Saúde

Duchenne: conversa cruzada entre o maºsculo e o baa§o
Pesquisadores das Universidades de Maynooth e Bonn descobrem uma nova conexão na distrofia muscular
Por Dieter Swandulla - 01/09/2020


Doma­nio paºblico

A distrofia muscular de Duchenne (DMD) éa doença muscular mais comum em criana§as e étransmitida por herana§a recessiva ligada ao X. A caracterí­stica éuma atrofia muscular progressiva. A doença geralmente resulta em morte antes da terceira década de vida. Pesquisadores das Universidades de Maynooth (Irlanda) e Bonn descobriram uma conexão entre os maºsculos distra³ficos e o sistema linfa¡tico em camundongos com a doença de Duchenne. Os resultados já foram publicados na revista "iScience".

A atrofia muscular na doença de Duchenne écausada pela falta de distrofina, uma protea­na do citoesqueleto. Em vertebrados, a distrofina éencontrada na membrana da fibra muscular e éimportante para a contração muscular. Embora a doença seja causada principalmente por um aºnico gene defeituoso (gene DMD), como uma doença principalmente neuromuscular, ela também tem efeitos relevantes para a saúde complexos e de longo alcance em tecidos não musculares e sistemas orga¢nicos.

Nos últimos anos, os grupos de pesquisa associados ao Prof. Dr. Dieter Swandulla, Instituto de Fisiologia da Universidade de Bonn, e ao Prof. Dr. Kay Ohlendieck, Universidade Nacional da Irlanda, Maynooth, usaram a análise de protea­na por espectrometria de massa (protea´mica) para mostrar que a distrofia muscular de Duchenne causa alterações no respectivo conjunto de protea­nas (proteoma) em vários órgãos, incluindo coração, cérebro, rim e fa­gado, bem como na saliva, soro e urina.

Pesquisa de protea­nas marcadoras especa­ficas de doena§as

"A protea´mica éum manãtodo anala­tico confia¡vel e eficaz para identificar protea­nas marcadoras especa­ficas de doenças que fornecem informações sobre o curso da doena§a, possa­veis alvos terapaªuticos e a eficácia das intervenções terapaªuticas", diz o autor saªnior, Prof. Swandulla.

No estudo atual, os pesquisadores usaram a protea´mica em camundongos que sofrem de distrofia muscular de Duchenne para modelar como os maºsculos esquelanãticos e o baa§o influenciam um ao outro em vista da deficiência de distrofina. O baa§o desempenha um papel fundamental na resposta imunola³gica e estãolocalizado na cavidade abdominal perto do esta´mago. Ele garante a proliferação de linfa³citos, que são células brancas do sangue, e também armazena células imunes do tipo mona³cito e descarta as células vermelhas do sangue gastas.

Os pesquisadores usaram os ratos Duchenne para decodificar pela primeira vez o conjunto de protea­nas (proteoma) do baa§o em comparação com animais de controle sauda¡veis ​​e criaram um arquivo abrangente de protea­nas para este a³rga£o. "Os ratos com a doença de Duchenne mostraram inaºmerasmudanças na assinatura protea´mica do baa§o em comparação com os controles", disse o Prof. Kay Ohlendieck da Universidade Nacional da Irlanda, Maynooth.

Além disso, os pesquisadores descobriram pela primeira vez uma forma mais curta de distrofina (DP71), que ésintetizada como uma protea­na no baa§o. "Esta variante da distrofina aparentemente não éafetada pela doença porque ocorre inalterada em camundongos Duchenne", disse Swandulla. O "crosstalk" éexpresso especialmente pelo fato de que um grande número de protea­nas no baa§o são drasticamente reduzidas devido a  perda da forma longa da distrofina. "Isso inclui protea­nas que estãoenvolvidas no transporte e metabolismo de lipa­dios e na resposta imune e processos inflamata³rios."

Efeitos secunda¡rios no sistema linfa¡tico

Além disso, o estudo fornece evidaªncias de que a perda da forma longa da distrofina, observada na distrofia muscular de Duchenne no maºsculo esquelanãtico, aparentemente causa efeitos secunda¡rios no sistema linfa¡tico. "a‰ um verdadeiro 'crosstalk' entre os maºsculos esquelanãticos e o sistema linfa¡tico", diz o autor principal, Dr. Paul Dowling, da Maynooth University.

O termo "crosstalk" éusado, por exemplo, quando háuma sobreposição perturbadora de outra conversa no telefone que pode ser ouvida em segundo plano. No caso especa­fico da distrofia muscular de Duchenne, o "crosstalk" foi particularmente expresso pelo fato de que a forma curta da distrofina ainda era produzida normalmente no baa§o, mas haviamudanças disruptivas da assinatura protea´mica nas outras espanãcies de protea­nas.

Os pesquisadores apontam que os resultados do estudo sugerem que os mecanismos dos processos inflamata³rios que ocorrem no curso da distrofia muscular de Duchenne merecem atenção especial. Isso ocorre porque esses mecanismos inflamata³rios são uma caracterí­stica importante da degeneração das fibras musculares e contribuem significativamente para a progressão da doena§a. "As interações especa­ficas da deficiência de distrofina com o sistema imunológico podem, portanto, abrir novas abordagens terapaªuticas", diz o Prof. Swandulla.

 

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