³bitos e 3 milhões de infectados foi atingida nesta semana. Enquanto não hávacinas aprovadas e, mesmo posteriormente, por conta da dificuldade em atender globalmente a  grande demanda de vacinação, o uso potencial da imunização passiva por terapia com soro deve ser considerado uma opção. 

Pesquisador em laboratório
UFRJ foi umas instituições coordenadoras do estudo | Foto: Coppe/UFRJ

Soroterapia: um tratamento bem-sucedido

O pedido de patente refere-se ao processo de produção do soro anti-SARS-CoV-2 a partir da glicoprotea­na da espa­cula (spike) com todos os doma­nios, preparação do anta­geno, hiperimunização dos equinos, produção do plasma hiperimune, produção do concentrado de anticorpos específicos e do produto finalizado, após a sua purificação por filtração esterilizante e clarificação, envase e formulação final.

A soroterapia éum tratamento bem-sucedido, usado hádécadas contra doenças como raiva, tanãtano e picadas de abelhas, cobras e outros animais pea§onhentos, como aranha e escorpiaµes. Os soros produzidos pelo IVB tiveram aªxito no resultado de uso cla­nico, sem hista³rico de hipersensibilidade ou quaisquer outras eventuais reações adversas. Os estudos clínicos va£o acontecer em parceria com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor).

Um grupo grande de cientistas participou da pesquisa ostodos brasileiros: Amilcar Tanuri, Andrea Cheble Oliveira, Andre Gomes, Carlos Dumard, Leda Castilho, Renata Alvim e Victor Pereira (UFRJ); Lua­s Eduardo Ribeiro da Cunha, Adilson Stolet e Marcelo Strauch (IVB); Thiago Moreno Lopes (Fiocruz) e Herbert Guedes (UFRJ/Fiocruz).

A pesquisa contou com apoio financeiro da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a  Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cienta­fico e Tecnola³gico (CNPq), da Coordenação de Aperfeia§oamento de Pessoal de Na­vel Superior (Capes) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

 

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