Saúde

A análise gena´mica revela que muitas espanãcies animais podem ser vulnera¡veis ​​a  infecção por SARS-CoV-2
Uma equipe internacional de cientistas usou a análise gena´mica para comparar o principal receptor celular do va­rus em humanos - a enzima conversora de angiotensina-2, ou ACE2 - em 410 espanãcies diferentes de vertebrados.
Por Lisa Howard - 22/08/2020


Um novo estudo gena´mico classifica o potencial da protea­na spike SARS-CoV-2 para se ligar ao local do receptor ACE2 em 410 animais vertebrados. Prevaª-se que primatas e grandes sa­mios do Velho Mundo, que possuem aminoa¡cidos idaªnticos no local de ligação aos humanos, tem uma propensão muito elevada para se ligarem a ACE2 e são provavelmente suscetíveis a  infecção por SARS-CoV-2. Crédito: Matt Verdolivo / UC Davis

Os humanos não são a única espanãcie que enfrenta uma ameaça potencial do SARS-CoV-2, o novo coronava­rus que causa o COVID-19, de acordo com um novo estudo da University of California, Davis.

Uma equipe internacional de cientistas usou a análise gena´mica para comparar o principal receptor celular do va­rus em humanos - a enzima conversora de angiotensina-2, ou ACE2 - em 410 espanãcies diferentes de vertebrados, incluindo pa¡ssaros, peixes, anfa­bios, ranãpteis e mama­feros.

ACE2 énormalmente encontrado em muitos tipos diferentes de células e tecidos, incluindo células epiteliais no nariz, boca e pulmaµes. Em humanos, 25 aminoa¡cidos da protea­na ACE2 são importantes para o va­rus se ligar e ganhar entrada nas células.

Os pesquisadores usaram essas 25 sequaªncias de aminoa¡cidos da protea­na ACE2 e modelagem de sua estrutura protanãica prevista junto com a protea­na spike SARS-CoV-2, para avaliar quantos desses aminoa¡cidos são encontrados na protea­na ACE2 das diferentes espanãcies.

"Prevaª-se que os animais com todos os 25 resíduos de aminoa¡cidos correspondentes a  protea­na humana correm o maior risco de contrair SARS-CoV-2 via ACE2", disse Joana Damas, primeira autora do artigo e pa³s-doutoranda associada na UC Davis. “Prevaª-se que o risco diminua quanto mais os resíduos de ligação da espanãcie ACE2 diferirem dos humanos”.

Cerca de 40 por cento das espanãcies potencialmente suscetíveis ao SARS-CoV-2 são classificadas como "ameaa§adas" pela Unia£o Internacional para Conservação da Natureza e podem ser especialmente vulnera¡veis ​​a  transmissão de humano para animal. O estudo foi publicado em 21 de agosto na revista Proceedings of the National Academy of Sciences .

"Os dados fornecem um importante ponto de partida para a identificação de populações de animais vulnera¡veis ​​e ameaa§adas sob risco de infecção por SARS-CoV-2", disse Harris Lewin, principal autor do estudo e distinto professor de evolução e ecologia da UC Davis. "Esperamos que inspire prática s que protejam a saúde humana e animal durante a pandemia."

Espanãcies ameaa§adas com previsão de risco

Prevaª-se que várias espanãcies de primatas em perigo cra­tico, como o gorila das plana­cies ocidentais, o orangotango de Sumatra e o giba£o de bochecha branca do norte, correm um risco muito alto de infecção por SARS-CoV-2 atravanãs de seu receptor ACE2.

Outros animais sinalizados como de alto risco incluem mama­feros marinhos, como baleias cinzentas e golfinhos nariz de garrafa, bem como hamsters chineses.
 
Animais domanãsticos, como gatos, gado e ovelhas, apresentaram risco manãdio, e ca£es, cavalos e porcos apresentaram baixo risco de ligação de ACE2. Como isso se relaciona com a infecção e o risco de doença precisa ser determinado por estudos futuros, mas para as espanãcies que tem dados de infectividade conhecidos, a correlação éalta.

Em casos documentados de infecção por SARS-COV-2 em visons, gatos, ca£es, hamsters, leaµes e tigres, o va­rus pode estar usando receptores ACE2 ou podem usar receptores diferentes de ACE2 para obter acesso a s células hospedeiras. A menor propensão para ligação pode se traduzir em menor propensão para infecção ou menor capacidade de a infecção se espalhar em um animal ou entre animais, uma vez estabelecida.

Por causa do potencial de os animais contrairem o novo coronava­rus de humanos, e vice-versa, instituições como o Zoola³gico Nacional e o Zoola³gico de San Diego, que contribua­ram com material gena´mico para o estudo, fortaleceram programas para proteger animais e humanos.

"Doena§as zoona³ticas e como prevenir a transmissão de humano para animal não éum novo desafio para os zoola³gicos e profissionais de cuidados com os animais", disse o coautor Klaus-Peter Koepfli, pesquisador saªnior da Smithsonian-Mason School of Conservation e ex-bia³logo conservacionista do Smithsonian Centro de Sobrevivaªncia de Espanãcies do Conservation Biology Institute e Center for Conservation Genomics. "Esta nova informação nos permite concentrar nossos esforços e planejar adequadamente para manter os animais e os humanos seguros."

Os autores recomendam cautela contra a interpretação exagerada dos riscos animais previstos com base nos resultados computacionais, observando que os riscos reais são podem ser confirmados com dados experimentais adicionais. A lista de animais pode ser encontrada aqui.

A pesquisa mostrou que o ancestral imediato do SARS-CoV-2 provavelmente se originou em uma espanãcie de morcego. Descobriu-se que os morcegos apresentam risco muito baixo de contrair o novo coronava­rus por meio de seu receptor ACE2, o que éconsistente com dados experimentais reais.

Ainda não se sabe se os morcegos transmitiram diretamente o novo coronava­rus aos humanos ou se ele passou por um hospedeiro intermediário, mas o estudo apoia a ideia de que um ou mais hospedeiros intermediários estavam envolvidos. Os dados permitem aos pesquisadores determinar quais espanãcies podem ter servido como hospedeiros intermediários na natureza, auxiliando nos esforços para controlar um futuro surto de infecção de SARS-CoV-2 em populações humanas e animais.

 

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