Saúde

Equipe de cientistas liderada pela UCLA descobre por que precisamos dormir
No ini­cio da vida, o sono ajuda a construir a infraestrutura do cérebro, mas então assume um papel de organizaa§a£o totalmente novo
Por Stuart Wolpert - 19/09/2020


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“Fiquei chocado com a grande mudança que ocorreu em um curto período de tempo”, disse o pesquisador Van Savage sobre o papel mutante do sono no cérebro. “a‰ uma transição ana¡loga a quando a águacongela em gelo.”

A privação de sono prolongada pode levar a graves problemas de saúde em humanos e outros animais. Mas por que o sono étão vital para nossa saúde? Uma equipe de cientistas liderada pela UCLA fez um grande avanço na resposta a essa pergunta e mostrou pela primeira vez que uma mudança drama¡tica no propa³sito do sono ocorre por volta dos 2 anos e meio de idade.

Antes dessa idade, o cérebro cresce muito rapidamente. Durante o sono REM, quando ocorrem sonhos va­vidos, o cérebro jovem estãoocupado construindo e fortalecendo sinapses - as estruturas que conectam os neura´nios uns aos outros e permitem que eles se comuniquem.

"Nãoacorde os bebaªs durante o sono REM - um trabalho importante estãosendo feito em seus cérebros enquanto eles dormem", disse a autora saªnior do estudo Gina Poe, professora de biologia integrativa e fisiologia da UCLA que conduz pesquisas sobre o sono hámais de 30 anos.

Depois de 2 anos e meio, no entanto, o objetivo principal do sono muda da construção do cérebro para a manutenção e reparo do cérebro, um papel que ele mantanãm pelo resto de nossas vidas, os cientistas relatam em 18 de setembro na revista Science Advances. Essa transição, dizem os pesquisadores, corresponde amudanças no desenvolvimento do cérebro.

Todos os animais experimentam naturalmente uma certa quantidade de dano neurola³gico durante as horas de viga­lia, e os resíduos resultantes, incluindo genes e protea­nas danificados dentro dos neura´nios, podem se acumular e causar doenças cerebrais. O sono ajuda a reparar esses danos e limpar os detritos - essencialmente organizando o cérebro e levando o lixo para fora que pode levar a doenças graves.

Quase todo esse reparo cerebral ocorre durante o sono, de acordo com o autor saªnior Van Savage, professor de ecologia e biologia evolutiva e de medicina computacional da UCLA, e seus colegas.

“Fiquei chocado com a grande mudança que ocorreu em um curto período de tempo, e que essa mudança ocorre quando somos tão jovens”, disse Savage. “a‰ uma transição ana¡loga a quando a águacongela em gelo.”

A equipe de pesquisa, que inclua­a cientistas com experiência em neurociaªncia, biologia, estata­stica e física, conduziu a análise estata­stica mais abrangente do sono atéhoje, usando dados de mais de 60 estudos do sono envolvendo humanos e outros mama­feros. Eles examinaram dados sobre o sono durante o desenvolvimento - incluindo tempo total de sono, tempo de sono REM, tamanho do cérebro e tamanho do corpo - e construa­ram e testaram um modelo matema¡tico para explicar como o sono muda com o cérebro e o tamanho do corpo.

Os dados foram notavelmente consistentes: todas as espanãcies experimentaram um decla­nio drama¡tico no sono REM quando atingiram o equivalente de desenvolvimento humano de cerca de 2 anos e meio de idade. A fração de tempo gasto no sono REM antes e depois desse ponto foi aproximadamente a mesma, independentemente de os pesquisadores estudarem coelhos, ratos, porcos ou humanos.

O sono REM diminui com o aumento do tamanho do cérebro ao longo do desenvolvimento, descobriram os cientistas. Enquanto os recanãm-nascidos passam cerca de 50% do seu tempo de sono no sono REM, esse número cai para cerca de 25% aos 10 anos de idade e continua a diminuir com a idade. Adultos com mais de 50 anos passam aproximadamente 15% do tempo dormindo em REM. A queda significativa no sono REM por volta de 2 anos e meio acontece exatamente quando ocorre a grande mudança na função do sono, disse Poe.

“O sono étão importante quanto a comida”, disse Poe. “E émilagroso quanto bem o sono atende a s necessidades de nosso sistema nervoso. De a¡guas-vivas a pa¡ssaros e baleias, todos dormem. Enquanto dormimos, nossos cérebros não descansam. ”

A falta de sono crônica provavelmente contribui para problemas de saúde de longo prazo, como demaªncia e outros distúrbios cognitivos, diabetes e obesidade, para citar alguns, disse Poe. Quando vocêcomea§ar a se sentir cansada, ela disse, não lute contra isso - va¡ para a cama.

“Eu lutei contra o sono e passei a noite toda quando estava na faculdade, e agora acho que foi um erro”, disse Savage. “Eu teria ficado melhor com uma boa noite de sono. Agora, quando me sinto cansada, não tenho nenhuma culpa por dormir. ”

Para a maioria dos adultos, um sono regular de sete horas e meia por noite énormal - e o tempo que fica acordado não conta, diz Poe. Enquanto as criana§as precisam de mais sono, os bebaªs precisam de muito mais, quase o dobro dos adultos. A grande porcentagem de sono REM em bebaªs contrasta fortemente com a quantidade de sono REM observada em mama­feros adultos em uma enorme variedade de tamanhos de cérebro e corpo. Os humanos adultos tem cinco ciclos REM durante uma noite inteira de sono e podem ter alguns sonhos em cada ciclo.

Uma boa noite de sono éum excelente remanãdio, diz Poe. E égra¡tis.

Os coautores do estudo são Junyu Cao, que conduziu pesquisas no laboratório de Savage e agora éprofessor assistente na Universidade do Texas em Austin; Alexander Herman, professor assistente de psiquiatria da Universidade de Minnesota, Cidades Gaªmeas; e Geoffrey West, um fa­sico que éo Distinguished Professor Shannan no Santa Fe Institute.

As fontes de financiamento incluem a National Science Foundation e o Eugene and Clare Thaw Charitable Trust.

 

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