Saúde

Como a pesquisa de dinossauros pode ajudar na medicina
Pesquisadores da Universidade de Bonn: atémesmo o Tyrannosaurus rex pode ter sofrido uma hanãrnia de disco
Por Bonn - 27/08/2020


Reprodução

Os discos intervertebrais conectam as vanãrtebras e da£o a  coluna vertebral sua mobilidade. O disco consiste em um anel fibroso cartilaginoso e um núcleo gelatinoso como tampa£o. Sempre se presumiu que apenas humanos e outros mama­feros possuem discos. Um equa­voco, como uma equipe de pesquisa sob a liderana§a da Universidade de Bonn descobriu agora: atémesmo o Tyrannosaurus rex poderia ter sofrido uma hanãrnia de disco. Os resultados já foram publicados na revista "Scientific Reports".

As cobras atuais e outros ranãpteis não tem discos intervertebrais; em vez disso, suas vanãrtebras são conectadas com as chamadas articulações esfanãricas. Aqui, asuperfÍcie da extremidade em forma de bola de uma vanãrtebra se encaixa em uma depressão em forma de copo da vanãrtebra adjacente, semelhante a uma articulação do quadril humano. No meio, hácartilagem e la­quido sinovial para manter a articulação ma³vel. Essa construção evoluciona¡ria éboa para os ranãpteis de hoje, porque evita que o temido disco escorregado, que écausado por partes do disco que escorregam para o canal medular.

"Achei difa­cil acreditar que ranãpteis antigos não tinham discos intervertebrais", diz a paleontologista Dra. Tanja Wintrich, da Seção de Paleontologia do Instituto de Geociências da Universidade de Bonn. Ela notou que as vanãrtebras da maioria dos dinossauros e antigos ranãpteis marinhos parecem muito semelhantes a s dos humanos - ou seja, eles não tem articulações esfanãricas. Portanto, ela se perguntou se ranãpteis extintos tinham discos intervertebrais, mas os "substitua­ram" por articulações esfanãricas no decorrer da evolução.

Comparação das vanãrtebras de dinossauros com animais ainda vivos hoje

Para tanto, a equipe de pesquisadores liderada por Tanja Wintrich e com a participação da Universidade de Cola´nia e da TU Bergakademie Freiberg, bem como pesquisadores do Canada¡ e da Raºssia examinou um total de 19 dinossauros diferentes, outros ranãpteis extintos e animais ainda vivos hoje. Os pesquisadores conclua­ram que os discos intervertebrais não ocorrem apenas em mama­feros. Para essas investigações, as vanãrtebras ainda em conexão foram analisadas usando vários manãtodos.

Surpreendentemente, o Dr. Wintrich também foi capaz de demonstrar que restos de cartilagem e atémesmo outras partes do disco intervertebral são quase sempre preservados em tais espanãcimes antigos, incluindo ranãpteis marinhos como ictiossauros e dinossauros como o tiranossauro. Ela então traa§ou a evolução dos tecidos moles entre as vanãrtebras ao longo da a¡rvore geneala³gica dos animais terrestres, que há310 milhões de anos se dividiu em linhagem de mama­feros e linha de dinossauros e pa¡ssaros.

Os discos intervertebrais surgiram várias vezes durante a evolução

Nãose sabia atéentão que os discos intervertebrais são uma caracterí­stica muito antiga. As descobertas também mostram que os discos intervertebrais evolua­ram várias vezes durante a evolução em diferentes animais e foram provavelmente substitua­dos por articulações esfanãricas duas vezes nos ranãpteis. "A razãopela qual o disco intervertebral foi substitua­do pode ser que ele émais susceta­vel a danos do que uma articulação esfanãrica", diz o Dr. Wintrich. No entanto, os mama­feros sempre mantiveram os discos intervertebrais, repetindo o padrãofamiliar de que são bastante limitados em sua flexibilidade evolutiva. "Essa percepção também écentral para a compreensão médica dos humanos. O corpo humano não éperfeito e suas doenças refletem nossa longa história evolutiva", acrescenta o paleontologista Prof. Dr. Martin Sander, da Universidade de Bonn.

Em termos de manãtodos de pesquisa, a equipe baseou-se não apenas na paleontologia, mas também na anatomia médica, biologia do desenvolvimento e zoologia. Sob o microsca³pio, ossos de dinossauros cortados com uma serra de pedra e então triturados muito finamente fornecem informações compara¡veis ​​a seções histola³gicas de tecido fixo e incrustado de animais existentes. Isso torna possí­vel transpor os longos períodos de evolução e identificar processos de desenvolvimento. O Prof. Sander comenta: "a‰ realmente incra­vel que a cartilagem da articulação e, aparentemente, atéo pra³prio disco possam sobreviver por centenas de milhões de anos."

O Dr. Wintrich, que agora trabalha no Instituto de Anatomia da Universidade de Bonn, estãosatisfeito com a cooperação entre as áreas que tornou possí­vel esse entendimento interdisciplinar em primeiro lugar: "Descobrimos que mesmo o Tyrannosaurus rex não estava protegido contra escorregaµes discos. " Somente os dinossauros predadores semelhantes aos pa¡ssaros desenvolveram articulações esfanãricas e também articulações em sela, ainda vistas nas aves de hoje. Da mesma forma, essas articulações esfanãricas foram uma vantagem decisiva para a estabilidade da coluna vertebral dos maiores dinossauros, os dinossauros de pescoa§o longo.

Essa ponte entre a paleontologia e a medicina éseminal na Alemanha. O anatomista Prof. Dr. Karl Schilling da Universidade de Bonn, que não esteve envolvido no novo estudo, relata: "Nos Estados Unidos, em contraste, os pesquisadores de dinossauros e bia³logos evolutivos estãofrequentemente envolvidos no treinamento médico, especialmente em anatomia e embriologia. Isso da¡ aos jovens médicos uma perspectiva que estãose tornando cada vez mais importante em um ambiente em rápida mudança. "

Publicação: Tanja Wintrich, Martin Scaal, Christine Ba¶hmer, Rico Schellhorn, Ilja Kogan, Aaron van der Reest & P. ​​Martin Sander: Evidaªncias paleontola³gicas revelam evolução convergente de tipos de articulação intervertebral em amniotas, Scientific Reports, DOI: 10.1038 / s41598-020- 70751-2

 

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